Tenho que confessar o quanto está difícil falar sobre o Flamengo, depois que a mesmice instalou-se na Gávea, tomando como seu quartel-general o comando do futebol. A falta de criatividade do nosso time, amarrado em um esquema que não existe na cabeça do treinador, e sim uma escalação que inicia o jogo com alguns eleitos por ele como insubstituíveis, age como uma lavagem cerebral, e emocional, no mais vibrante torcedor. O Flamengo em campo, é hoje um disco arranhado, um mantra tático repetido um milhão de vezes pelo técnico com o intuito de convencer o Universo rubro-negro de que é o caminho iluminado para a conquista da eternidade. Para torcer pelo time do Flamengo, hoje, é necessário ser paciente sem estar em um leito de hospital. Já ouvi, e percebo o quanto pode ser verdade, torcedor rubro-negro dizer que espera que o adversário marque logo um gol para que, finalmente, o grande guru do pôjeto universal desperte do seu êxtase de vaidade suprema e faça as alterações suplicadas, quase em forma de oração, pela multidão que segue o Flamengo, e não aquele que se diz seu Salvador, para isso prometendo a fundação de um CT como fosse um milagre, e não o destino da nossa grandeza como instituição esportiva e social.De um jogo para outro, repete-se a teimosia. As peças podem ser trocadas, mas não o corpo inerte do nosso time que não possui losangos geniais, nem triangulações mortais confeccionadas nos treinos. Nossa geometria estratégica restringe-se a um círculo catatônico que tem o efeito de um arame liso, que cerca, cerca, mas não machuca ninguém que ouse nos enfrentar. Não machuca, porque não ataca. Não ataca, porque não tem atacantes suficientes para a empreitada.
Ouso afirmar, que repetindo o mesmo esquema falido, jogo após jogo, exceção à tolice de escalar três zagueiros, mas com alterações pontuais em algumas posições, Luxemburgo queira dizer que o esquema é bom, o que o faz azedar são os jogadores. Troca Deivid pelo Jael, mas continua o isolamento, na frente, daquele que entra. As laterais do campo adversário devem ter causado algum trauma no nosso técnico ex-lateral, cofre bancário do Capacete, que não deve treinar, nem convencer o Renato Abreu a executar qualquer jogada por aquele setor ofensivo pelo lado esquerdo. O Leonardo Moura arrebitou a bundinha nos últimos jogos e parece mais animadinho. Daqui a pouco, completa o seu ciclo e volta a passear com a sua bandeja pelo gramado, servindo os contra-ataques adversários.
O gol que deu-nos a vitória contra o América-MG foi uma investida do Diego Maurício na diagonal, visando o gol, acuando o adversário perto da sua área, o que incomoda qualquer sistema defensivo. Quando Tiago Neves concluiu para dentro da meta, a defesa dos mineiros já estava toda desbaratada pela nossa investida. Um papel que os pontas de outrora desempenhavam muito bem, que era agulhar o sistema defensivo do oponente, até que o vudu estivesse concluído, e os defensores enfeitiçados pelos dribles dos pontinhas brilhantes que alegravam os campos de futebol.
Tenhamos fé, porque não Gustavo? Enfim, tenhamos fé que a ousadia do jovem Diego, estocando o outro time, em uma bela jogada de ataque, consiga fazer o nosso treinador desempacar das suas radicais convicções e escale um time que parta em busca da vitória desde o primeiro minuto, mostrando prazer e alegria na singela busca da conquista do triunfo. Porque é este o sentimento que forja o espírito de grandes desportistas. SRN!