terça-feira, 6 de outubro de 2020

Entendendo o Campeonato Brasileiro

 


Olá Buteco, bom dia!

Nas últimas semanas, passamos por momentos críticos e, após o desastre em Quito, parecia que a viola do nosso simpático Domenec tinha ido pro saco. Até aquele momento, o treinador havia comandado 11 jogos e saído de campo sem a vitória por 6 vezes, apresentando um trabalho muito irregular, gerando desconfiança inclusive em uma classificação à segunda fase da Libertadores que se encaminhava bem tranquila.

Pois o destino quis que o foco saísse do Dome e do mau momento da equipe para um encontro às nossas verdadeiras raízes: com o surto de covid-19 no elenco principal, ainda no Equador, o time se supera e vence o Barcelona. Depois, com uma defesa toda composta pela molecada, empata com o Palmeiras em São Paulo, devolve a goleada no Del Valle, selando a classificação na Libertadores e, no último domingo, faz um primoroso segundo tempo, vencendo o sempre competitivo time do Athletico Paranaense. 

Paradoxalmente, após a melhor semana do time após o retorno do futebol no país, as resenhas pós jogo começaram a indicar um leve tom pessimista, motivadas pela goleada do Atlético Mineiro em cima do (fraco) time do Vasco da Gama. Há quem já esteja refletindo sobre a possibilidade de escalar times alternativos no Brasileiro, priorizando as Copas e, a partir daí, tirei a pauta para o post de hoje, porque precisamos entender o comportamento do Campeonato Brasileiro em pontos corridos. 


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Uma questão ilustrará o meu ponto de vista de maneira surpreendente. Tente responder (de acordo com a sua intuição) antes de avançar na leitura. Das últimas 8 edições do Brasileirão, em qual delas o campeão teve o menor número de pontos? 

Acertou quem respondeu o Corinthians de 2017. 

Parece mentira, não? O Corinthians de 2017 ganhou o campeonato no primeiro turno, depois que os outros times ABANDONARAM a disputa para focar nas copas, entendendo que não teriam chances contra a impressionante campanha do líder após 19 rodadas, até então invicto e com o melhor primeiro turno da história. 

Pois bem, o Corinthians de 2017 teve 8 derrotas (oito!!!) no segundo turno e não havia nenhum outro time para aproveitar essa queda. Em toda as edições dos pontos corridos com 20 clubes, este foi o terceiro campeão com mais derrotas e o quarto com a menor pontuação.


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Eu comecei a escrever sobre futebol aqui no Buteco, no espaço do Luiz Filho (obrigado mais uma vez, irmão!), após conversamos sobre um planejamento estatístico para vencer o Campeonato Brasileiro, que se tornara previsível (nesse sentido estatístico) após a consolidação da fórmula de pontos corridos com 20 clubes. Dessa conversa saiu a primeira coluna Checkpoint e, de lá prá cá, um sem número de posts publicados, geralmente nessa linha mais matemática.

Uma das coisas que eu mais aprendi ao longo de tantas análises é que você compete primeiramente contra você mesmo e só depois contra os demais. Analogamente, é como o equilibrista da corda bamba: se ele olha para baixo, o risco de cair passa a ser expressivamente maior do que quando ele mantém os olhos no outro lado do percurso.

Para ganhar o Campeonato Brasileiro, não se deve olhar para o que está em volta, apenas para o objetivo final. Esqueça os outros e faça o seu. Se o Flamengo atingir, ano após ano, sua meta de 80 pontos, será campeão três vezes em cinco, senão mais. E, nos anos em que não for, aí sim poderemos ao menos ter a certeza que houve um time melhor. 

O que não pode é fazer 70 pontos e ver um adversário ser campeão com 72. Os adversários precisam saber que terão que jogar os 38 jogos no limite, porque o Flamengo vai colocar o sarrafo todo ano nessa faixa de 80 pontos.

Temos time para fazer 80 pontos? Temos. Então é essa a meta, vamos fazê-los!

Saudações RubroNegras!!!