segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Tá Bom ou Tá Flórida?

Salve, Buteco! E aí? Que tal o título da Flórida Cup para abrir os trabalhos em 2019? Mesmo sendo um torneio amistoso (embora tenha clube por aí que não hesitaria em pedir aquele reconhecimento básico à FIFA), levantar uma tacinha em cima de dois tradicionais clubes europeus e ainda por cima com o São Paulo na lanterna da competição, com zero pontos ganhos, tem um saborzinho especial, concordam? Pois bem, voltando à realidade, durante as férias e recesso de final de ano o Flamengo demonstrou sua força financeira no mercado, contratando três jogadores em operações com altas cifras. Sinto que a Nação se acalmou um pouco, baixando bastante o tom das críticas. Dois dos nomes anunciados de fato constituem contratações de grande impacto nos cenários brasileiro e sul-americano. Não há como questionar Gabriel Barbosa e Giorgian De Arrascaeta, nem dá pra imaginar o Mais Querido sem poder ofensivo nesta temporada que ora se inicia. Além disso, mesmo não estando em alta, Rodrigo Caio é um zagueiro novo e com currículo, não havendo sentido em questionar o seu potencial técnico. São três bons reforços, que deixaram a torcida mais confiante. Mas como está o restante do elenco?

No final de novembro publiquei este post sugerindo uma lista de nomes de jogadores do elenco atual que deveriam ser dispensados ou negociados. Confesso que me empolgaram as saídas de Réver e Rômulo, que, das minhas sugestões, considerava as dispensas "mais urgentes". E se considerarmos que Juan em breve se aposentará e o clube sonda atletas para as duas laterais, devendo ser questão de tempo as negociações de Pará e Trauco, até que meu "índice de acerto" foi bem razoável. 

De outra banda, as chegadas não se limitarão aos três primeiros reforços. Além dos laterais, o noticiário dá conta que a Diretoria busca no mercado mais um zagueiro e pelo menos um atacante de lado. Os nomes e as cifras especuladas indicam que virão nomes para disputar posição no time titular ou, quando menos, jogar muitas vezes durante a temporada.

Então, tá tudo muito bom, tá tudo muito bem... ou talvez nem tanto. É que a torcida anda ressabiada com a possibilidade de Diego renovar e Willian Arão ser titular. Dois casos distintos, mas que justificam o "pé-atrás" dos torcedores.

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Willian Arão traz à tona a polêmica em torno do "segundo volante". As definições das variações da posição e boas sugestões para contratação podem ser encontradas neste post do Blog Ninho da Nação, do nosso amigo e colunista André Amaral, em texto escrito por ele e Joza Novalis. O problema é que, apesar de cada vez mais pessoas, entre torcedores e cronistas esportivos, engrossarem o coro de que Arão não deveria ser titular, a Diretoria, até o momento, não deu sinais de que pretende contratar alguém para a função.

Arão está tão desgastado com a torcida por conta de atuações displicentes e "avoadas", além de posturas antipáticas (como a defesa de Márcio Araújo contra Cuéllar), que é raro algum torcedor enxergar qualidades em seu futebol. Não chego a tanto, porém considero a situação preocupante. Explico: no post da barca eu ponderei que até renovaria, desde que outro atleta fosse contratado para o "time A". É que boa parte dos jogos do Campeonato Brasileiro serão disputados contra equipes com elencos muito inferiores ao do Flamengo. Logo, desde que se posicione e jogue como na reta final do Brasileiro/2018, sob o comando de Dorival Júnior, Arão quebraria o galho. 

Com Dorival, Arão recuou e foi bem na marcação, com muitos desarmes, sem prejuízo de sua característica de apoiar o ataque com infiltrações na área adversária, especialmente pelo setor direito de ataque. Além disso, tem uma boa presença na bola aérea. Mas nem precisaria chegar a disputar todo o Brasileiro. Um bom primeiro semestre, disputando o Estadual pelo "time B", poderia facilitar uma negociação no meio de um ano no qual o clube está gastando muito para reforçar o elenco. 

Bem, isso é o que eu penso, o que é muito diferente do cabeludo ser titular por mais um ano, o quarto (!) no Flamengo, ainda por cima no time que disputará Libertadores. Prezados Landim, Bap, Braz, ilustres integrantes do "Conselhinho" e, principalmente, prezado Abel Braga: Arão na Libertadores? Sério?! Como diria Joel Santana, expert no tema da volância, vocês estão de "brincation" comigo! 

Né?

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Outra situação peculiar é a do meia Diego Ribas. Na minha opinião, se tem alguém que vacilou e "pediu" para estar nessa situação foi o próprio Diego. Desde 2016, quando chegou, na condição de uma das principais lideranças, inclusive técnica, do elenco, ecoou como nenhum outro a gênese do "pensamento banana", traço marcante da gestão Eduardo Bandeira de Mello. Verdadeiros hits da bananice, como "o trabalho está sendo bem feito" e "os títulos virão na hora certa" tiveram representação viva nas entrevistas de Diego, seja defendendo que anos como os de 2016 e 2017 haviam sido "bons", ou até mesmo "peitando" publicamente o treinador (Rueda) que queria rodar o elenco e diminuir o desgaste da maratona.

Para piorar só mais um pouquinho, uma séria contusão que o tirou de grande parte da fase de grupos da Libertadores/2017, o que sem dúvida acabou pesando para a eliminação do Flamengo (sem justificar as decisões de Zé Ricardo). Depois disso, Diego, que na minha opinião elevou o patamar do time a partir de sua chegada, passou a jogar bem com muito menos regularidade. Peço atenção neste ponto: não sou médico, fisioterapeuta e nem fisiologista, muito menos atleta ou treinador de futebol. Não estou dizendo que a contusão incapacitou e nem mesmo que impediu Diego de mostrar seu melhor futebol.

E nem poderia, já que posso citar pelo menos quatro grandes atuações após a volta da contusão: 2x0 Santos (28/6/2017 - Copa do Brasil), 2x0 São Paulo (2/7/2017 - Brasileiro), 1x0 Corinthians (3/6/2018 - Brasileiro) e 2x0 Grêmio (21/11/2018 - Brasileiro). Não digo que a lista seja exaustiva, mas é bem mais fácil enumerar atuações pouco eficientes. O "xis" da questão é saber o porquê. Contusão ou outro motivo?

Dizem por aí que o recuo do posicionamento de Diego teria relação com Tite e a convocação para a Copa do Mundo/2018. Por isso teria se sentido traído ao não figurar na lista de convocados. Se é verdade eu não sei, mas tenho certeza de que o apelido de "enceradeira", que sequer era cogitado antes da contusão, subitamente passou a lhe cair como uma luva. Com seu "novo posicionamento", quem perdeu foi o Flamengo, mais do que o próprio atleta.

O certo é que Diego só se enrolou após a contusão. Sob pressão desde as eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores, e na condição de "reserva de luxo", tenta reverter o quadro. Com Dorival, melhor posicionado em campo, próximo à área adversária, onde rende melhor, teve algumas boas atuações. Agora, faltando cerca de um semestre para o final de seu contrato, tem propostas do Orlando City e do Flamengo. Apesar de tudo, quer aumento para ficar, o que soa absurdo aos ouvidos de boa parte dos torcedores.

Qual será o desfecho?

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Gabigol e De Arrascaeta possuem características bastante ofensivas. Para não ficar com um time desequilibrado entre a armação e o ataque, tenho para mim que o Flamengo deveria reforçar o elenco também no meio de campo, o que se tornará ainda mais imperioso acaso Diego deixe o clube.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.