quarta-feira, 9 de julho de 2025

Proteção ao Boto

 

Salve, Buteco! O Boto-Rosa (Inia geoffrensis), espécime da fauna aquática brasileira, um dos símbolos da Amazônia, quase chegou à extinção por conta de uma técnica de pesca de um peixe chamado Piracatinga (Calophysus macropterus), a qual utilizava a carne do cetáceo fluvial de maneira extremamente cruel:

A caça ao boto é extremamente cruel. Os animais são presos nas redes e arpoados até a morte. Outro método é ferir o animal com o arpão e amarrá-lo pela cauda a um tronco de árvore, até que o pescador precise utilizá-lo como isca. Nestes casos, os botos podem demorar vários dias para morrer, lutando para se libertar, com fome e extremo sofrimento.

Posteriormente, a carne em decomposição é colocada em caixas de madeira chamadas de curral, atraindo uma grande quantidade de piracatinga. O peixe então é capturado nessas caixas e retirado à mão pelos pescadores.

Para proteger a espécie o Governo Federal, por via do Ministérios do Meio Ambiente e da Pesca, editou a Portaria/MMA nº 318/2014 e a Instrução Normativa MPA/MMA nº 06/2024, estabelecendo uma moratória proibindo a pesca e comercialização da piracatinga no Brasil pelo período de cinco anos.

A moratória foi prorrogada por várias vezes até que, por via da Portaria Interministerial MPA/MMA nº 4, de 30 de junho de 2023, oficializou a proibição permanente da pesca e comercialização da piracatinga, como forma de proteger o boto e outras espécies ameaçadas.

O boto-rosa é espécie protegida de maneira permenante nos rios brasileiros.

***

Já no Rio de Janeiro, o Boto Rubro-Negro não dispõe de proteção legal e está sob intensa perseguição, não de pescadores, mas de setoristas que cobrem o dia-a-dia do Clube de Regatas do Flamengo,  verdadeiro bando de piracatingas ressentidas e esfomeadas por carne de boto português. 

É bem verdade que esse boto não é inocente como os espécimes da fauna fluvial amazônica, pois andou aprontando das suas e falando demais, seja para os microfones, seja nos aplicativos de mensagens instantâneas. 

Então, para ser protegido, esse boto precisa, primeiramente, fechar a boca, mas somente nas prosas com setoristas. É que, no mercado de negociação de atletas, amanhã será dia de abertura da janela de registros, que se fechará somente em setembro. Nesse ambiente, é bom que o Boto Rubro-Negro, do Rio de Janeiro, abra bem a bocarra e tenha um apetite voraz, tornando-se um apex predator em busca de reforços para o Mais Querido do Brasil (e do Mundo).

Nada de ser seletivo com posições. Precisamos de primeiro e segundo volantes, pois é imperioso desovar Allan e Evertton Araújo, incrementando a dieta com reforços tecnicamente qualificados e resistentes a longas sequências de jogos. Outro a ser incluído no processo regeneratório de desova é o espécime da fauna alienígena de nome Juninho Xereca, completamente inadaptado ao meio ambiente do Ninho do Urubu e que, portanto, deve migrar o quanto antes ao seu habitat natural, qual seja, algum lugar no fim do mundo do futebol, bem longe daqui. 

Não há nenhum problema em incluir Cebolinha e Michael na "grande desova", desde que o Boto do Rio de Janeiro se alimente bastante no mercado de transferências e não deixe o Flamengo perder força por inanição.

A Proteção ao Boto do Rio de Janeiro deverá ser proporcional ao seu desempenho nas investidas no mercado de transferências. Se vacilar, tome pesca da piracatinga nele, do jeito mais cruel e doloroso possível.

Abra o olho, senhor José Boto! A Portaria Interministerial de Proteção Rubro-Negra está sob constante e permanente processo de revisão!

***

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.