Foto: J. Marinho/Agência O Globo |
Salve, Buteco! Há quase um mês, logo após a eleição para presidente do Flamengo, eu publiquei o post E Começou a Transição! fazendo uma avaliação geral sobre o elenco, na qual externei uma antiga opinião, de que o grupo deve ter muitos jogadores com vocação artilheira para ser bem sucedido. Então, para começar o debate de maneira mais detalhada, seguem alguns números eloquentes:
Artilharia |
|||||
Temporada |
Zico |
Nunes |
Cláudio Adão |
Adilio |
Tita |
1981 |
45 |
49 |
- |
17 |
13 |
Artilharia |
||||||
Temporada |
Gabigol |
Bruno Henrique |
Arrascaeta |
Everton Ribeiro |
Pedro |
Vitinho |
2019 |
43 |
35 |
18 |
6 |
- |
9 *Lesão 21/7 a 21/8 |
Desde logo uma das ideias que tinha sobre artilharia meio que se confirmou. Quem marca mais de 40 gols em uma temporada costuma decidir títulos importantes e marcar a História do Flamengo. Hernane Brocador em 2013 não me deixa mentir (mais adiante apontarei exceções).
À medida em que fui avançando, abriram-se alguns "portais". O maior dele foi o das contusões, a apartir do qual é possível compreender o porquê de ocorrerem grandes variações de desempenho no caso de algus atletas.
Outro critério, bem mais óbvio, é o do calendário, ou seja, quanto tempo cada jogador esteve de fato disponível para o clube. Em ambos os casos, adotei como critério objetivo o corte de 20 dias para registrar o afastamento.
Esmiuçando a evolução das duas gerações mais bem-sucedidas da História do Flamengo, cheguei aos seguintes números:
Artilharia |
|||||
Temporada |
Zico |
Nunes |
Cláudio Adão |
Adilio |
Tita |
1979 |
81 |
|
47 |
12 |
25 |
1980 |
47 |
21 |
- |
13 |
21 |
1981 |
45 |
49 |
- |
17 |
13 |
1982 *Brasileiro final 25/4 |
47 *21 no Brasileiro |
12 *5 no Brasileiro |
- |
8 *3 no Brasileiro |
19 *6 no Brasileiro |
1983 |
20 *Saída Udinese junho/1986 |
|
- |
22 |
- |
Artilharia |
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Ano* |
Gabigol |
Bruno Henrique |
Arrascaeta |
Everton Ribeiro |
Pedro |
Vitinho |
2019 |
43 |
35 |
18 |
6 |
- |
9 *Lesão 21/7 a 21/8 |
2020 *Paralisação Pandemia Covid-19 |
22 *Lesão 30/9 a 4/10 |
17 |
7 *Lesão 10/10 a 9/11 |
9 |
21 |
3 |
2021 *Paralisação Pandemia Covid-19 em 2020 |
45 *Seleção – Eliminatórias Copa América 3/6 a 11/7 |
23 |
13 *Lesão 9/10 a 19/11 |
4 |
20 |
14 |
2022 |
31 |
3 *Lesão 15/6/2022 a 16/4/2023 |
13 |
7 |
29 |
- |
2023 |
21 |
7 *Lesão 15/6/2022 a 16/4/2023 |
11 *Lesão 20/3 a 3/5 *Lesão 27/8 a 22/9 |
3 |
35 |
- |
2024 |
7 |
9 *Lesão 10/5 a 1/6 *Lesão 6/7 a 2/8 |
10 *Lesão 19/8 a 12/9 *Lesão desde 11/11 |
- |
32 *Lesão desde 4/9/2024 |
- |
Artilharia 2020/2021 – Por Temporada |
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Temporada |
Gabigol |
Bruno Henrique |
Arrascaeta |
Everton Ribeiro |
Pedro |
Vitinho |
2020 *Paralisação Pandemia Covid-19 |
29 *Lesão 30/9 a 4/10 |
20 |
11 *Lesão 10/10 a 9/11 |
10 |
19 |
3 |
2021 *Paralisação 2020 Pandemia Covid-19 |
38 *Seleção Eliminatórias Copa América 3/6 a 11/7 |
20 |
9 *Lesão 9/10 a 19/11 |
3 |
21 |
14 |
Artilharia – Outros (2021/2024) |
||||||
Ano* |
Gérson |
Ayrton Lucas |
Léo Pereira |
Michael |
Luiz Araújo |
Cebolinha |
2021 *Paralisação Pandemia Covid-19 em 2020 |
- |
- |
0 |
19 |
- |
- |
2022 |
- |
2 |
2 |
- |
- |
3 |
2023 |
6 |
7 |
4 |
- |
3 |
6 |
2024 |
7 *Doença 15/2 a 14/4 |
5 *Lesão 29/5 a 20/6 |
4 |
4 *Lesão 28/8 a 2/10 |
7 *Lesão 15/9 a 4/12 |
6 *Lesão 20/4 a 10/5 *Lesão 21/6 a 29/7 *Lesão desde 11/8 |
***
A partir desses números, fiz algumas constatações. A primeira delas é o patamar de Arthur Antunes Coimbra, o nosso eterno Zico. Um jogador capaz de marcar mais do que 40 gols por temporada por mais de 5 (cinco) é, desde então e até hoje, por definição (segundo meus critérios), um jogador top em nível mundial. Lembrem-se de que, naquela época, jogar fora do Brasil era exceção e a imprensa europeia reconhecia o Galinho de Quintino como o melhor do mundo:
Cartas para a redação.
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1979, uma das minhas temporadas favoritas do Flamengo, forma, ao lado de 2021, os dois exemplos mais latentes de exceções à minha "regra dos + de 40 gols".
1979 morreu nos 1x4 para o Palmeiras de Telê Santana, no Maracanã. Num dia em que Andrade não pôde jogar, o saudoso Mestre Cláudio Coutinho recuou Carpegiani para a posição de primeiro volante e o que poderia ter sido uma temporada ainda mais histórica para o Mais Querido ficou no plano da realidade alternativa.
Já o 2021 do Flamengo foi simplesmente surreal, a começar pelo maior goleador do time. O Predestinado marcou 45 gols tendo ficado afastado do time por cerca de um mês e meio por conta de convocações (um dos fatores que derrubou Rogério Ceni). Coisa de louco. Desempenho prime, simplesmente avassalador.
Em contrapartida, 2021 também foi, ao meu ver, o último ano de auge de desempenho do nosso marcante ex-centrovante. Em 2022 já houve uma queda sensível, mas 2023 e 2024 marcaram uma completa transformação no atleta - infelizmente para pior.
O mesmo se aplica a Bruno Henrique, que sofreu uma gravíssima lesão em junho/2022, mas já não vinha bem na temporada (apenas 3 gols). Desde 2022 não é mais o mesmo jogador.
2021 foi, ainda, o ano dos "artilheiros coadjuvantes". Os números de Pedro não surpreenderão ninguém, mas os de Michael e Vitinho mostram a importância de ter jogadores com essa vocação no elenco. No caso do nosso Chucky, o Brinquedo Assassino, fica a esperança e a torcida para que repita o desempenho em 2025.
2021 não foi mais vencedor por culpa principalmente do extracampo. O desmanche do Departamento de Futebol, em nível de excelência de pessoal, cobrou a sua fatura. Alguém por acaso não se lembra do preparador físico "crossfiteiro", parça de alguns jogadores?
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Se 2021 já havia sido um desastre, 2024 passou a ser o ano de case study para o Flamengo no quesito lesões e calendário. Com a ressalva de que as informações sobre lesões de atletas na Internet são difusas e, portanto, podem conter imprecisões (posso não ter contado todos os afatamentos, p. ex.), é fácil constatar o absoluto e completo desastre que foi o trabalho da comissão técnica de Adenor Leonardo Bacchi, o Tite, especialmente do próprio treinador e de seu preparador físico, Fábio Mahseredjian.
Com as exceções de Léo Pereira, Gérson e Gabigol, todos os jogadores que marcaram 4 ou mais gols na temporada ficaram afastados por mais de 20 dias por lesões. O caso de Gérson foi uma doença não relacionada com a atuação dentro das 4 linhas, enquanto o problema de Gabigol foi disciplinar (suspensão por doping).
O caso de Everton Cebolinha é o mais gritante. O atleta, que chegou ao Flamengo em julho/2022, não tinha histórico de lesões no clube, e nem de muitas lesões relevantes na carreira (apenas uma no Benfica), e simplesmente ficou afastado por mais de 20 dias por três vezes em 2024. A última delas, a mais séria, acabou por afastá-lo definitivamente da temporada.
Luiz Araújo e Michael são outros dois exemplos de jogadores se histórico de lesões graves e que sofreram graves contusões em 2024, o fatídico das lesões que não queremos mais viver.
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Tenho para mim, com base neste mesmo levantamento (os números são claros), que Gabigol foi desfalque do Flamengo nas últimas duas temporadas (2023/2024). A diferença é que, em 2025, haverá reposição, a qual, sem a menor sombra de dúvida, será a contratação importante da temporada.
José Boto afirmou que há dinheiro suficiente para reforçar o time, mas ao mesmo tempo soltou um "não podemos errar". E não podem mesmo. A gente conhece a torcida. Tolerância zero com fracasso. Há aspectos positivos e negativos nessa postura. O que importa é que as coisas são como são e a torcida do Flamengo é desse jeito. Não mudará.
2025 será o ano das transformações de gestão, mas para alguns, como Arrascaeta e Bruno Henrique, talvez venha a ser a derradeira oportunidade para mostrarem que podem se livrar das lesões e voltar a performar em alto nível com regularidade.
Que tudo comece bem com o título da Supercopa do Brasil, contra o Botafogo.
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A palavra está com vocês.
Uma ótima semana pra gente.
Bom dia e SRN a tod@s.