Salve, Buteco! Ontem à noite, navegando pelo Twitter enquanto assistia ao Chelsea se classificar para as semifinais da Copa do Mundo de Clubes, deparei-me com um "fio" de József Bozsik (@Jozsef_Bozsik) do qual extraio as seguintes reflexões, para mim muito interessantes:
"Quando, em 2022, Lillo falou que a mundialização da sua metodologia melhorou os piores jogadores e piorou os melhores jogadores, estava completamente correto. Poucos jogadores hoje são distintos, ou seja, fazem coisas muito diferentes dos demais.
A diferença entre o jogador de 100 milhões para o jogador de 10 milhões e o jogador de 1 milhão está se tornando cada vez menor, é consideravelmente inferior do que seria 30 anos atrás.
Os jogadores não são iguais, mas está todo mundo jogando parecido, cada vez mais igual, com poucas diferenças de tipo de técnica e de criatividade. Logo, a diferença é menor do que a sugerido pelo preço (10 vezes mais, 100 vezes mais).
(...)
Infelizmente, o futebol é cada vez menos um esporte de níveis distintos de criatividade, de técnica, e cada vez mais um jogo de estruturas, com jogos sempre muito disputados, independente do nível de investimento; contudo, o fator mental, a coragem, a disposição do espírito, a confiança na fortuna continuam fundamentais.
(...)"
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No dia 1º de junho próximo passado o jogo da minha vida completou 45 anos. Aquele Flamengo x Atlético Mineiro continua a ser, até hoje, o jogo que mais me impactou em toda a minha trajetória como torcedor. Nunes, o herói rubro-negro naquele final de tarde no Maracanã, teve uma primeira passagem fulminante pelo Mais Querido do Brasil.
Contratado ao Monterrey do México em março de 1980, o João Danado marcou 98 gols em 214 jogos, porém alguns deles entraram para a História do Flamengo, como o terceiro daqueles 3x2 contra o Atlético em 1980, os dois contra Liverpool em 1981 e o gol do título contra o Grêmio, no antigo Estádio Olímpico, em 1982.
1982 que foi o ano derradeiro para alguns jogadores naquele time da Geração Zico. Nunes foi um deles. Com apenas 13 gols na temporada, mesmo um deles sendo o do então bicampeonato brasileiro, o Artilheiro das Decisões foi dispensado no final do ano.
Ele ainda retornaria duas vezes para o clube, em 1984 e 1987, fora alguns outros jogos esporádios, mas foi como se não tivesse voltado. O fim de ciclo ocorreu mesmo ao final de 1982, quando, no segundo semestre, o inesquecível esquadrão campeão de tudo e mais um pouco passou em branco, perdendo o Carioca para o Vasco da Gama e sendo eliminado da Libertadores pelo Peñarol.
Bastou um semestre.
Naquela época não tinha contrato de 4 ou 5 anos.
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Nunca foi e nem será fácil identificar o momento certo para encerrar o ciclo de um ídolo em um clube de futebol. Bruno Henrique que o diga. Dado como "morto", neste 2025 já nos deu uma Supercopa do Brasil e uma inesquecível vitória sobre o Chelsea na Copa do Mundo de Clubes.
Neste mundo dos jogadores cada vez mais parecidos, o Mais Querido tem dois singularmente talentosos: Pedro Guilherme e Giorgian de Arrascaeta. No meu conceito, apenas o uruguaio pode ser considerado ídolo, apesar do Queixada, indiscutivelmente, ser um jogador histórico.
Falta a Pedro a gana que sobrava em Nunes e Gabigol e sobra-lhe talento que nenhum dos dois paradigmas jamais sonhou em possuir. A contusão no LCA (ligamento cruzado anterior) foi grave. E já são dois joelhos operados. É preciso tempo para identificar o seu "teto pós-cirurgia". Há males que vêm para bem e a provável inviabilização da cogitada negociação (pelo "escândalo dos prints") servirá para solucionar essas dúvidas, quem sabe neste segundo semestre.
Já Arrascaeta talvez venha fazendo a sua melhor temporada no Mais Querido, a qual apenas 2019 pode ser comparada. A diferença que pesa, até aqui, a favor de 2025 é o protagonismo. Arrasca precisa fazer mais porque há menos protagonistas para dividir consigo a responsabilidade.
Contudo, a aspiração de renovação por 4 anos é exagerada e prematura, sem falar na especulada pretensão salarial de R$ 2,8M mensais. Não é postura de ídolo, convenhamos. O Cannabis Charrua não entrega minutos (ou jogos) suficientes para tanto e tem um teto em nível de desempenho. A tal (falta de) intensidade, como pudemos constar na (dolorosa) derrota para o Bayern de Munique.
À medida em que o tempo passa, são cada vez menos frequentes os jogos nos quais a dupla pode atuar junta. No futebol atual, o da intensidade, todo mundo precisa marcar para o time ser competitivo. A tal pressão sobre a saída e a posse de bola do adversário.
Até onde enxergo, o fim dos seus respectivos ciclos, que certamente não acontecerá esse ano, não precisará ser abreviado se as pretensões salariais fossem mais realistas, assim como as de titularidade absoluta.
O verdadeiro ídolo tem consciência do seu tamanho e do dever de sacrifício pelo clube e sua enorme torcida.
A conferir como se dará o desenrolar dos fatos.
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"Do pó viemos, ao pó voltaremos" (Gênesis, 3:19).
E o Clube de Regatas do Flamengo será eterno (acrescento).
Obrigado mais uma vez, João Danado, pela alegria que proporcionou para aquele garoto de 10 anos de idade.
Tenham um final de semana abençoado.
A palavra, como sempre, está com vocês.
Bom FDS e SRN a tod@s.