segunda-feira, 3 de maio de 2010

Tá perdida, Patricia?


Há cerca de CENTO E CINQUENTA (150) DIAS a vereadora Patricia Amorim elegia-se presidente do Flamengo. Eleita pelos sócios do clube, não necessariamente torcedores do seu time de futebol, ela chegou ao poder apoiada primordialmente pelos membros do esporte amador e por velhas lideranças como os ex-presidentes George Helal, Luis Velloso e Hélio Ferraz, além do empresário e ex-dirigente Léo Rabello e de atores e cantores rubro-negros. 5 meses depois foram renovados os contratos dos ginastas Diego Hypólito, Daniele Hypólito e Jade Barbosa, foram contratados alguns outros ginastas de Seleção Brasileira, judocas medalhistas pan-americanos como o João Schlitter, além de dezenas de nadadores, o mais famoso o campeão olímpico e mundial César Cielo.

Mas e no futebol, qual é o cenário 5 meses depois?

É de se esperar que um candidato a presidência de um clube que tem como seu carro chefe o futebol, tenha um modelo pré-definido de gestão caso seja eleito. Durante toda a sua campanha a candidata eleita falou em profissionalismo, palavra que isoladamente representa muito pouco. A curiosidade era saber de que forma este tal “profissionalismo” seria implementado, qual o modelo de gestão seria seguido nos 3 anos seguintes à eleição.

Imaginei que a vereadora Patricia Amorim ficara com os braços atados devido ao título brasileiro na gestão Marcos Braz mas que, com a demissão em massa do departamento de futebol após o fracasso no campeonato estadual, iria colocar em prática seu plano de ação, o modelo por ela traçado antes de sua eleição. Pura ilusão! Nos últimos dias tenho lido declarações absurdas, inacreditáveis dos dirigentes do grupo político da Patricia. Aliás, faço aqui um aparte para dizer que há muitos anos não leio tanto a palavra "política" no noticiário do Flamengo: é “grupo político” pra lá, “apoio político” e “demissão política” pra cá. Afinal, estamos lidando com o que e com quem?

Enfim, vamos às declarações:

1) “Mas não liguei para nenhum técnico, dirigente. Nem Muricy, Leonardo, ninguém. Chegaram a inventar um parentesco meu com Abel. Só se for do Márcio Braga, que tem o mesmo sobrenome”, afirmou a presidente. “O Isaías é em quem eu confio. A gente se fala direto. Hoje mesmo já falei com ele quatro vezes”.
Patricia Amorim – O Dia online – 02/05/2010

Então quer dizer, Patricia, que 10 dias após a saída do comando do futebol rubro-negro você ainda não conversou com ninguém? Nem com potenciais gestores profissionais, nem com treinadores à altura do Flamengo, enfim, com ninguém? Será que você tem a mínima noção de que hoje é a principal mandatária do time de maior torcida do Brasil? Será que você já percebeu que aquela meia dúzia de sócios que a elegeram não serão capazes de segurá-la caso o futebol do clube continue a bagunça que está? Então quer dizer que o supervisor que até outro dia cuidava de logística de viagens ou do numero de pacotes de papel higiênico a serem comprados para limpar as bundas dos jogadores no Ninho do Urubu agora é responsável por tudo que se refere ao futebol rubro-negro? Será que é ele quem vai avaliar desempenho, contratar e demitir jogadores?

2) “Não houve ainda uma reunião administrativa de passagem do cargo com a presidente. Talvez nesta sexta tomemos conhecimento disso. O entendimento até agora é superficial.”
Hélio Ferraz – Jornal Lance – 30/04/2010 – 1 SEMANA APÓS A SAÍDA DO BRAZ!

A reportagem do Lance falava sobre um suposto pacote de reforços que vinha sendo negociado pelo Marcos Braz. Dele faziam parte nomes como Valdivia, Emerson, Kleber Gladiador, Zé Roberto, Jones Carioca e Anderson Polga. Aqui não se trata de discutir a minha opinião pessoal sobre a qualidade dos tais reforços, nem se eles de fato viriam ou não. Na verdade fiquei chocado ao descobrir que 1 SEMANA APÓS A MUDANÇA NO FUTEBOL o dirigente responsável pela sua transição não havia sequer conversado com o comandante anterior. Segundo o Lance, por isto as negociações estariam indo por água abaixo. Será que o Sr. Helio Ferraz, herdeiro-playboy carioca, dono de vocabulário rebuscado que de nada combina com o futebol, sabe que daqui a 60 dias teremos apenas apenas 2 atacantes no elenco? E que os nomes deles são Denis Marques e Bruno Mezenga?

3) “Cheguei a conversar com o Marcos Braz e começamos a tratar da renovação. Mas com essa mudança na diretoria tudo parou e ninguém falou mais nada comigo”
Toró – Globoesporte.com – 02/05/2010

Não conversaram nem com o Toró, nem com o Maldonado, Petkovic, Ramon… nem das renovações de contrato eles estão cuidando, além de não contratarmos ninguém perigamos no período pós-copa não termos time, não termos elenco. O futebol rubro-negro está à deriva, será tão difícil perceber que é necessário um comando IMEDIATO?

4) “Eu não sei como será feita essa divisão. Ainda não dá para dizer que a venda começará na segunda-feira, porque não sabemos nem se haverá venda ou outro mecanismo.”
Eduardo Vassoura – Globoesporte.com – 01/05/2010

Há 5 dias da partida contra o Corinthians, o genro do Helio Ferraz, um daqueles que agora tornaram-se adjuntos de sei lá o que lá na Gávea, mas que é quem manda na distribuição de ingressos no Flamengo, não sabia o que fazer com os ingressos para o jogo de 4a feira. Ele estava esperando uma decisão da presidente (a) Patricia. Meu Deus, nem isso eles conseguem decidir?

Ainda há tempo, Patricia! Adie qualquer outro assunto por prazo indeterminado, cerque-se de pessoas com experiência no futebol, deixe a política e o “grupo político” de lado por 3 ou 4 dias, desenhe um modelo de gestão para o futebol, escolha os profissionais e decida! Se estiver preparada pra decidir, decida, se não estiver, delegue para quem está. Só sinto informar que esta semana é decisiva, muito menos pelo jogão de 4a feira e muito mais porque se você deixá-la passar o futuro do futebol do Flamengo poderá ser terrível.

Tá perdida, Patricia, quer uma bússola???


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Sobre Flamengo x Corinthians eu falo na 4a feira, afinal até lá saberemos ao certo que time o nosso treinador pretende colocar em campo. Só digo o seguinte, o Flamengo vencedor nunca se encolheu, nunca teve medo, nunca jogou na retranca.

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Finalizo agradecendo a todos os amigos que me parabenizaram na última semana pelo nascimento da minha 1a filha. A Laurinha já nasceu pé-quente e viu lá no hospital, junto com o papai coruja, a vitória contra o Corinthians no jogo de ida da Libertadores. Obrigado de coração à família Buteco.