segunda-feira, 18 de junho de 2018

Elenco Pré-Copa

Salve, Buteco! O Campeonato Brasileiro/2018 chegou ao período de interrupção para a Copa do Mundo com o Mais Querido do Brasil liderando isolado o certame quatro pontos à frente dos segundos colocados - Atlético/MG e São Paulo. Muito se debateu a respeito do clube utilizar bem o período sem jogos pelas três competições que disputará no segundo semestre: o próprio Brasileiro, a Copa do Brasil e a Libertadores. O bom aproveitamento do período de paralisação envolve não apenas o período de treinamentos, como também decisões corretas na contratação de reforços para o elenco e reposições para as saídas. É que a volta das competições trará não apenas grandes desafios, como alguns problemas que não podem ser desprezados.

Nos bate-papos diários com os amigos do Buteco durante a semana, lembrei que, se no jogo contra o São Paulo o Flamengo contar com o elenco atual, teria as seguintes opções para escalar o time: Diego Alves, Rodinei, Matheus Thuler, Léo Duarte e Renê; Ronaldo (Hugo Moura); Everton Ribeiro, Diego, Lucas Paquetá e Marlos Moreno; Lincoln. Longe de ser um time fraco, é preciso reconhecer que, para esse jogo, as posições de primeiro volante e dos dois atacantes mais adiantados preocupam. As sólidas atuações de Thuler e Léo Duarte permitem que hoje não se sinta tanta falta de Réver, Juan e Rhodolfo na zaga, porém necessariamente nas posições de primeiro volante, meia ou atacante pela esquerda e no comando do ataque a situação se inverte. Ronaldo jamais demonstrou a qualidade e a força de Cuéllar e Jonas  nos desarmes, o que abre espaço para o jovem Hugo Moura como alternativa; Marlos Moreno ainda não superou a timidez e Geuvânio da mesma forma não engrenou, enquanto Berrío é uma completa incógnita, dada a gravidade da contusão. No comando do ataque a única alternativa para o jogo é o jovem Lincoln, sob pena de se recorrer a outros ainda mais jovens como Vitor Gabriel.

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Esses são os problemas imediatos, a serem enfrentados especificamente na partida contra o São Paulo. Projetando cenários para as partidas seguintes, o elenco contará com os retornos de Cuéllar, Jonas e Henrique Dourado, porém no ataque a situação continua a preocupar, haja vista a indefinição da situação jurídica de Guerrero, assim como a proximidade do final de seu vínculo contratual com o clube, e as saídas de Vinicius Jr e Felipe Vizeu. Na defesa, muito se fala da idade avançada e das constantes contusões dos zagueiros mais velhos, problema remediado com as ascensões de Thuler e Léo Duarte; contudo, a situação da lateral esquerda me parece ainda mais emergencial, pois não é concebível que Renê suporte a sequência de jogos nas três competições e, aparentemente, Trauco, que defensivamente não convenceu até hoje, tende a se transferir para a Europa.

O meio campo conta com boas opções como Cuéllar, Jonas, Diego, Everton Ribeiro, Lucas Paquetá e Jean Lucas, porém se observarmos com atenção não é razoável ter tantos jogadores subutilizados porque não reúnem condições para manter o nível entrando ocasionalmente, casos de Ronaldo, Rômulo e Ederson, sem falar no "Risco Arão", que vem sendo "assumido" nas etapas finais das últimas partidas. Porém, não se pode deixar de levar em conta que o pouco confiável cabeludo é uma das poucas opções para "segundo volante" no elenco.

A pior situação me parece ser a do ataque. Começando pela posição de centroavante, Henrique Dourado, como era previsível, não se adaptou à filosofia de jogo à base de posse de bola e troca de passes desde a saída da defesa até a construção de jogadas ofensivas. Talvez por ironia do destino, Guerrero, que, pela idade e por falta de velocidade e explosão, sofreu desde sua contratação com a filosofia de jogo à base de contra-ataques e lançamentos longos, na teoria se encaixaria muito melhor na forma de jogar do time de Barbieri, todavia, além de se encontrar em situação jurídica indefinida (punição aplicada pelo TAS e fim de contrato próximo), dá claros sinais de que a relação com o clube está desgastada por sua insatisfação com a suspensão do contrato (e do pagamento dos salários). 

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Com a licença de vocês, ainda no ataque, Vinicius Jr. é uma capítulo à parte.

Semana passada escrevi que o rapaz era praticamente insubstituível. Mantenho essa opinião. Uma análise superficial do contexto levaria à inevitável conclusão de que nossa joia da base se afoba e se precipita em diversos lances, tomando a decisão equivocada no momento de dar a assistência decisiva ou concluir a gol. Seu rendimento inclusive caiu nos últimos jogos. Logo, está longe de ser impossível encontrar um atacante que, mesmo jovem, desempenhe a mesma função tática, porém esteja mais amadurecido para o futebol profissional.

Entretanto, vamos ao contexto: Vinicius, quando veste o Manto Sagrado, corre não apenas por seu futuro profissional, mas para realizar seus sonhos de infância e jovem atleta. O desejo de vencer pelo clube de coração é latente e inegável. A pureza desse sentimento interage com uma forma física privilegiada e um talento que, mesmo ainda tendo grande parte em estado bruto (não lapidado), acaba explodindo no plano concreto em jogadas como a do gol de Everton Ribeiro no Horto, contra o Atlético/MG. Refiro-me aqui, amigos, a um pique praticamente desde a linha divisória do gramado até a pequena área adversária aos trinta e quatro minutos do segundo tempo, deixando a zaga adversária para trás "comendo fumaça". Portanto, não é só talento, mas velocidade, explosão, preparo físico e, percebam, amor à camisa traduzido em uma dedicação incomum.

Não é à toa que Vinicius raramente recebe a bola sem logo em seguida estar cercado por dois ou três adversários, como pude constatar ao vivo no Mané Garrincha durante o Fla-Flu. O efeito causado no do sistema defensivo adversário gera oportunidades para os outros bons talentos do time, como Lucas Paquetá, Diego e Everton Ribeiro. Trata-se de qualidade que Marlos Moreno, Berrío e Geuvânio dificilmente terão condições repor.

Pode até ser que ocorra alguma reviravolta e Vinicius volte para o segundo semestre, porém tudo depende do desempenho da nossa joia da base na pré-temporada do Real Madrid. Ou seja: hoje é mais seguro e sensato contar com sua saída.

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Sem pipocar, eu não contrataria para a posição de primeiro volante e arriscaria Hugo Moura no confronto contra o São Paulo. Pensando em prioridades para o retante da temporada, compor o elenco na zaga e na lateral esquerda não deve (ou não deveria) ser um grande desafio para a Diretoria, porém para reforçar e repor as perdas do ataque será preciso muito mais ousadia, além de critérios depurados, do que nas janelas de transferências internacionais dos anos anteriores e início de 2018. E se for possível empurrar pra frente ao menos o Rômulo (contando que o Ederson não terá contrato renovado), sem dúvida avançaremos na necessária "depuração" do elenco.

Palpites? Sugestões?

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A bola está com vocês para falar do Mais Querido e da Copa do Mundo.

Bom dia e SRN a tod@s.