domingo, 9 de setembro de 2018

Grande time ou time grande?




@alextriplex

Lá pelos meados de 1987, decidi para minha vida que aquela parada de Engenharia Elétrica era assunto pra outro tipo de mente. Não a minha.

O vestibular aconteceria entre dezembro e janeiro, e optei concorrer à vaga de Jornalismo na UFPR e Administração na Fae, ambos cursos reconhecidos, renomados, blá, blá, blá. Fiz o vestibular, e por ser uma anta em biologia (consequentemente zerar a prova), me restou passar com mérito e louvor para ser um futuro "administrador".

Pois bem, ao longo do curso estagiei/trabalhei em empresas como Bamerindus e Nestlé (essa última considero, sem dúvida alguma, a maior escola que tive). Aprendi conceitos de organização, de hierarquia, de rapidez na decisão, de busca do resultado, de produtos e serviços excepcionais, mas acima de tudo de prometer e entregar o produto/serviço solicitado por seus clientes.

Eu penso no seguinte: uma empresa que busca o sucesso tem que entender o mercado, antes de qualquer coisa. Suas necessidades, suas vontades, seus sonhos, e tentar encantar seus clientes de uma forma ímpar. De uma forma que o cliente não pense duas vezes antes de uma recompra, antes de ligar de novo para um serviço. ENCANTAR.

O Flamengo encanta, por sua natureza, por sua história. O vermelho e preto faz corações baterem mais forte, faz as mentes esquecerem dos problemas, das depressões, das tristezas, para apenas torcerem. Apenas, e simplesmente apenas, amarem o Flamengo em sua imensidão.

Mas...parece que a recíproca não tem sido exatamente - nem completamente - verdadeira. No meu entender, falta um ajinomoto aqui, outro ali.

O jogo de ontem foi mais uma prova do que penso desde sempre.  Na semana passada usei o vídeo do Bujica para ilustrar como Zico falava com o time. É entrar, passar o rodo, e depois comemorar os 3 pontos. E faz tempo que reclamo disso. E ontem, de novo. Um começo de jogo com um Cerca Lourenço danado, gira a bola pra cá, gira a bola pra lá. Diferente do que vejo times de menor porte fazerem quando nos enfrentam em casa. Caem dentro, pressionam, não deixam o time respirar, e quando se acorda pra vida, já tem bola dentro da rede. E cá pergunto: why th´a hell não fazemos isso aqui? Qual o problema em botar cachorro na porta do vestiário, qual o problema em pressionar juiz, qual a questão em respeitar tanto o adversário?

Falta sangue no olho? Talvez sim, ou a dose não tem sido aplicada na medida correta. Falta um "vamos lá, porra?" Definitivamente, parece que sim.

O ponto é que isso tem que vir de cima também. Os líderes não ordenam. Eles fazem seus liderados terem a vontade suprema de fazer o que o líder pediu (e não mandou). Fazem seus liderados entrarem em campo (seja de futebol, mercado ou batalha) com uma vontade tão grande de ganhar, que o resultado vem de forma natural. Dor? Sim, vem com dor. Mas poucas vezes com sofrimento. Uma linha tênue que diferencia os grandes times de times grandes.

O Flamengo precisa reaprender a ser um grande time. Um grande clube. A impormos respeito. E sim, medo. Hoje, os times chegam no Maracanã como se fosse o quintal de casa. Como fez o Ceará. E como no mercado, precisa aprender a minimizar os erros. E maximizar os acertos. É pura matemática: se você erra menos, certamente o resultado da questão estará certa lá na frente.  A questão é que no futebol não se ganha meio ponto. É erro ou acerto.

Teremos uma semifinal contra o Corinthians. O time de um presidente que não mede esforços pra levar seu time ao topo. Vejo que teremos problema com gente que não toca na bola. Mas seria bancar demais o profeta. E estou longe de querer isso. Só quero que passemos por eles pra alcançar mais uma final.

E nada mais digo.