terça-feira, 27 de setembro de 2011

Vamos que vamos!

Tenho que confessar o quanto está difícil falar sobre o Flamengo, depois que a mesmice instalou-se na Gávea, tomando como seu quartel-general o comando do futebol. A falta de criatividade do nosso time, amarrado em um esquema que não existe na cabeça do treinador, e sim uma escalação que inicia o jogo com alguns eleitos por ele como insubstituíveis, age como uma lavagem cerebral, e emocional, no mais vibrante torcedor. O Flamengo em campo, é hoje um disco arranhado, um mantra tático repetido um milhão de vezes pelo técnico com o intuito de convencer o Universo rubro-negro de que é o caminho iluminado para a conquista da eternidade. Para torcer pelo time do Flamengo, hoje, é necessário ser paciente sem estar em um leito de hospital. Já ouvi, e percebo o quanto pode ser verdade, torcedor rubro-negro dizer que espera que o adversário marque logo um gol para que, finalmente, o grande guru do pôjeto universal desperte do seu êxtase de vaidade suprema e faça as alterações suplicadas, quase em forma de oração, pela multidão que segue o Flamengo, e não aquele que se diz seu Salvador, para isso prometendo a fundação de um CT como fosse um milagre, e não o destino da nossa grandeza como instituição esportiva e social.
O Flamengo é escalado e destreinado, porém enquadrado, por uma grife de técnico que já foi vitorioso enquanto trabalhava em campo, não agora quando se exibe em uma vitrine, estampada no manto sagrado em nossos jogadores que mais parecem manequins estáticos sem movimentos pelo campo, que possam distrair o adversário para golpeá-lo. Não há sensualidade nenhuma na nossa equipe que possa excitar, ou despertar qualquer interesse de muitos da grande massa flamenguista que não venderam a sua paixão, e ainda torcem com toda autenticidade pela virada do jogo, pela novidade ou fantasia, que nos dê tesão e esperanças de recuperar o lugar desperdiçado no topo. Na agulha da Libertadores, que seja!
De um jogo para outro, repete-se a teimosia. As peças podem ser trocadas, mas não o corpo inerte do nosso time que não possui losangos geniais, nem triangulações mortais confeccionadas nos treinos. Nossa geometria estratégica restringe-se a um círculo catatônico que tem o efeito de um arame liso, que cerca, cerca, mas não machuca ninguém que ouse nos enfrentar. Não machuca, porque não ataca. Não ataca, porque não tem atacantes suficientes para a empreitada.
Ouso afirmar, que repetindo o mesmo esquema falido, jogo após jogo, exceção à tolice de escalar três zagueiros, mas com alterações pontuais em algumas posições, Luxemburgo queira dizer que o esquema é bom, o que o faz azedar são os jogadores. Troca Deivid pelo Jael, mas continua o isolamento, na frente, daquele que entra. As laterais do campo adversário devem ter causado algum trauma no nosso técnico ex-lateral, cofre bancário do Capacete, que não deve treinar, nem convencer o Renato Abreu a executar qualquer jogada por aquele setor ofensivo pelo lado esquerdo. O Leonardo Moura arrebitou a bundinha nos últimos jogos e parece mais animadinho. Daqui a pouco, completa o seu ciclo e volta a passear com a sua bandeja pelo gramado, servindo os contra-ataques adversários.
O gol que deu-nos a vitória contra o América-MG foi uma investida do Diego Maurício na diagonal, visando o gol, acuando o adversário perto da sua área, o que incomoda qualquer sistema defensivo. Quando Tiago Neves concluiu para dentro da meta, a defesa dos mineiros já estava toda desbaratada pela nossa investida. Um papel que os pontas de outrora desempenhavam muito bem, que era agulhar o sistema defensivo do oponente, até que o vudu estivesse concluído, e os defensores enfeitiçados pelos dribles dos pontinhas brilhantes que alegravam os campos de futebol.
Tenhamos fé, porque não Gustavo? Enfim, tenhamos fé que a ousadia do jovem Diego, estocando o outro time, em uma bela jogada de ataque, consiga fazer o nosso treinador desempacar das suas radicais convicções e escale um time que parta em busca da vitória desde o primeiro minuto, mostrando prazer e alegria na singela busca da conquista do triunfo. Porque é este o sentimento que forja o espírito de grandes desportistas. SRN!