Foto: Alexandre Vidal |
Salve, Buteco! Reforços... Esse é um assunto que, até fora de janelas de transferência, dá pano para manga, né? Impossível faltar resenha quando esse tema é sugerido a um torcedor, não importa o clube. Já contei algumas vezes a vocês que meu pai, para me estimular durante o processo de alfabetização, mostrava-me as resenhas esportivas de O Globo e nelas o assunto que mais despertava a minha curiosidade e, por vias transversas, a vontade de ler era justamente... reforços! E lá se vai mais de meio século...
Alguns reforços, nesses anos todos, vieram e se foram sem fazer nenhuma diferença; outros vieram sem expectativas e surpreenderam positivamente, enquanto uns tantos outros decepcionaram, após chegarem muito badalados.
Em 1978, o Flamengo trouxe dois jogadores do Cruzeiro: Eli Carlos e Tião. Jogaram pouco, produziram menos ainda e se foram, quase desapercebidos. Quem resolveu foi a base, reforçada por jogadores de qualidade, que chegaram anos antes e corresponderam, tais como Toninho Baiano (troca-troca de 1976) e Paulo César Carpegiani (1977). Naqueles tempos, quem vinha de fora tinha que se sustentar para ficar no clube.
Tinha também os reforços badalados que nunca chegaram e a gente ficava imaginando como teria sido: Johan Cruyff, Roberto Dinamite, Mastrangelo (argentino) e Alzamendi (uruguaio) são apenas alguns exemplos.
Passam-se os anos, as décadas, até virada de século, e a dinâmica segue sendo a mesma. Está no DNA do futebol. Há reforços pelos quais a gente não dá nada, outros que a gente acha bom, mas fica desconfiado, sem saber se darão certo, mas o mais legal é quando surpreendem e entregam muito mais do que o esperado.
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O tempo dos olheiros se foi. Uma pena, pois acho que ainda podem ser úteis. Há pedras preciosas por aí que são difíceis de serem detectadas fora do radar do scouting e da análise de desempenho, ferramentas que, hoje, direcionam o mercado de transferências no futebol profissional, na verdadeira acepção da palavra.
Estava conversando com amigos sobre alguns aspectos que são difíceis de serem detectados, até mesmo por essas ferramentas modernas. Convenhamos, uma coisa é traduzir em números chances de gol criadas, convertidas e desperdiçadas; defesas e interceptações, e rendimento em terços do campo ou do jogo (tempo).
Outra, bem diferente, é motivação, comportamento extracampo, compromisso com os objetivos do clube, capacidade de se relacionar em grupo, etc. Não é que essas informações não sejam armazenadas e trabalhadas, mas ainda falta bastante método.
Chamamos de moderno o futebol, mas a psicologia ainda engatinha no esporte. Uma contradição, na minha opinião. Atletas são jovens, cada vez mais jovens, dada a predisposição física e intensa do jogo tático da atualidade. Em tempos de amplo acesso a informações via tecnologia e redes sociais, os caminhos da perdição agora têm feições também cibernéticas e são cada vez mais numerosos.
Deveriam ser levados mais a sério num esporte tão caro, cada vez mais caro...
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O vazamento da negociação (real, concreta) com Jorge Carrascal e o Dínamo de Moscou teria atrapalhado o seu fechamento e agora ficará somente para a próxima janela (de julho, pós-Mundial). Já disse ontem que o negócio não me empolga e fico pensando se o Flamengo não poderia aproveitar a "oportunidade" trazida pelo vazamento (a quem interessa?) e abrir o leque.
Vejam bem, é unânime o talento do atleta (ninguém afirma o contrário), mas ao mesmo tempo são consistentes os relatos de preguiça e desligamento das partidas. E é fato que não estourou em lugar algum. Uma eterna promessa de 27 anos.
A torcida do Flamengo persegue de maneira inclemente os preguiçosos e desligados do jogo...
Esse é o risco do scouting e da análise de desempenho. Os números devem ser capazes de mostrar o que a tradicional e (sempre) valiosa e necessária observação concreta não mostram. É aonde entram o planejamento tático e as projeções das funções que cada jogador é capaz de desempenhar dentro das quatro linhas.
A gente não pediu a aplicação do Moneyball no futebol e no Flamengo? Chegou a hora de sofrer (risos). Então, se o colombiano vier, vou recolher minhas cornetas e torcer, mas não custa nada pedir ao Cetáceo e a SuperFili que mantenham os olhos abertos para outras oportunidades de mercado.
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Tenham um final de semana abençoado.
A palavra, como sempre, está com vocês.
Bom FDS e SRN a tod@s.