Salve, Buteco! O Clube de Regatas do Flamengo é casado com a crise, a ponto da bucólica paisagem do Ninho do Urubu transparecer uma sensação irreal de equilíbrio e serenidade. Talvez a crise seja o nosso estado normal e os momentos de paz ou euforia apenas transitórios, o que, por isso mesmo, explica passarem logo deixando saudades.
Na semana corrente, não se mostrou possível nem mesmo, em um silencioso e reflexivo luto, catar os cacos pela dolorosa derrota por 2x4 para o Bayern de Munique, enquanto os rivais Fluminense e Palmeiras avançam na Copa do Mundo de Clubes para enfrentar adversários mais fracos.
O tempo urge e o diretor técnico do clube, a pessoa profissionalmente responsável por tomar as providências visando reformular e reforçar o elenco, envolveu-se em uma polêmica para lá de desnecessária com um dos jogadores mais prestigiados e queridos pela torcida, ainda que alguns possam ter ressalvas quanto a sua postura (inclusive é o meu caso).
Meu maior receio da crise Boto x Pedro reside nos reflexos que pode causar na administração do elenco. Temo que o Cetáceo possa perder o respeito dos jogadores. Será que tem jeito de contornar essa crise?
Esta é a providência mais urgente que o presidente Bap precisa tomar. Em seguida, sem delongas, cuidar da janela que está por abrir. É óbvio e notório que existem negociações em curso, as quais podem perfeitamente anteceder a abertura do período de registros. Ocorre que um diretor técnico moribundo pode ter dificuldades para trabalhar e o Flamengo não tem tempo para se ocupar de crises absolutamente desnecessárias.
A saída de Gérson cria um problema sério no meio de campo. No time titular, aquele que joga nos maiores jogos quando todo mundo está à disposição do treinador, o ex-Capitão Coringa era um falso ponta direita, mais para meia construtor, tal qual Everton Ribeiro. Ocorre que, na prática, era o segundo volante da equipe, dada a inconstância (para ser ameno) da minutagem de De la Cruz.
Com a chegada de Jorginho, que prefere jogar como primeiro volante, talvez a equação se modificasse, mas com a saída do Coringa, será o veterano ítalo-brasileiro de 33 anos que deverá desempenhar essa função nas previsíveis ausências do uruguaio.
Contudo, é também previsível o necessário controle de minutagem de um jogador com sua idade, o que desperta dúvidas sobre a possibilidade do treinador ter a disposição um meio de campo competitivo em alguns jogos.
Paralelamente à questão da segunda volância, temos a inesperada contusão de Erick Pulgar, que ficará meses afastado até se recuperar. Allan tem minutagem tão limitada quanto De la Cruz, o que não é problema para Evertton Araújo, o qual, todavia, a rigor, sequer minutos deveria ter no Flamengo.
A saída de Gérson, então, ensejaria resposição dupla, como bem analisa André Nunes Rocha, mas não se sabe ao certo o que pensa a respeito o encalacrado dublê de cetáceo e diretor técnico rubro-negro. O calendário e os adversários não terão tolerância com as mazelas do elenco, isso é absolutamente certo.
E tem, claro, a questão do comando do ataque. Com o molenga e manhoso, mas artilheiro camisa 9 sob ataque (fogo amigo), insiders dão conta que o moribundo diretor técnico parece ter entendido que errou na contratação do simpático, porém anódino Juninho "Xereca", o qual, digamos, tem dificuldades para penetrar na meta adversária, a despeito do divertido apelido.
Esse, então, é o resumo do quadro atual, que demanda providências urgentes da nossa Diretoria, que vive a sua primeira genuína crise de credibilidade.
Vamos torcer para que aconteça o melhor.
A palavra está com vocês.
Bom almoço e SRN a tod@s.