sexta-feira, 13 de maio de 2011

Derrota de Pirro

Existe uma expressão muito usada em vários textos, que se refere à Vitória de Pirro, e que lembra uma vitória de um rei guerreiro e conquistador, que lutou contra os Romanos, e que ao ser cumprimentado pela sua vitória, em 279 AC, pensou na enorme perda de soldados ocorrida e disse que mais uma vitória dessas e ele estaria sem soldados. Ou seja, Vitória de Pirro é aquela em que apesar da vitória, a sensação é de derrota. Lembrei disso ao me lembrar do jogo desta quarta feira, que fechou a nossa participação na Copa do Brasil de 2011.

Na verdade, perdemos. Não quero aqui me igualar ao eternos chorões do arco íris, colocando a culpa na trave, ou no juiz. Se tivéssemos feito um golzinho a mais, no primeiro ou no segundo jogo, a história seria diferente. Mas não tivemos competência para fazer este golzinho, embora namorássemos a trave, tentássemos de bicicleta, e tivéssemos os melhores 30 minutos do ano. Assim, não vou aqui buscar fatores externos. Como disse um dos nossos frequentadores do Buteco, perdemos esta vaga no Rio, portanto, não tem nada a ver com os erros da arbitragem. Nem justifica a insanidade cometida por alguns twitteiros que escreveram ofensas contra os nordestinos, esta linda região tão povoada de rubro-negros, de igual direito e força dos flamenguistas do mundo inteiro.

Mas, passada a ressaca do início da manhã de quinta, lembrando do jogo, me veio um certo otimismo. O fato é que o R10 jogou muito, a meu ver. Deu piques, errou muito menos, conseguiu um passe mágico para o primeiro gol, ou seja, mostrou que o noticiário da semana inteira, que já o descreviam como “acabado”, era indevido e exagerado. Claro, ele não vai ser o Ronaldinho de 8 anos atrás. Mas ainda tem um bom caldo para dar. Quem viver, verá.

Além disso, o Thiago Neves a cada dia melhora sua participação no time, se tornando um goleador e um jogador nitidamente acima da média dos jogadores em atividade no Brasil nessa posição. O Bottineli, apesar de saber que esta opinião não é unânime, a meu ver, ganhou de vez a posição no meio campo rubro-negro. Tivesse ele ficado em campo e o resultado seria outro. O Willians, a quem tanto criticamos aqui, parece ter tomado uma poção mágica que calibrou sua pontaria nos passes. Agora, além de um ladrão de bolas inigualável, ele acerta os passes e as vezes faz lançamentos perfeitos. Parece até que quem atrapalhava ele era o Maldonado... O Léo Moura, mais uma vez, provou que a lateral direita do Flamengo tem dono (e não tem reserva). Continuo acreditando que a saída dele foi por cansaço, por ter vindo de 15 dias parado. Afinal, ele ia bem na partida. O Negueba, ao entrar, deu um novo gás ao nosso time, driblando, partindo para cima e entortando os adversários. O único problema do Negueba, The Style Man, é saber quem sai para ele entrar.

Já tinha um bom tempo que não víamos o Flamengo jogar assim. Houve partidas em que merecemos perder e ganhamos. Nesta quarta, não merecíamos empatar. Por isso, brinco com a história chamando esse jogo de “Derrota de Pirro”. Perdemos, mas vimos um futebol muito melhor do que vínhamos vendo. Perdemos, mas o time apresentou uma raça digna de nossos melhores dias. Perdemos, mas ganhamos esperança.

Por outro lado, por mais repetitivo que possa ser, algumas conclusões são evidentes. Definitivamente, não dá para contar com Alvim ou Egidio. O Egídio até tem alguma habilidade, mas não é suficiente para garantir a titularidade em um clube como o Flamengo. O Alvim precisa jogar com 10 jogadores fora de série para que suas deficiências não apareçam. A zaga precisa de alguém, muito, mas muito competente mesmo. Gostei da contratação desse Gustavo, mas ainda não estou convencido que ele é o novo xerife que tanto precisamos. O tempo dirá.

Por fim, confesso que gosto muito do Who. Concordo que ele tem deficiências técnicas, mas corre o tempo todo, para ele não tem bola perdida, comemora seus gols como uma alegria que “passa” para a torcida, enfim, esse eu queria no meu time sim. Não sei se como titular, mas ele merece estar no elenco. Mas não podemos ficar só com ele e Diego-Nunca Entra-Maurício. Por mais que eu goste do Diego e o imagine como titular, simplesmente não dá para avaliar como está um jogador que só entra nos finais dos jogos, completamente fora de sintonia.

Como diria o sambista, a hora é de levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima.

SRN !