Assim, à noite, um banquete foi realizado onde Dâmocles adorou ser servido como um rei e não se deu conta do que se passava por cima de si. Somente no fim da refeição ele olhou para cima e viu uma espada afiada suspensa por um único fio de rabo de cavalo, diretamente sobre a sua cabeça. Imediatamente perdeu o interesse pela excelente comida e pelas belas mulheres ou eunucos que o rodeavam e abdicou de seu lugar dizendo que não queria mais ser tão afortunado.
Mas a alma da instituição Clube de Regatas do Flamengo é ser um clube de bairro com suas rinhas internas. De compromissos de campanha. De aliados em postos-chaves não por critérios de competência. E isto, claro, é como um cupim que vai corroendo a aparente madeira sólida que se apresenta em determinada ocasião. Que em certo momento pode cair e ser tomada por parasitas e aproveitadores. Nada é eterno. Esta impressão de boa administração é constantemente ameaçada em toda eleição. Seja pela falta de qualidade dos futuros gestores ou compromissos de campanha que assumem, empesteando áreas do clube com funcionários e dirigentes inadequados mas que se viram obrigados a contratar ou chamar.
E porque digo isto? Porque o Flamengo já chegou a ter alguns momentos de reforma administrativa, de cavaleiros da távola redonda chegando e salvando o clube de um papel irrelevante e menor no futebol. Por exemplo, com a eleição de José Padilha em 1933, revolucionando o marketing do clube e do futebol. Tivemos também a eleição de Marcio Braga em 1977 com a FAF. Em que pessoas de alto gabarito, várias novas no clube, assumiram postos-chaves (alguma semelhança com o que ocorreu em 2013?). Mas, como tudo na vida, um dia acaba. E o Flamengo voltou a ter um papel menor. E porque?