domingo, 5 de maio de 2024

Sinais Vitais (3)

 

Salve, Buteco! 2023, talvez o ano mais longo da História do Flamengo, está custando a passar. Mais longo porque começou ainda em 2022, com aquela fatídica sequência de lamentáveis atuações do time, no Campeonato Brasileiro, após a conquista das duas taças - Copa do Brasil e Copa Libertadores da América. Então, a gente se apega ao menor sinal de recuperação do Flamengo autêntico, cuja última aparição ocorreu justamente na conquista dos dois títulos (se bem que não nos jogos finais, convenhamos), para acreditar, ter fé de que o fio desvirou. Foi por isso que, em 2023, publiquei colunas com o título Sinais Vitais (Sinais Vitais e Sinais Vitais (2))

Hoje resolvi tentar de novo. Vai que...

De um modo geral, gostei do time no sábado. Gostei mesmo, considerando o que vinha sendo apresentado há um bom tempo, após os Fla-Flus do Campeonato Estadual. Foram esporádicos bons momentos, como as primeiras etapas dos jogos contra São Paulo e Palestino, um sistema defensivo sólido contra o Palmeiras, e só.

Sábado à noite (ontem), foi diferente, pois o Flamengo, visitante, resistiu, criou e deveria ter vencido o jogo. 

O início da partida parecia promissor. Até o lance em que De la Cruz foi derrubado por Luan Cândido e o árbitro Pedro Zanovelli da Silva corretamente o expulsou, podíamos dizer que o Flamengo, com seu 4-2-3-1, estava um pouco melhor em campo, dentro de uma disputa equilibrada. Gérson, pela direita, DLC centralizado e Bruno Henrique pela esquerda, na linha de três atrás de Pedro, estavam começando a se achar dentro de campo.

Contudo, na altura dos vinte minutos de jogo, reapareceu na vida dos rubro-negros a figura sinistra do árbitro gaúcho e VAR-FIFA Daniel Nobre Bins, o mesmo que anulou inexplicavelmente o gol de Gabigol no Mané Garrincha, em 2022 (0x1 Botafogo). O vilão resolveu entrar novamente em ação, marcando uma falta inexistente de De la Cruz em Pedro Henrique.

O time acusou o golpe (literalmente, da arbitragem). O restante do primeiro tempo foi de superioridade da equipe da Terra da Linguiça. Pressionando com muita intensidade pelos lados do campo, manteve o Mais Querido acuado em seu campo de defesa, e as escapadas para o campo adversário começaram a rarear cada vez mais. No desenrolar da pressão, os dois volantes, Allan e Igor Jesus, levaram cartão amarelo. Era possível sentir que o gol deles estava maduro.

E a linguiçada veio.

Escanteio, bola parada, Pedro Henrique, o mesmo do lance da falta inexistente no lance da expulsão (revertida) de Luan Cândido; aquele, do Athletico/PR, da abençoada expulsão em Guayaquil, em 2022; aquele mesmo, subiu entre Léo Ortiz e Léo Pereira e, superando um desatento Igor Jesus, abriu a contagem para o Bragantino.

O lance foi bem descrito pelo Falso 9 (@FalsoNove2) no Twitter:


Flamengo marca bolas paradas em zona.
O jogador mais próximo do cabeceador, que protegia a zona no ponto da cabeçada era o garoto Igor Jesus, que ao meu ver errou ao não reparar o avanço do adversário e tentar dividir espaço para prejudicar o cabeceio.

Ortiz não estava e nem deveria estar ali. Tentou ajudar, como tem que ser. Com bola foi imprescindível pro domínio dos 20 primeiros minutos e especialmente da segunda etapa. É ousado com a bola. Confia no próprio jogo acha passes e inversões fora do mais comum. Uma dessas inversões gerou chance inclusive.

As difíceis decisões que um treinador precisa tomar. Com dois volantes amarelados e a pinta de que o Bragantino ampliaria o placar (lembrando que em 2023 o placar foi de 4x0), Tite sacou o menos experiente, mantendo Allan, e lançou Luiz Araújo para, taticamente, ajudar Wesley, na direita, a suportar a pressão caipira.

E o Flamengo desceu para o intervalo com apenas 0x1 no placar.

As lágrimas do jovem cria da base comoveram, mas tenho convicção de que o episódio o fará crescer. A estrada do amadurecimento para a vida adulta não é totalmente pavimentada e segura. 

E é bom mesmo que não seja. Senão ninguém cria casca.

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O título do post tem a ver com a radical mudança de postura demonstrada pelo time desde os primeiros instantes do segundo tempo. Adenor mudou o jogo no intevalo. Inegavelmente, mérito do nosso treinador. Vejam a descrição do jornalista Fred Gomes (@fredgomes1985) para o GeFla (@ge_fla) dos primeiros minutos da segunda etapa:

A volta do intervalo do Flamengo foi em alta rotação. Luiz Araújo roubou bola como elemento surpresa no círculo central e tabelou com Bruno Henrique, que, no timing certo, obrigou Cleiton a fazer uma grande defesa. No rebote, Gerson cruzou com força excessiva, mas Pedro, que no primeiro tempo já descascara um abacaxi de Ayrton Lucas e para escorar e permitir uma perigosa cabeçada de De la Cruz, atirou-se na bola. Ela subiu, e Bruno Henrique emendou um voleio salvo por Eduardo Santos.

Pedro apareceu de novo aos três minutos. Na intermediária defensiva, após receber de Bruno Henrique, ligou de primeira em De la Cruz, que disparou e acertou no travessão. Flamengo, depois de um fim de primeiro tempo desanimador, recolocava-se no jogo com bastante força ofensiva e com repertório, algo que não havia apresentado nas últimas três partidas.

Sinais vitais de um Flamengo autêntico, vencedor.

O time seguiu melhor mas o mais importante, a meu ver, foi o crescimento ainda maior do volume de jogo com as entradas de Viña no lugar de Ayrton Lucas e, especialmente, de Lorran na de Allan. Com essa formação, e com Gérson de primeiro volante, o time simplesmente amassou o Bragantino até chegar ao gol de empate - De la Cruz, então como "segundo homem" do meio de campo, lançou por cima, magistralmente, Bruno Henrique, o qual, "a la 2019", igualou o placar, dando números finais à partida.

Linguiça lá, linguiça cá.

Antes do jogo terminar, porém, o árbitro VAR-FIFA Daniel Nobre Bins mais uma vez prejudicou o Flamengo, ao não chamar Pedro Zanovelli da Silva para rever o lance de pênalti sobre Luiz Araújo. Mais uma linguiçada do VAR.

Após o jogo, Bruno Spindel e Marcos Braz se pronunciaram corretamente, de maneira contundente, sobre a arbitragem. Todavia, é bom alertar: nenhum efeito será produzido se a postura da Diretoria também não mudar. Não pode ser uma reação episódica.

O Flamengo merece atenção e não distrações com assuntos estranhos aos interesses do clube. Como eleições na política partidária, só para ficar em um exemplo. O clube precisa de representação firme e atuante perante a CBF.

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Amanhã conversaremos sobre os jogos da semana, um pouco mais sobre arbitragem e outros temas.

Bom dominge SRa tod@s.