sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Revista: "Grandes Clubes Brasileiros"
...........Flamengo (Ué,...e tem outro grande?)
Edição Nº-04 de 1971- CR$2,50 - Relíquia








.
.
.
.
.
.
.
.
..
.

................>>..................................REYES
.................A muralha rubro negra

_Na pia batismal me deram o nome de Francisco Santiago Reyes Vilalba. Nasci em Assunção, Paraguai, a 24 de julho de 1942. Tenho 1m 75 e peso 72 quilos. Sou casado com a senhora Olga de Reyes, minha patrícia, com a qual tenho dois filhos: o espanhol Gustavo Adolfo Reyes, nascido em Madrid e que vai fazer quatro anos em julho, e o Mar­co António, brasileiro, nascido no Rio, no bairro de Botafogo e que vai comple­tar dois anos de idade.
_Em que clube começou a sua carrei­ra, Reyes?
_Lá mesmo em Assunção, defendendo um clube pequeno, o Presidente Ayes e, em 1963, fui para o Olímpia e, no ano seguinte, transferi-me ao River Plate, de Buenos Aires. Em 1965, voltei ao Olím­pia, e daí, então, fui para a Espanha, onde permaneci até 1966, tendo o Atlé­tico Madrid se não me falha a memória pago 90 mil dólares pelo meu passe.
_Sempre no meio-de-campo?
_Sempre. Nunca conheci outra posi­ção e, inclusive, desde que comecei a jogar futebol e durante os 6 anos se­guintes sempre fui titular da Seleção do Paraguai e, inclusive, e com muito orgulho, o capitão da equipe.
_Quantos anos jogou no futebol es­panhol, Reyes?
_Fiquei praticamente quase dois anos parado, pois como havia formado tan­tas vezes na Seleção do Paraguai, não pude disputar pelo Atlético Madrid mais do que simples partidas amistosas.
_Quando e como o Flamengo se inte­ressou pelo seu concurso?
_Foi em 1966, creio que no mês de agosto, que joguei duas vezes contra os rubro-negros. E de pronto seus res­ponsáveis se interessaram bastante pelo meu concurso.
_Seu passe custou uma verdadeira fortuna, negócio assim parecido com 120 mil dólares.
_Sinceramente, não sei, nem nunca me interessei em saber ao certo.
_Por quê?
_Porque no futebol espanhol nunca existiram os 15% que revertem a favor do jogador. Se lá também houvesse esse percentual, aí eu teria tomado conhecimento com o máximo interesse de toda a transação. ..
_Quem era o técnico do Flamengo, nessa época?
_Armando Renganeschi, tendo como supervisor Flávio Costa. Em minha pri­meira partida fiz um belo goal, no Maracanã, mas depois, perdi a vez no quadro do clube.



















Bria era o técnico e Reyes conta como saiu:

_Saí porque o Flamengo chegou a ter contratados quatro gringos: Domin­gues, Manicera e mais tarde Doval, além de mim, naturalmente. E somente dois poderiam jogar...
_Quanto tempo permaneceu na reser­va?
_Dois anos, quase.
_Sem uma multa, sem uma advertên­cia, nenhuma punição, sequer, durante todo esse tempo?
_Exatamente. Felizmente sempre pu­de manter um comportamento 100%.
_E a sua ida para o Campo Grande, por empréstimo?
_Eles me quiseram e achei que seria uma excelente oportunidade, porque queria voltar a jogar. Estava sem atuar há muito tempo e precisava movimen-tar-me um pouco.
_Quanto tempo permaneceu no alvi-negro da Zona Rural?
_Três'meses. Fui muito bem tratado e não tenho nenhuma queixa.

YUSTRICH, UM PROFETA

Reyes se empolga quando fala de seu retorno:

_Na volta à Gávea, surgiu a minha grande oportunidade. Yustrich me pro­porcionou a grande chance e fui fe­liz em aproveitá-la. Começou com aque­la inesquecível excursão do misto ao Japão. Joguei lá como zagueiro de área, fui me adaptando e aprovei.
_O técnico do misto foi José Roberto Francalacci, não?
_Exatamente. E o chefe o grande-be-nemérito Hilton Santos, cujo relatório me foi amplamente favorável.
_Antes de viajar você já sabia que iria ser testado como zagueiro de área?
_Já. É por isso tudo que considero Yustrich um verdadeiro profeta. Porque èle fala as coisas antes delas aconte­cerem e acabam acontecendo exata­mente como êle disse. No meu caso, por exemplo, êle cismou que minha po­sição não era a de jogador de meio-de-campo, chegando a garantir que tinha tudo para me converter num grande za­gueiro de área. E, francamente, com o correr do tempo, quando constato que a unanimidade da crônica especializada faz elogios às minhas atuações, lembro-me das suas palavras.
_Você gostaria de permanecer como zagueiro de área até o final de sua car­reira?
_Enquanto depender exclusivamente de mim, sim. Inclusive porque já conto 28 anos e nessa posição poderei jogar mais 4 ou 5 anos. Mas se tiver de re­tornar ao meio-de-campo, talvez não consiga jogar mais de 3 anos.

O FUTURO DOS FILHOS

_Sem desejar chocá-lo, Reyes, admi­te que possa vir a se naturalizar brasi­leiro?
_Olhe, amigo, de tal forma gosto do Brasil e do Rio, dos brasileiros e dos cariocas, especialmente, que já me con­sidero mais um brasileiro e um carioca entre vocês. Eu e minha senhora ado­ramos o Rio e nos sentimos mais dois brasileiros entre vocês. Talvez por isso mesmo nunca pensamos, ainda, em naturalizar-nos.
_Quando o futebol acabar, pretende permanecer radicado ao Rio ou retornar a Assunção?
_Sem que vá nisso qualquer despres­tígio à minha cidade e ao meu país, sou obrigado a reconhecer que a edu­cação, no Brasil, está realmente mere­cendo os maiores elogios. E embora meus filhos ainda sejam muito crianças para um planejamento final de minha parte, somente a extraordinária educa­ção que eles poderão ter neste país já chegaria para fixar-me definitivamente aqui. A educação no Brasil hoje já se pode considerar extraordinária e sonho proporcionar o máximo aos meus filhos, vendo-os formados grandes engenheiros, por exemplo.