segunda-feira, 19 de abril de 2021

O Vélez Sarsfield e a Estreia sob Pressão

Salve, Buteco! Como todo mundo já sabe, o Mais Querido estreará na Copa Libertadores da América amanhã, terça-feira, 18 de abril de 2021, contra o Club Atlético Vélez Sarsfield, em Buenos Aires, na Argentina. O  "El Fortín", como também é conhecido o nosso próximo adversário, foi fundado em 1910 por imigrantes italianos e seu nome deriva da "Estación Vélez Sarsfield del Ferrocarril Oeste", hoje apenas Estación Floresta, na região oeste da capital argentina. Após ter sua sede no bairro Villa Luro, desde a primeira metade da década de 1940, quando se recuperou de uma grave crise institucional, está sediado no bairro de Liniers, local em que foi construído o belo estádio José Amalfitani, batizado com o nome de um histórico ex-presidente do clube e que hoje tem capacidade para 49.540 espectadores. Local de partidas da Copa do Mundo de 1978, o "El Fortín" (também apelido do estádio) receberá esperado confronto de amanhã.

Essa tradicional equipe argentina disputa com o Estudiantes La Plata o posto de "sexto grande" do futebol argentino, já que apenas são reconhecidos como "grandes" os gigantes Boca Juniors e River Plate, além da dupla de Avellaneda, Independiente e Racing, e ainda o San Lorenzo. Médio ou grande, o certo é que o Vélez conquistou onze edições do campeonato nacional e teve na década de 90 o seu apogeu, quando conquistou a Libertadores da América e vários outros títulos oficiais internacionais (Libertadores, Recopa, Supercopa e Copa Interamericana), inclusive o Mundial Interclubes ou Copa Intercontinental de 1994, quando, dirigido pelo mítico Carlos Bianchi e capitaneado por José Basualdo dentro das quatro linhas, derrotou, com autoridade (2x0), ninguém menos do que o poderoso Milan de Fábio Capello, Baresi, Maldini, Desailly, Donadoni, Boban e Savicevic.

Curiosamente, o Fortín só vivenciou dissabores quando, em sua década mais gloriosa, enfrentou o Mais Querido do Brasil por diversas competições sul-americanas, ocasiões nas quais invariavelmente terminou eliminado. Todos os confrontos entre as duas equipes foram disputados entre 1993 e 2000 pelas seguintes competições: Torneio Libertad (1993), Supercopa dos Campeões (1995 e 1997) e Copa Mercosul (1997, 1998 e 2000). Ao todo, foram 9 jogos, com 6 vitórias rubro-negras, 1 empate e apenas duas vitórias fortineras.

No Século XXI, o Vélez disputou a Libertadores por dez ocasiões e foi eliminado na fase de grupos nas três primeiras (2001, 2002 e 2004). Em compensação, nas sete subsequentes (2006, 2007, 2010, 2012, 2013 e 2014) conseguiu se classificar, seis vezes como primeiro e uma como segundo do grupo, parando quatro vezes nas oitavas de final e três nas quartas de final. Curiosamente, nas duas vezes em que enfrentou a LDU (2006, fase de grupos, e 2010, oitavas de final), venceu os jogos disputados no Estádio Casa Blanca, em Quito.

Voltando à Libertadores após uma ausência de seis edições, o Fortín, na condição de líder isolado do Grupo B do Campeonato Argentino, estreia recebendo o Mais Querido em um momento turbulento, no qual o sistema tático do treinador Rogério Ceni é questionado pela quantidade de gols e oportunidades cedidas aos adversários.

Adendo ao post: o Rodrigo Coutinho (@RodrigoCout), do Uol, publicou há poucas horas esse ótimo texto analisando o perfil dos treinadores dos nossos adversários. O Vélez é dirigido pelo experiente Maurício Pellegrino, que treinou Leganés, Alavés, Southampton, Independiente, Estudiantes e Valencia.

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Como sempre busco fazer em todas as minhas análises e opiniões sobre o Flamengo, tentei ser justo com Rogério Ceni, destacando suas virtudes e os aspectos negativos. Confesso que, mesmo considerando-o um treinador em crescimento na profissão (não é mais um iniciante, mas também não chega a ser experiente), não imaginava que, às vésperas da estreia na Libertadores/2021, e após um semestre no cargo, estaria na mesma situação que o seu tão criticado antecessor quando de sua demissão, com a desconfiança da torcida e da Diretoria devido a um esquema tático desequilibrado e mal executado, o qual é facilmente explorado pelos adversários dos mais diversos patamares.

Indico a vocês a leitura de duas threads sobre a situação tática atual da equipe, a primeira do jornalista André Nunes Rocha, do portal Uol, e a segunda do meu amigo e grande rubro-negro Patrick (@patrick_1972), ícone da FlaTT.

Minha impressão é que Rogério Ceni errou não apenas nas decisões que tomou e escolhas que fez, mas sobretudo no timing. Há quase três semanas atrás, neste post, eu comentava com vocês a respeito da opção de voltar à beira do campo juntamente com os titulares, o que não diferia do que Jorge Jesus havia feito em 2020. O problema não é fazer experiências, mas chegar a uma das duas competições mais importantes do calendário com o sistema defensivo praticamente em frangalhos.

Nunca foi tão evidente a falta de experiência do nosso treinador. Pior do que não saber fazer é não reconhecer que não sabe fazer.

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Vamos torcer para que o Vélez de amanhã seja o da derrota por 1x7 para o Boca Juniors no último 8 de março. E para atrair energias positivas, deixo vocês com os melhores momentos das duas últimas vitórias rubro-negras sobre os anfitriões de amanhã no José Amafitani, a última delas narrada pelo saudoso Luciano do Valle.


A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.