domingo, 26 de dezembro de 2010

He Works In Mysterious Ways


Bom dia Buteco! Um bom domingo a todos! Depois de um Natal chuvoso em Brasília, encontrei inspiração para escrever algumas linhas nesse domingo também chuvoso numa matéria do jornal Folha de S. Paulo, que publicou hoje o seu ranking anual de clubes brasileiros. Desde que foi criado, em 1996, três times sempre estiveram na ponta - São Paulo, Flamengo e Palmeiras. Bom, o que nos interessa é que, nesse ano, houve uma mudança. Adivinhem qual? A Folha passou a considerar o Flamengo campeão brasileiro de 1987. Eu, leitor do jornal há quase duas décadas, soltei uma enorme gargalhada. A justificativa foi o aprimoramento do aspecto técnico. Leiam: "Também levando em conta o critério técnico, o ranking passa a contar o título do Flamengo de 1987. E isso sem desconsiderar o Sport como campeão. O aspecto oficial e o técnico serão levados em conta. Importante salientar que a Folha sempre noticiou a decisão da CPF e a decisão judicial que garantem o a taça ao Sport e que não cabe ao jornal oficializar ou não títulos esportivos. O intuito da lista é outro: espelhar o histórico técnico entre os times."


Deu pra entender? Antes, o ranking não espelhava o histórico técnico; implicitamente o próprio jornal confessa o fato; contudo, agora pretende reparar o equívoco. Demoraram bastante para perceber o óbvio, é bem verdade, mas o mais importante é que "caiu a ficha", o que só posso atribuir à grotesca situação criada pela recente decisão da CBF de atribuir a torneios de importância mediana o peso de campeonatos brasileiros - até um jornal historicamente antipático ao futebol carioca, e ao Flamengo, como é a Folha de S. Paulo (minha opinião), não teve como deixar de reconhecer a esdrúxula situação criada em relação à Copa União e então viu-se forçado a reconhecer o título do Flamengo, algo que teimosamente relutava fazer.


Ainda fortemente influenciado pelo espírito natalino, não posso deixar de observar que as atitudes tomadas com base em sentimentos baixos como ira ou vindita acabam por, ainda que indiretamente, abrir espaço para a justiça (a divina) encontrar o seu caminho. Daí o título da coluna.


Em termos práticos, creio que o episódio mostra que ainda há espaço, sim, para que o Flamengo tenha o que é legitimamente seu devidamente reconhecido, o que para mim levaria três etapas. Creio que um movimento popular, de sua autêntica torcida, deveria ser o primeiro passo para forçar o movimento político, segundo deles, levando o Clube dos Treze defender a decisão tomada em 1987 (sob pena de retirada voluntária do Flamengo dos quadros da entidade) e, o terceiro, político/jurídico: se é verdade que, no campo judicial, nada há a ser conquistado, a CBF pode, sim, por ato administrativo, reconhecer validade ao título do Flamengo e equipará-lo ao de campeão brasileiro - a entidade está forçada judicialmente a reconhecer o Sport como campeão brasileiro e não de atribuir o Flamengo a mesma condição.


Bom dia e SRN a todos.