segunda-feira, 2 de novembro de 2020

O Terraplanismo Rubro-Negro



Caros Amigos do Buteco, quero começar o post de hoje compartilhando com vocês uma opinião que já havia dividido com amigos rubro-negros com quem conversei durante e depois do jogo de ontem. Desde que o futebol é futebol, é responsabilidade do treinador colocar uma equipe com espírito de competição para um jogo decisivo. Cabe ao treinador fazer o elenco compreender a importância de um confronto direto e se comportar dentro de campo como um time que disputa título.

De um lado, havia um time com postura de campeão; do outro, um que parecia jogar por obrigação. Fernando Diniz já sofreu muito na sua carreira de treinador e passou por poucas e boas em pequenas, médias e grandes equipes. O seu São Paulo, por ele treinado há mais de um ano em meio a muitos questionamentos, entrou em campo para disputar um jogo decisivo que valia, até simbolicamente, mais do que três pontos. Por isso, desde o primeiro minuto podíamos ver ao menos três marcadores em cima dos nossos jogadores que estavam com a bola. A seu turno, o Flamengo de Domènec Torrent protocolarmente disputou mais um jogo em trinta e oito rodadas, seguindo seus conceitos dogmáticos de minutagem e controle (?!) de jogo.

Sim, outros fatores podem ter pesado. Muitos torcedores apontaram problemas no sistema defensivo rubro-negro, porém o adversário padecia do mesmo mal, vide os confrontos recentes contra Fortaleza e Lanús. Por que o Flamengo não marcou com a mesma intensidade que o São Paulo, como bem apontou Filipe Luís depois do jogo, e Roger Flores, durante a transmissão da Globo, é o xis da questão. 

Na minha opinião, faz mais sentido que o desgaste tenha influído na falta de intensidade do jogo do Flamengo, pois, afinal de contas, o adversário, protegido pela CBF e seu presidente torcedor, muito embora tenha viajado pra Argentina no meio da semana, não teve que disputar quatro partidas em oito dias, tal como o Flamengo há apenas duas semanas atrás. Os três jogos a menos do São Paulo, contra adversários bem mais fracos, parecem estar convenientemente sendo guardados para o momento mais oportuno do calendário.

Nada isso, contudo, serve de álibi para as desastradas escolhas feitas pela Diretoria rubro-negra e o seu treinador. Ora, convenhamos, ninguém obrigou o Flamengo a escalar a forma máxima disponível na última quarta-feira, contra o Athletico/PR, em Curitiba. Aliás, o clube parece ignorar o cenário político adverso e age como se a temporada/2020 não lhe impusesse uma miríade a mais de problemas em relação aos que todos os elencos adversários enfrentam. Se é certo que a pandemia afeta todo mundo, desconheço outro elenco que tenha sofrido com um surto de COVID-19 na mesma proporção da que vitimou o nosso. Quais são os efeitos dessa nefasta doença no sistema orgânico de cada ser humano? Será que diminui ou retarda a recuperação da resistência a contusões em atletas?

A única certeza é de que o cenário é dantesco: enquanto o time disputa mais jogos do que os adversários diretos e tem uma penca de jogadores passando uma eternidade no Departamento Médico, pitorescas saídas e trocas de fisiologistas e preparadores físicos acontecem, com o VP de Futebol a mil nas interações engraçadinhas com torcedores no Twitter, firme em sua campanha para vereador no município do Rio de Janeiro. 

A tentativa de disputar as três competições com a mesma prioridade, em meio a esse caos e enquanto adversários diretos são poupados com menos jogos, é nada mais, nada menos do que o terraplanismo aplicado ao calendário rubro-negro. O negacionismo obtuso e obscurantista apaga da memória os erros de 2018 e até mesmo a sorte de um ano atrás, quando a precoce eliminação na competição baranga foi justamente o que viabilizou a conquista dos dois maiores títulos da temporada. 

Quarta-feira tem mais Copa do Brasil e domingo outro confronto direto pela liderança do Campeonato Brasileiro. Iremos com a força máxima em ambos os jogos ou os dias do terraplanismo rubro-negro se encerrarão?

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.