terça-feira, 4 de outubro de 2022

Lições da Sulamericana


Olá Buteco, bom dia!

Que o Mestre Melo é um gênio das palavras, já é conhecimento geral. Entretanto, outra característica que eu admiro bastante nele é o timing, a capacidade de trazer uma lembrança do passado que casa perfeitamente com o cenário presente.

Pois bem, na última sexta-feira, o Melo nos trouxe uma história sobre a Taça Guanabara de 1984 e terminou com a frase “As taças sempre sorriem para quem mais as merece”. Um dia depois, vimos o Independiente Del Valle dar um banho de bola no São Paulo, conquistando o bicampeonato da Copa Sulamericana, quando as principais forças da imprensa brasileira davam o título paulista como favas contadas.

Nós conhecemos o Club de Alto Rendimento Especializado Independiente Del Valle na decisão da Recopa 2020. Eles venceram a Sulamericana 2019 (eliminando o Corinthians na semifinal) mas, antes disso, já tinham decidido uma Libertadores, em 2016, eliminando River (oitavas) e Boca (semifinal), caindo apenas na final (0-1 Atlético Nacional de Medellín). Neste encontro da Recopa, descobrimos mais sobre o projeto do Del Valle e os meios que os levavam àquele sucesso continental. A bola não entra por acaso.

Esta longa introdução visa fazer um paralelo com a trejetória no nosso adversário da final da Libertadores, o Club Athletico Paranaense. A trajetória do Athletico no cenário nacional começa a ser alterada a partir da década de 90, com a eleição do presidente Mario Celso Petraglia e a implementação de um modelo administrativo que visava otimizar os recursos do clube. Além disso, houve o investimento na construção da Arena da Baixada, um dos melhores estádios do país e que após a ampliação para Copa do Mundo 2014, passou a ser o único estádio do país com teto retrátil.

O sucesso esportivo do Athletico foi imediato à inauguração do seu estádio: a disputa da primeira Libertadores de sua história veio em 2000, após vencer uma seletiva para a última vaga brasileira. No ano seguinte, o primeiro título do Campeonato Brasileiro. Em 2005, a primeira final da Libertadores quando, ironicamente, não puderam usar seu estádio, por não possuir a capacidade mínima para a final. Perderam para um São Paulo que viria ser campeão mundial e tricampeão brasileiro nos anos subsequentes.

Depois disso, o Athletico deu uma caída, chegou a disputar a Série B novamente em 2012, mas conseguiu subir para se manter na elite do futebol brasileiro desde então. Aproveitaram a Copa do Mundo no Brasil para ampliar a Arena da Baixada e colheram novo ciclo de conquistas: campeões da Sulamericana em 2018, Copa do Brasil 2019 e bicampeões da Sulamericana no ano passado.

O projeto elaborado para o Athletico Paranaense visa o Campeonato Mundial, ainda nesta década. Quando divulgado por seu presidente, era tomado como sandice. Nesse ponto, lembro a folclórica entrevista do Delair Dumbrosck, no Bem Amigos, em 2009, quando falava que o Flamengo seria o campeão brasileiro daquele ano e os participantes do debate não conseguiam esconder o riso de deboche.

O Flamengo também tem o seu projeto. Tudo o que vem acontecendo no clube desde a eleição do Presidente Bandeira de Mello nos trouxe ao patamar atual, no qual chegamos como favoritos à terceira decisão da Libertadores em quatro anos.

O que não se pode é achar que o título já está ganho. Do outro lado, há um adversário centrado em um projeto de se incluir entre os gigantes do futebol brasileiro e sulamericano. Da primeira vez em que chegaram à decisão, ainda estavam verdes. Hoje, têm o melhor elenco de sua história. Se o Flamengo acreditar que apenas a força de sua Camisa será suficiente para nos dar o tri, vamos sair de campo como o São Paulo, no último sábado, ainda sem entender o que aconteceu.

As taças sempre sorriem para quem mais as merece.

Saudações RubroNegras!!!