quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Inicio de temporada

E o ano de 2017 não satisfeito por todas as confusões e atrapalhadas resolveu estender seus tentáculos ainda em 2018, no caso Rueda, e no coordenador técnico que foi sem nunca ter sido, o Carpegiani.

Não que o Flamengo tenha sido pego de surpresa. Desde as primeiras notícias do interesse do Chile em Rueda, não seguido de desmentidos, vimos a imensa nuvem de fumaça indicando fogo no recinto.

Rueda foi cozinhando o Chile. Por sua vez, Flamengo, segundo consta, contactava o Rueda que garantia sua volta ao clube.

Mas no Flamengo nada é simples. Técnico estrangeiro também não. De acordo com o nome e qualidade dos mesmos, estão sempre aptos a serem chamados a dirigir alguma seleção. Diferente, claro, dos brasileiros, péssimos ou arcaicos em termos de armação tática e treinamentos.  E seleção, creio, é uma espécie de maná para os técnicos. Com poucas partidas ou cobranças, se não tiver nenhum torneio relevante, dá para ir levando sem aquela pressão diária que sentem nos clubes. É uma espécie de spa muito bem remunerado com prestígio. Convenhamos, um canto de sereia de forte apelo.

E Rueda seguiu o canto da sereia, não querendo se "amarrar ao mastro" do Flamengo para se proteger desta canto, tal como Ulisses fez em sua Odisseia. Bem, é um clube cujo departamento de futebol ainda é semi-profissional. Com dirigente amador metendo o bedelho em funções táticas e talvez mesmo operacionais. Junto com o dito CEO, se divertindo em frequentar ônibus com o elenco e participar das rezas.  Com o diretor executivo lavando as mãos, se escudando numa pretensa "falta de autonomia" enquanto segue empregando amiguinhos desqualificados. Sinceramente, não é um clube, hoje, de "se amarrar ao mastro". Junte a isto uma torcida exigente que se mostrou extremamente agressiva na decisão contra o Independiente, certamente assustando o treinador colombiano, que pode ter imaginado coisas piores caso a frustração aumentasse este ano.

E no meio a isto, o cargo de coordenador técnico. Uma iniciativa do Lomba, o novo VP de Futebol. Uma função, para mim, altamente necessária no Flamengo, visto a miopia esportiva dos atuais profissionais do departamento, como Rodrigo Caetano e Mozer. É preciso uma figura importante para definição, defesa e aprimoramento do sistema de jogo, avaliação da comissão técnica e performance de jogadores, tanto para renovação, como contratação. Flamengo hoje depende demais destes míopes e da comissão técnica da vez. E como vimos, comissão técnica é algo passageiro. 

Mas o coordenador técnico na falta de tu, virou tu mesmo. Assumindo o cargo de técnico no lugar do Rueda. Foi uma boa opção? Para mim não. Mas confesso que em termos de treinador brasileiro faz parte daquele mais do mesmo medíocre generalizado. Não vejo outro treinador alternativo a ele, disponível, que dê para ficar revoltado por não o chamarem no lugar. E mais um treinador estrangeiro qualificado seria demais para este Departamento de Futebol tacanho. Dois em sequência? Não. Muito complicado (para eles). Até agora nem acredito como foram atrás do Rueda. Saíram da caixa. E isto ao menos nos proporcionou um time mais competitivo que o técnico anterior. Chegamos a duas decisões de torneios relevantes e diferentes. Numa decisão fomos melhor (Cruzeiro) mas perdemos nos péssimos goleiros que tínhamos. Noutra, o Independiente era um time melhor, mas só ganhou com um penalti escandalosamente roubado. Enfim, poderíamos ter ganho um destes títulos. Com o técnico anterior, que parecia que usava uma fralda geriátrica a cada jogo eliminatório, tal a forma como se borrava todo na beira de campo, não chegaríamos a lugar algum.

Flamengo também está se livrando de parte da perebagem. Marcio Araujo e Gabriel encaminhados. Victor "pesadelo" Hugo também substituído por outro preparador de goleiros. Enfim, o futebol do Flamengo parece ter incorporado outra filosofia. Junte a isto o freio em contratações intempestivas de jogadores medalhões mas sem condições de jogo, como o Rômulo. Na justificativa de não comprometer o orçamento com furadas, e ainda possa aproveitar mais os jogadores oriundos da base, que ficam na geladeira, muitas vezes, por causa de outros atletas de qualidade igual ou inferior a deles.

O ano de 2018 se prenuncia difícil. Mas, pelo menos, a torcida não terá aquela expectativa fora do comum que teve no início de 2017, que a fez cega quanto ao péssimo e paneleiro treinador que o Flamengo tinha para guiá-lo em 2017, para trazer tantos títulos como esperava. Agora não, com Carpegiani, não há furor. Não há grandes expectativas. Só a espera. Talvez seja melhor. Quem sabe ganhamos algo?