segunda-feira, 9 de março de 2020

O Barcelona de Guayaquil

Salve, Buteco! Na próxima quarta-feira, 11 de março, o Mais Querido do Brasil conhecerá, na segunda rodada, o seu último (considerando os confrontos da Recopa contra o Independiente del Valle) adversário do Grupo A da Copa Libertadores da América de 2020, o Barcelona Sporting Club de Guayaquil, mais conhecido aqui no Brasil como "Barcelona de Guayaquil" e, no Equador, também chamado de "El Coloso de América", "Ídolo del Ecuador", "Ídolo del Astillero", "Canarios" ou "Torero". As raízes catalãs existem desde a fundação do clube, em 1925, quando um grupo de jovens do Bairro del Astillero se reuniu na casa de um deles, catalão, e decidiu pelo nome de Barcelona em vez de Deportivo Astillero. O primeiro presidente honorário do clube foi catalão e o primeiro escudo reproduzia elementos da "Cruz de San Jorge y la Sereña", característicos da cidade de Barcelona. Apesar dos torcedores astilleros alegarem que existem "várias diferenças" entre o atual escudo do clube e o do Fútbol Club Barcelona, o original da Catalunha, não chegam ao ponto de negar a inspiração no clube catalão, o qual, contudo, curiosamente conseguiu registrar sua marca em todos os países da América do Sul, exceto no Equador...

O Barcelona é, internamente, o maior clube do Equador, já que detém o maior número de títulos do campeonato nacional, jamais disputou a Série B e vence todos os demais clubes no confronto direto, à exceção do El Nacional de Quito, e ainda possui a maior torcida. Até 2008, quando a LDU conquistou o título da Libertadores, era o único clube equatoriano a chegar à final da competição, tendo sido derrotado pelo Olimpia (1990) e Vasco da Gama (1998).

O clube manda seus jogos em seu próprio estádio, o belíssimo Monumental Isidro Romero Carbo, cuja capacidade oficial é de 70.000 torcedores, porém dizem que pode receber 91.000 e, na prática, vem recebendo entre 57.267 e 59.263 pessoas, sendo, de qualquer modo, o maior do país.

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Como expliquei neste post há duas semanas, o Barcelona, após ser dirigido com sucesso pelo argentino Guillermo Almada por 4 anos, perdeu seu treinador para o Santos Laguna, do México. Sob a direção de Almada, os Toreros conquistaram seu último título nacional (2016) e chegaram a uma histórica semifinal, quando foram eliminados pelo Grêmio de Porto Alegre, após eliminarem, na sequência, o Palmeiras e o Santos. Para dar sequência ao trabalho de Almada, o clube trouxe o também argentino Fabián Bustos, cuja carreira como treinador se iniciou e até hoje se desenvolveu exclusivamente no Equador. Cuida-se, portanto, de um profundo conhecedor do futebol local.

Fabián Bustos foi escolhido por seu notável trabalho no modesto Delfín, da paradisíaca cidade de Manta, no litoral equatoriano. Bustos assumiu o clube na Série B, em 2015, levando-o à Série A, no ano seguinte, e ao inédito título equatoriano em 2019, tendo ainda, a partir de 2018, levado o clube, que jamais havia disputado uma competição internacional, a participar três vezes consecutivas da Copa Libertadores da América, contando a edição atual. Não foi à toa que a Diretoria do Delfín despediu-se agradecida de Bustos, após sua vitoriosa e histórica passagem pela equipe litorânea.

O argentino diz gostar de conhecer o que o jogador pensa e tentar convencê-lo do que deseja em nível tático. Autoconfiante, chegou a Guayaquil com a intenção de "ganarlo todo con Barcelona" porque, "con la gran afición que tene, estará siempre motivado a ser protagonista". Até aqui, porém, o Barcelona de Fabián Bustos ocupa um modesto sétimo lugar no campeonato nacional e, na Libertadores, após "passar o carro" sobre Progreso (2x0 e 3x1), Sporting Cristal (1x2 e 4x0) e Cerro Porteño (1x0 e 4x0), sofreu uma constrangedora goleada na estreia pela Fase de Grupos, em casa, para o rival Independiente del Valle (0x3).

Na Internet, encontrei pouca coisa sobre as preferências táticas de Bustos, a não ser que, no Delfín, utilizou bastante o 4-4-2 "doble pivote" (dois volantes) até a temporada passada, o que para muitos é um desenho "em extinção" no futebol europeu, e que, ao que parece, vem mantendo no Barcelona dentro de um 4-2-3-1, variando excepcionalmente para um 4-3-3.

Os dois "cães de guarda" de Bustos no Barcelona são o uruguaio Bruno Piñatares (29) e o brasileiro Gabriel Marques (33), que jogam à frente de uma primeira linha que possui três jogadores da seleção equatoriana principal, os laterais Pedro Velasco (26) e Mario Pineida (27, expulso contra o Del Valle) e o quarto-zagueiro Darío Aimar (25), que, por sua vez, joga ao lado do paraguaio Williams Riveros (27) à frente do goleiro uruguaio Javier Burrai (29). 

Esses 6 jogadores dão retaguarda para o trio composto pelos velocíssimos pontas de sobrenome Martínez, Emmanuel (uruguaio, 25) e Fidel (equatoriano, 30), e pelo experiente meia argentino Damián Díaz (33), com passagens por Rosario Central, Colón, Universidad Católica e Boca Juniors, que joga centralizado e é o cérebro do meio campo astillero, além de marcar seus golzinhos. Mais à frente se posiciona o também experiente centroavante uruguaio Jonatan Álvez (31), que a torcida brasileira bem conhece da passagem pelo Internacional.

Desse quarteto, sugiro olho vivo em Fidel Martínez, que costuma jogar pelo setor esquerdo ofensivo e foi autor de nada menos do que 8 dos 15 gols marcados pelo Torero até o momento na Libertadores, aparentando estar em grande fase. Fidel deixou no mínimo um gol nas redes adversárias em todos os jogos que o Barcelona marcou na Libertadores até o momento.

Atento, o Mister Jorge Jesus vê o Barcelona mais forte como visitante e, cá entre nós, fez muito bem em preservar o Rafinha neste último final de semana.

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Flamengo e Barcelona já se enfrentaram por 3 vezes, uma vez em 1952 e duas em 1966, sempre em Guayaquil, com uma vitória para cada lado e um empate.

A bola rolará quarta-feira, as 21:30h, e a partida terá transmissão da Rede Globo e do SporTV.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.