segunda-feira, 4 de julho de 2022

Foco no Tolima

 

Salve, Buteco! No complexo sistema de freios e contrapesos da política interna do Flamengo, o vice-presidente de futebol foi escolhido pelo trânsito no "mundo do futebol" e histórico de conquistas no departamento. A lista de títulos foi encorpada desde 2019, convenhamos. O perfil do VP sempre colidiu com a "ala financeira", como gosto de defini-la. E contratações impactantes e de alto padrão sempre foram um perfil do clube, que, contudo, recentemente (2013 em diante) passou a incorporar a sua identidade a responsabilidade na gestão.

Volta e meia esses valores colidem entre si, mas dentro de um contexto de disputa política, seja pela eleição para a Câmara dos Deputados, em 2022, seja pela sucessão presidencial no clube, em 2024. E essa disputa política às vezes retira o pior das pessoas. As aspirações do VP, que sempre capitalizou politicamente em cima das grandes contratações (em qualidade) e renovações de contrato duvidosas e midiáticas (inclusive por parte dos jogadores), misturaram-se com distrações do elenco nas noites cariocas e a falta de comando. Do outro lado, os "cabeças-de-planilha" cortaram investimentos básicos, como infraestrutura de pessoal no Departamento de Futebol e escolha de treinador e comissão técnica, e avalizaram todas as questionáveis escolhas do VP para esses postos.

O que aconteceu no último semestre, portanto, foi uma espécie de explosão da bomba-relógio armada desde a saída de Jorge Jesus. Quem acompanha o Buteco não pode estar surpreso. E foi nesse cenário que o Mais Querido do Brasil (e do mundo) chegou à última semana de junho, ou seja, no limite da irresponsabilidade de todos os envolvidos, dirigentes, comissão técnica anterior e jogadores. Dorival chegou para tentar nos salvar, pois como diria Nitzche, o Flamengo olhou para o abismo, que o encarou de volta.

As derrotas para o Atlético Mineiro não surpreenderam, dentro desse dantesco cenário. A rigor, a maior surpresa foi termos saído vivos (na Copa do Brasil) do Mineirão, seguida do time ter esboçado uma reação, com a sequência de vitórias sobre América Mineiro, Tolima e Santos. E se a vitória sobre o Tolima não empolgou, pelo futebol apresentado, os 2x1 na Vila Belmiro, especialmente pelos 45 minutos iniciais, podem ser incluídos nos melhores momentos do time na temporada, até o momento.

Como em um passe de mágica (só que não), de ontem para hoje começaram a pipocar notícias de contratações, inclusive a badalada chegada de "King" Arturo Vidal, a ser confirmada possivelmente hoje (fiquem atentos). Malgrado a facilidade com que o clube e a torcida historicamente rumam do fundo do poço da depressão para o "Rumo a Tóquio" (sentido figurado), o recente otimismo até tem suas justificativas. Afinal de contas, as contratações (incluída a de Everton Cebolinha) dão a impressão de que podem igualar ou até, quem sabe, devolver o Flamengo a um patamar um pouco superior ao dos adversários, ainda que sem a distância de 2019.

Por isso mesmo, temos que reconhecer que a reação no Brasileiro e a vitória no jogo de ida das oitavas de final, ainda sem os reforços, inevitavelmente têm o efeito de "luz no fim do túnel" para a torcida. E mais ainda, Dorival Júnior merece elogios pela maneira que gerenciou a crise após as tormentas contra o Atlético Mineiro.

Entretanto, como escrevi no post da semana passada

"O maior perigo mora no jogo de volta, apesar do bom retrospecto do Mais Querido como mandante. Pelo Grupo D, o Tolima empatou na altitude contra o Independiente Del Valle e venceu a dupla mineira em Belo Horizonte, com gols marcados no fim das partidas. Portanto, é um time muito forte fisicamente e com ímpeto de sobra, o qual consegue manter a concentração e a intensidade até os acréscimos finais do árbitro. Os pontas são muito velozes e Dorival precisará orientar bastante os laterais, especialmente Matheuzinho e Rodinei.

O Flamengo é favorito, mas o adversário é perigoso e, considerando a nossa fase de instabilidade ainda não superada, pode surpreender. Todo cuidado é pouco."

Após a derrota na final do "Apertura" do Campeonato Colombiano  para o Atlético Nacional de Medellín, no domingo retrasado, o Tolima só jogou contra o Flamengo, eis que o "Clausura" se iniciará apenas no dia 10 de julho, quando Los Pijaos receberão em casa o Independiente de Medellín.

Como vocês podem observar no perfil do clube no Twitter, nossos adversários só treinaram desde que o Flamengo deixou Ibagué e rumou para São Paulo, capital, e depois Santos.

Os reforços são ótimos e nos trazem esperança, mas o momento é de foco total no Tolima. Como lucidamente disse o meu amigo rubro-negro Mário, em um grupo de WhatsApp, "tomara que restem campeonatos para esses caras jogarem."

Parece que o pior já passou, mas não custa lembrar que não tem nada ganho.

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A palavra está com vocês.

Bom die SRa tod@s.