segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Hesitação

Salve, Buteco! A distância pro Palmeiras infelizmente não diminuiu. O cenário era quase-perfeito: adversário com alguns importantes desfalques e vindo de uma séria derrota em Buenos Aires para o Boca Juniors, inevitavelmente pensando no segundo jogo da semifinal da Libertadores, e o Flamengo com todo o elenco a disposição, mais descansado e com o Maracanã lotado. Quase-perfeito porque a crise fora de hora com Diego Alves e o gramado do Maracanã realmente jogaram contra. Talvez em outra época nesses dois fatores não significassem tanto, mas para esse Flamengo são um grande peso. Com a bola rolando, a maneira pela qual o Palmeiras truncou o jogo desde os primeiros minutos, com Felipe Melo deitando e rolando na catimba, foi um presságio de que não seria nada fácil conquistar os três pontos. E como vem acontecendo em todas as decisões, o Mais Querido não deu sinais de que dessa vez seria diferente.

Na hora de decidir, mais uma vez o Flamengo hesitou.

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O Palmeiras teve duas chances de gol durante os noventa minutos e acréscimos: na primeira, apesar da marcação de impedimento, César praticou uma grande defesa em um chute à queima-roupa de Guerra, fechando o ângulo com sua grande envergadura e mostrando bom reflexo. No segundo lance, Dudu se aproveitou da limitação de Pará, que desde o primeiro tempo dava todos os sinais de que iria entregar, e colocou bem a bola no canto. Analisando o replay, principalmente a partir das câmeras posicionadas atrás do gol de César, reconheço que o amigo Gabriel Mengão tem razão: nosso arqueiro pulou algumas frações de segundo atrasado. Bola defensável, mas apenas por goleiros absolutamente extra-série. Talvez as chances de Diego Alves defender fossem maiores, talvez não.

Em outros tempos, a catarse pelo gol marcado por Marlos Moreno se transformaria em virada e arrancada para o título. No Flamengo atual, o Flamengo do quase, o melhor jogador do time isolou a bola cara-a-cara com o goleiro no momento de decretar a vitória e escrever seu nome na história do clube. Será que Paquetá estaria mais focado se tivesse que mostrar serviço para merecer a tão sonhada transferência para o futebol europeu? Jamais saberemos. O certo é que a pré-anunciada transferência o Milan, para mim totalmente fora de hora, em absolutamente nada ajudou.

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A teimosia em não aceitar que o ciclo com o Maracanã acabou e que o clube precisa ter o seu próprio estádio, a insistência em tentar transformar estagiários virginais em grandes treinadores, a dificuldade para implementar a meritocracia no Departamento de Futebol e a incapacidade de se planejar para os momentos críticos do calendário são apenas alguns aspectos que, somados, mostram como o Flamengo ainda está atrás do Palmeiras, que por sinal está longe de ser um modelo perfeito de gestão.

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E agora? Bem, acabar não acabou, porém ficou bem mais difícil. No apagar das luzes da gestão banana, minha sugestão é que o Flamengo primeiramente foque nos dois próximos jogos, contra São Paulo e Santos, históricos rivais paulistas, inclusive pensando nas próximas temporadas. Entre os grandes clubes do futebol brasileiro, o São Paulo tem a maior vantagem sobre o Flamengo em nível de retrospecto. Já o Santos, ao lado do Grêmio o único clube a vencer o Flamengo na Ilha do Governador em 2017, vem fazendo a segunda melhor campanha do returno.

Para construir um futuro vencedor, a reação precisa começar no presente.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.