segunda-feira, 13 de setembro de 2021

A Maravilhosa Cozinha do Professor Renight: Costelinha de Porco na Panela de Pressão

 

Salve, Buteco! Não nego que apreensivo antes da bola rolar ontem, no campo do Palmeiras, por conta dos desfalques, especialmente na defesa. Por conta disso, eu me perguntava se não seria melhor o Flamengo tentar tirar o Palmeiras de sua zona de conforto, forçando-o a propor o jogo, ficando com a bola. Porém, o Flamengo do professor Renato não se fez de rogado e aceitou de bom grado o convite do anfitrião, sentindo-se a vontade para propor o jogo, do mesmo modo que havia feito no último jogo em solo paulistano, na Arena Corinthians.

Enquanto Arrascaeta esteve em campo, o Mais Querido se articulava bem e parecia estar melhor no jogo, porém em um lance isolado, Wesley, em jogada individual, aproveitou-se da indecisão de Isla e Andreas Pereira e abriu o placar. Felizmente, no lance seguinte ao gol sofrido a qualidade na articulação das jogadas, mostrada até então, produziu seu resultado com um inusitado gol de cabeça de Michael, o destaque do jogo, em perfeita assistência de Everton Ribeiro, talvez o melhor do primeiro tempo.

Abro um parêntesis para dois leves sopros de corneta: primeiro, Andreas Pereira terá que me convencer que consegue executar a função que antes era do Gérson. A impressão é que se trata de um meia característico, a disputar posição e rodar o elenco com Arrascaeta e Everton Ribeiro, o que me leva ao segundo sopro na corneta: não gostei da mexida do Renato no primeiro tempo. O mais lógico, como bem frisou o Maestro Junior na transmissão da Globo, era adiantar Andreas e colocar desde logo o Thiago Maia no jogo. Vitinho atua bem quando joga como meia avançado e não como Arrascaeta vinha jogando até sair, buscando o jogo e flutuando por todo o campo do Palmeiras.

Por conta disso, e apesar da inegável boa fase do Vitinho, a partir da saída do Arrascaeta o time perdeu o meio de campo e mal conseguiu passar da linha divisória, sofrendo pressão até o final da primeira etapa. Mas antes disso, comprovando o seu bom momento, Vitinho quase marcou um golaço numa conclusão com efeito da entrada da área. Uma pena a bola não ter entrado depois de beliscar a trave direita de Weverton.

O time foi para o vestiário com ajustes a serem feitos, mas Renato não decepcionou. A maneira como se recuperou no jogo merece reconhecimento e elogios.

Tendo apenas Andreas Pereira como meia típico, ou seja, com características para organização do jogo, Renato adaptou-se ao contexto desfavorável e postou o Flamengo de maneira muito segura na defesa. O Palmeiras não criou absolutamente nada na etapa final, nem quando precisou buscar o resultado, após a virada com o gol de Pedro, aproveitando a perfeita cobrança de escanteio feita por Vitinho.

Nem mesmo após as substituições, quando passou a jogar sem meias típicos, o time perdeu o controle, tanto que matou o adversário com mais uma assistência do Vitinho, dessa vez para o Michael, merecidamente eleito o melhor em campo. Há diversas formas de se controlar um jogo e uma delas é ceder a posse de bola ao adversário, porém tornando-a improdutiva. Foi o que o Flamengo pragmaticamente e com sucesso fez na partida de ontem, após a saída de Arrascaeta.

Há detalhes que não podem ser omitidos: estamos falando do time terminando com Vitinho de centroavante, Rodinei de lateral esquerdo e Ramon de ponta direita (por conta das cãibras), e com Michael executando o papel de fio desencapado, desequilibrando o jogo.

Fala-se muito, não sem razão, sobre a qualidade do elenco do Flamengo. Contudo, a deterioração do trabalho de Rogério Ceni com os desfalques durante a Copa América, a partir do jogo de ontem, ganhou um parâmetro de comparação e um contraponto importantes a favor do nosso atual treinador.

Renato vem atuando como grande um chef de cozinha, formando o menu de acordo com os ingredientes que dispõe a cada jogo. Ontem, assou costelinhas de porco na panela de pressão. Diante das adversidades, controlou o ambiente e entregou um prato que, se não foi de alta culinária, no mínimo não faria feio em qualquer restaurante de ponta.

A maneira como faz cada ingrediente, ops, jogador se destacar, cumprindo um papel tático que realça suas melhores características, em um contexto harmônico, é comparável à assinatura de um grande chef. Que continue assim, afinal de contas, a Nação Rubro-Negra não está preocupada com dieta ou com peso. Muito pelo contrário, está sempre com fome e querendo muito mais.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.

PS: "partidaça" de Michael, Bruno Viana, Ramon, Willian Arão e Everton Ribeiro!