quarta-feira, 9 de junho de 2010

O Flamengo insiste no erro!

Desde os áureos tempos da afinada orquestra Rubro-Negra, que transformava uma martelada num prego em bela música, um astuto recurso dos dirigentes do Flamengo, usado sempre nos momentos de grande decepção para iludir os torcedores aborrecidos e incautos, passado de mão em mão como um bastão de corrida de revezamento 4 x 4, dos antigos dirigentes para os seus sucessores até os dias de hoje, e que consiste em anunciar contratações bombásticas após cada resultado negativo do time. Ao final de alguns dias nada acontece e os propagadores da notícia ficam com cara de palhaço apagada na vitória seguinte, e nem se incomodam com isso até o próximo vexame, que como uma onda sempre aparece;

Desta vez, após o fiasco vergonhoso contra o Goiás do intragável Émerson Leão perpretado pelo bando desorganizado, desorientado e dessarumado que o estagiário travestido de técnico do Flamengo, Rogério Lourenço, mandou a campo no sábado passado, a diretoria do clube da Gávea declarou alto e em bom som a intenção de contratar ninguém menos que Ronaldinho Gaúcho e Riquelme, fato para o qual, como torcedor gostaria muito e torço que seja verdadeiro, embora como gato escaldado mantenha as minhas desconfianças tendo em vista aquelas enganações sofridas recorrentemente e citadas acima;

E o Zico, atual executivo do futebol, sabe disso? Ou não foi de sua autoria a determinação de somente divulgar uma transação envolvendo alguma contratação depois de sua respectiva consecução? O que espanta mais ainda é o tempo decorrido entre a ordem e o seu descumprimento na maior cara dura, menos de uma semana após a posse do Galinho no cargo e já chutaram a sua determinação para escanteio, e tome factóide p'ra cima da irritada galera com os destinos do clube no Estadual, na Libertadores e no recém-começado Campeonato Brasileiro, no qual em 21 pontos disputados o aprendiz de treinador ganhou apenas 9, com a petulante cara de pau em afirmar que estava satisfeito com o rendimento dos seus jogadores na última partida perdida bisonhamente dentro de casa. Na realidade, ele pode estar o que quiser, inclusive está técnico do Flamengo sem sequer reunir as mínimas condições para ser treinador dos juniores do time da base. Deve estar também feliz com o forte padrinho que o levou ao cargo. Gente muito boa esse "dindinho", o Flamengo e sua torcida que se lixem e tratem de tomar suco de couve para a gastrite. As vovós dizem que é muito bom para curá-las.

Se o Flamengo não tem o dinheiro suficiente para renovar com o Love, como fazer para contratar craques de renome mundial? É uma boa pergunta a ser feita aos aloprados pós-derrota para o Goiás. Supondo que haja a tal "engenharia financeira" para viabilizar o negócio em benefício da nação, mais uma vez Zico tem razão. Qualquer Zé das Couves, dono de armazém de fundo de quintal, sabe que uma transação só deve ter a publicidade que merece e anunciada aos quatro ventos quando concluídos os trâmites que a envolvem, para não incentivar o leilão do objeto em questão e a inevitável ridicularização da instituição, caso a negociação não seja devidamente concluída, o que não raro acontece, levando o Flamengo a servir de deboches em nível nacional tal como ocorreu diversas vezes nos últimos anos, do técnico Tite ao centro-avante Fernandão, passando por Celso Roth, antes de sua curta passagem no comando do time em 2005.

Trata-se de um cuidado elementar, primário e dos mais básicos a ser adotado em relação ao interesse por um jogador, que é o de se certificar discretamente se o mesmo pode ou tem interessa em vir para o clube. Se não tem vontade por algum motivo, encerra-se o assunto sem a desmoralização que uma esnobação, voluntária ou não, oferece.

Mas o Flamengo insiste no erro, persiste em pagar o velho mico. Ora por pensar em diluir a revolta da torcida tida por eles como uma horda de alienados loucos pelo time de futebol, incapazes de uma mera reflexão, ora por incompetência mesmo daqueles que infelicitam a Gávea há muito tempo e que já poderiam ir embora p'ra casa até com o direito de usar um pijama vermelho e preto doado pelo clube;

Sendo assim, a continuar no mesmo embalo das ondas de fingimento a cada insucesso, só resta concluir que a falsa esperteza ainda abunda enquanto o barco afunda nas mazelas do Campeonato Brasileiro, e que Zico é a última e imprescindível tábua de salvação para combater os cupins que transformam em pó o que restou da credibilidade do centenário Flamengo, muitas vezes recusado até por treinadores e jogadores mambembes justamente pela falta de crédito do verbo não transformado em ação por parte de seus responsáveis. Isso tem que mudar. E já está uns 20 anos atrasado.