quarta-feira, 11 de abril de 2018

Alfarrábios do Melo


OS DOZE – PARTE 1

1 - DORIVAL JÚNIOR (Janeiro 2013 – Março 2013)

PERFIL
Continuidade (já conhece o plantel), bom posicionamento de mercado, capacidade de lidar com elencos limitados, disposição para utilizar a base.
CONTEXTO
Início de nova administração, que se propõe a um trabalho de ruptura e revolução administrativa. Os mais caros jogadores da equipe (Vagner Love e Liedson) são devolvidos. Os reforços, baratos e, em quase sua totalidade, apostas. Horizonte é montar um time modesto e competitivo para conquistar Estadual e se manter na Série A do Brasileiro.
RESULTADOS
Bom início na Taça Guanabara (7 vitórias em 8 jogos). Time veloz, de contragolpe, mesclando juventude e experiência. Mas a falta de acordo na revisão do contrato (que previa gordo reajuste caso renovado) precipita sua saída, após duas derrotas seguidas.


2 – JORGINHO (Março 2013 – Junho 2013)

PERFIL
Jovem, bons trabalhos recentes (Figueirense, Seleção Brasileira), conhecimento da cultura do clube (onde foi vitorioso como jogador), enérgico, capaz de trabalhar com divisões de base e apostas.
CONTEXTO
Há uma base deixada por Dorival. A mescla de jovens e medalhões dá certo resultado, mas os reforços ainda não engrenam. A equipe ainda apresenta sérias limitações e precisa contratar.
RESULTADOS
Demora a engrenar, perda de pontos contra pequenos que custam a eliminação do Estadual, dificuldade de relacionamento com alguns medalhões (Alex Silva, Renato Abreu, Renato Santos). Jogo de contragolpe, mas executado de forma pobre. Equipe com baixo poderio ofensivo e defesa lenta. Início desastroso no Brasileiro (duas derrotas e dois empates), além de rumores de focos de indisciplina no elenco selam a sua demissão.


3 – MANO MENEZES (Junho 2013 - Setembro 2013)

PERFIL
Ascensão na carreira (ótimos trabalhos em Grêmio e Corinthians) interrompida por uma passagem apagada pela Seleção Brasileira. Identificado como um nome de peso, capaz de estancar os problemas de indisciplina atribuídos à inexperiência do antecessor. Não é conhecido por usar a base. Aceita um salário moderado, com multa baixa, mas exige que o elenco seja qualificado.
CONTEXTO
O péssimo início no Brasileiro traz à tona o fantasma do rebaixamento. O Flamengo segue vivo na Copa do Brasil, mas a eliminação é considerada questão de tempo. Lideranças do elenco (Ibson e Renato Abreu) são afastadas. Há indícios de racha e jogadores insatisfeitos. Alguns reforços começam a render.
RESULTADOS
Time excessivamente instável, irregular, sem jamais encontrar uma escalação-base. O Flamengo sai da Zona de Rebaixamento, mas se mantém a uma distância perigosamente pequena. Na Copa do Brasil o time segue avançando, com o ápice na heroica vitória que elimina o favorito Cruzeiro. Elias assume o protagonismo da equipe. Mas após uma contundente derrota para o Atlético-PR no Maracanã, Mano Menezes pede demissão de forma inexplicável.


4 – JAYME DE ALMEIDA (Setembro 2013 – Maio 2014)

PERFIL
Boleiro, “Old School”, auxiliar com anos de casa, ex-jogador (revelado com Zico, Rondinelli e Cantarele), bom de conversa, aglutinador, capaz de mobilizar as lideranças do elenco e fazer o time “correr pelo treinador”. Conhece a base.
CONTEXTO
Com a severa crise decorrente da saída de Mano, a ameaça do rebaixamento se torna mais real. O elenco está desmotivado e atônito com a debandada de seu comandante. Em poucos dias, o Flamengo enfrentará o Botafogo (que vive bom momento) pela Copa do Brasil. A Diretoria tenta Abel Braga, mas este recusa assumir um trabalho no meio do ano. Elias, Leonardo Moura e André Santos despontam como as principais lideranças do elenco.
RESULTADOS
Jayme rapidamente encontra um time-base. Elenco é mobilizado e, jogando no limite, consegue ser intenso e vistoso. Escapa com folga do rebaixamento (apesar do extracampo) e, de forma espetacular, conquista a Copa do Brasil. O título muda os planos da Diretoria (que desejava trazer um treinador renomado para 2014) e Jayme é mantido. Mas, apesar dos numerosos reforços, a perda de Elias é muito sentida. Jayme não consegue lidar com o novo plantel e com o relaxamento natural do elenco após o título nacional. Também não concilia adequadamente as disputas do Estadual e da Libertadores (perde alguns jogadores importantes por lesão). A precoce eliminação do torneio continental sela seu destino. Jayme ganha certa sobrevida com o título estadual, mas o fraco início no Brasileiro define o seu fim de linha.


5 - NEY FRANCO (Maio 2014 – Julho 2014)

PERFIL
Bom momento na carreira (vitorioso no São Paulo, elogiado no Vitória), capacidade de trabalhar com apostas e jovens, bom relacionamento interpessoal, aglutinador. Conhece o Flamengo, onde conquistou títulos. Dificuldades para lidar com problemas disciplinares.
CONTEXTO
Elenco desmotivado com a eliminação da Libertadores, alguns jogadores incomodados com a reserva, focos de divisão no elenco começando a se formar. Início ruim no Brasileiro volta a assombrar. Perspectiva de parada na Copa do Mundo para preparação mais adequada.
RESULTADOS
Em decisão notavelmente controversa, o elenco ganha férias durante parte da Copa. A contratação de Ney Franco se revela um grave erro de avaliação, pois o treinador jamais consegue se impor a um grupo coalhado de lideranças divergentes entre si. Sem jamais definir uma filosofia clara de trabalho, Ney afunda com os resultados e é demitido após apenas sete jogos à frente da equipe. No cartel, três empates, quatro derrotas e nem uma mísera vitória.


6 - VANDERLEI LUXEMBURGO (Julho 2014 – Maio 2015)

PERFIL
Medalhão decadente, com os tempos de protagonismo já se esvaindo num passado cada vez mais distante. Retrospecto recente de trabalhos ruins (Atlético-MG, Fluminense), com a irônica exceção de uma passagem razoável pelo próprio Flamengo em 2010-12. De personalidade forte, vaidoso, faz-se respeitar pela biografia.
CONTEXTO
Elenco rebelado contra a Diretoria (jogadores ainda não digeriram o “esporro vazado” do Executivo Felipe Ximenes após uma derrota para o Cruzeiro). Os focos de racha se acentuam. O Flamengo, na lanterna do Brasileiro, parece sem forças para reagir contra o Rebaixamento. A Diretoria, impotente, traz mais reforços.
RESULTADOS
Carregar um saco de cimento nas costas é o lema. Enérgico, motivado e disposto a recuperar sua reputação, Luxemburgo constrói um Flamengo competitivo ao extremo e capaz de ombrear contra qualquer equipe do país. Consegue extrair ótimo desempenho dos reforços, engata uma sequência de cinco vitórias seguidas e escapa do Rebaixamento de forma até mais tranquila que no ano anterior. No entanto, uma derrota traumática nas Semifinais da Copa do Brasil soterra o prestígio de Luxemburgo, que jamais se recupera do revés. Seu contrato é renovado (numa decisão que não é unânime na Diretoria), mas Luxemburgo não consegue reeditar o êxito dos primeiros meses. Seu time é confuso e pouco objetivo. Chegam reforços, mas dessa vez o encaixe não é imediato. O treinador começa a irritar a Diretoria pela forma como elogia outros clubes (chegando a se dispor a ouvir propostas de Internacional e São Paulo) e pela tendência ao distanciamento das atividades de campo. O controverso Jayme de Almeida volta ao clube a seu pedido. O Flamengo é eliminado do Estadual e começa, mais uma vez, muito mal o Brasileiro. E Luxemburgo é demitido.

(SEMANA QUE VEM - PARTE 2)