segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

O Novo Treinador e a Cortina de Fumaça

 

Salve, Buteco! Como diz o nosso amigo TAkumi, sou um fanático pela Libertadores e isso me levou a picos de ansiedade, confundindo o sorteio das fases prévias com o da fase de grupos. Deve ser algo mal resolvido em razão da final de Montevidéu. Como ando, da mesma forma que vocês, pesquisando aqui e acolá a respeito dos perfis dos novos treinadores especulados, vou lançar algumas reflexões a respeito de cada um dos nomes para debatermos juntos.

Primeiramente, precisamos ter em mente que, se escolher treinador é uma tarefa complexa para qualquer clube, no caso do Flamengo é ainda mais complicado, a começar pela enorme pressão de mais de 40 milhões de torcedores. A torcida do Flamengo acompanha, dá palpite sobre tudo, desde o clube social até o orçamento, passando por marketing, design de escudo, mídia social e, obviamente, por cada detalhe do Departamento de Futebol. E como o clube tem o maior faturamento da América Latina, o patamar de expectativa também é, inevitavelmente, o mais alto possível.

Tenho inúmeras críticas a respeito de como o Departamento de Futebol do Flamengo foi gerido nos últimos dois anos, inclusive pelos critérios de escolha dos últimos três treinadores, porém nesse processo de escolha do novo treinador, na minha avaliação, até aqui, é positivo, seja porque conversar "olho no olho" com cada um dos treinadores é uma ótima maneira de separar o joio do trigo e ter mais condições de prospectar o dia a dia de uma futura relação contratual, seja porque, para o mercado, o clube fica em melhor posição para negociar quando não tem apenas uma opção. Elementar, concordam? 

Portanto, loas (por enquanto) à cortina de fumaça. Resta-nos então ao menos tentar enxergar o que há por trás dela. Vamos aos principais nomes, adiantando que a análise sobre um eventual retorno do Mister Jorge Jesus eu deixarei a cargo de vocês:

1) Paulo Fonseca: treinador cogitado por clubes que disputam a Premier League. Não é à toa que dizem ser o mais caro e o que parece ter menos propensão a, no momento, trabalhar no Brasil. É adepto do jogo posicional, em relação ao qual tenho minhas reservas, como destaquei no post da sexta-feira. Contudo, ao menos na minha opinião, é muito melhor ter um ótimo treinador adepto do jogo posicional do que um meia-boca de qualquer outro estilo. Tem que ser considerado.

Analisando o histórico no Transfermarkt, é um treinador que vence mais do que empata e perde, especialmente comparando o número de vitórias com os de empates e derrotas, isoladamente. Na última passagem pela Roma, perdeu mais do que empatou, o que pode explicar o fim do ciclo.

2) André Villas-Bôas: consta que não deseja trabalhar no Brasil no momento. Deve ser verdade, até porque andou falando de calendário e até de número de participantes na Série A, o que indica que se acha mais do que é. Perfil de estrela, com direito a períodos sabáticos para disputar rallys, tem histórico de rompimentos por divergência com clubes grandes.  

Apesar do perfil instável e da passagem pela Premier League já estar uma década distante, os números das passagens por seus clubes anteriores foram sempre muito bons. Não deve ser barato, mas se houver espaço, tem que conversar, inclusive porque esse papo de que não quer trabalhar no Brasil, depois de uma tentativa de subir hashtag haver micado, pode ser forte sinal de caô.

O perfil tático é excelente, por ser ofensivo, versátil e sem amarras ideológicas.

3) Carlos Carvalhal: treinador bem mais experiente do que os anteriores, tendo iniciado sua carreira no CD Aves, em dezembro/2000, mas de poucas passagens por clubes de maior pressão (Sporting Lisboa e Besiktas, entre novembro/2009 e agosto/2011), porém com recente e enriquecedora passagem pelo futebol inglês - Sheffield Wednesday (Championship) e Swansea (Premier League).

Perfil tático excelente,  próximo ao de Jorge Jesus. Números históricos positivos. Multa contratual com o Sporting Braga pode inviabilizar.

4) Paulo Sousa: você sabe a diferença entre jogo de posição e ataque posicional? Dizem os doutos que, enquanto no primeiro a organização posicional é buscada desde o campo defensivo, no segundo (preferência de Paulo Sousa) os mesmos princípios organizacionais são aplicados pensando unicamente no jogo ofensivo. No plano ideal, o perfil me agrada pela versatilidade. O histórico (vencedor) como atleta na Itália e na Alemanha mostra uma formação a partir de escolas diferentes, o que também é um sinal positivo.

O histórico como treinador nos clubes anteriores, porém, deixa dúvidas (ao menos em mim). Muito elogiado por seu trabalho na Fiorentina (45j, 43v, 25e e 27d), os números no TJ Quanjian (36j, 12v, 9e e 15d) e no Bordeaux (42j, 13v, 12e e 17d) não são animadores. É preciso investigar o contexto.

A multa contratual com a seleção da Polônia, em tese, não seria problema, segundo palavras do próprio treinador.

5) Vítor Pereira: segundo esta matéria do Globo, "Um dos aspectos mais curiosos na carreira de Vítor é a dualidade entre sua capacidade de adaptação aos diferentes estilos de futebol ao redor do mundo e os curtos períodos que permanece à frente de seus clubes". Gosto da versatilidade, desgosto dos períodos curtos que caracterizam suas passagens por cada clube.

Experiente, "acumula cinco grandes títulos na carreira", o que torna, sob o ponto de vista histórico, o mais vencedor entre esses cinco nomes especulados. Multa com o Fenerbahçe pode inviabilizar, porém o seu momento no clube turco não é positivo.

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Os jogos do Benfica pelas oitavas-de-final da Champions League estão agendados para 23 de fevereiro e 15 de março de 2022.

O sorteio da fase de grupos da Libertadores da América ocorrerá em 23 de março e os jogos se iniciarão no dia 5 de abril de 2022.

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A palavra está com vocês.

Uma ótima semana e SRN a tod@s.