sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Vai tudo muito bem, obrigado











Irmãos rubro-negros,




infelizmente, o tão esperado título da Copa do Brasil não veio para a Gávea.

E por que não veio? Porque o Diego não jogou nada e ainda perdeu um pênalti? Porque o Thiago falhou decisivamente no primeiro jogo da final? Porque o Muralha não pega pênalti?

Sim, é evidente que esses erros individuais contribuíram para o revés. 

Mas o problema, amigos, repetirei novamente, está mais acima, na cúpula de comando do futebol.  

Basta olhar a "big picture", as derrotas e os inúmeros vexames a que esta gestão relegou o futebol do Clube de Regatas do Flamengo. A decepção de ontem é só mais uma para a coleção.

Afora a eliminação na primeira fase da Libertadores e a perda do título da Copa do Brasil para uma equipe de elenco inferior, o clube está na sétima colocação do Campeonato Brasileiro, não tendo vencido nenhum dos times que estão à nossa frente na tabela de classificação. É razoável um trabalho assim ser qualificado como "bom", como o fazem a diretoria e seus ardorosos bajuladores?

O problema, amigos, antes de tudo, é de mentalidade.

Mentalidade.

Além do conformismo, da vaidade e da arrogância, há também bastante rancor, tendo em vista que o Bandeira e seus camaradas não tiveram a cortesia de convidar Bap, Wallim e outros para a inauguração do CT e, cúmulo da grosseria, vetaram ao Márcio Braga, o presidente mais vencedor da história do clube, acesso ao camarote da diretoria no primeiro jogo da final, simplesmente porque o Márcio chamou o EBM de "pé-frio".

Engraçado que, na hora de bater na porta do Márcio Braga e pedir apoio político, a postura é bastante diferente.


Embora lamentável, trata-se de uma entrevista bastante reveladora.

Não se iludam, amigos. Aquilo que foi dito não é apenas uma opinião pessoal do Bandeira. Ele é a personificação de uma visão de Flamengo que é compartilhada por dirigentes (creio que não todos), grupos políticos de apoio e torcedores.

Não tenham dúvida alguma disso.

Não vou entrar em pormenores estarrecedores do futebol do clube, como Cuéllar e Juan reservas de Márcio Araújo e Vaz, respectivamente, sendo que o clube quase negociou o Cuéllar para ficar com Rômulo e Márcio Araújo; ou a questão até hoje não explicada (por que  não esclarecem?) da escalação do Conca há quatro ou cinco meses, o que fez incidir a cláusula contratual que obriga o clube a pagar-lhe R$ 500.000,00 mensais de salários. Ele entrou em campo duas ou três vezes e nunca mais. Ninguém se responsabilizará por esse prejuízo milionário aos cofres da instituição? Acha-se normal um episódio como esse?
  
Eu faço questão de publicar aqui trechos da entrevista do presidente Eduardo Bandeira de Mello, concedida às vésperas de uma final tão importante, em que se fala de tudo, até de política, menos da decisão.

Já aviso de antemão que, vencendo ou perdendo, eu publicaria excertos dessa entrevista, hoje ou na próxima semana, em virtude da importância de que ela se reveste quanto ao que se enxerga como projeto de futebol para o Flamengo.

Como não vencemos, publico hoje mesmo, porque certos pratos devem ser comidos ainda quentes.

Peço aos amigos que leiam com muita atenção o que é dito pelo presidente, lembrando que ele é a voz de uma percepção de Flamengo que também permeia aqueles que o cercam, dentro e fora do clube, alguns dirigentes, grupos de suporte político e torcedores-aduladores. 

Não acrescentarei nenhum comentário, pois a entrevista é autoexplicativa.

Apenas finalizo, perguntando-lhes: é essa visão de futebol que queremos para o nosso amado Flamengo?

  

GloboEsporte.com: Você esteve no CT no último treino antes da viagem. Como está a concentração, o clima, para a final?

Eduardo Bandeira de Mello: Sempre estou no CT. Nosso grupo de jogadores é extremamente responsável e tem plena consciência do que é o Flamengo.

Desde janeiro, você tem acumulado o cargo de vice-presidente de futebol. O que mudou na sua rotina? Seus pares da diretoria chegaram a sugerir a escolha um novo VP de futebol, não?


O Flamengo tem uma administração profissional. Foi uma promessa de campanha inclusive. Então, eu sou vice de futebol, sou presidente, mas o futebol é tocado pelo departamento. Existem argumentos prós e contra (para escolher um VP de futebol). Agora, eu acho que não faria muita diferença. Quando a barra pesa, independente de ser ou não vice de futebol, essa conta vai chegar em mim. E tem que chegar mesmo. Porque o responsável acaba sendo eu.

Como funciona hoje essa hierarquia no futebol? Você tem participado mais, assim como Fred Luz, com o diretor Rodrigo Caetano...


O Fred Luz é diretor geral do clube. O departamento de futebol está abaixo dele, assim como o de marketing, como o financeiro... Os vice-presidentes do Flamengo formam uma espécie de conselho de administração. Traçam diretrizes, cobram resultados. O dia a dia do Flamengo é totalmente tocado pelos profissionais. Isso vale para o futebol, como para esporte amador, marketing...








Mas o Fred tem participado bastante do futebol, até em contratação, viagens para negociar jogador...


Ele sempre participou. Ele é chefe do Rodrigo Caetano. Então é natural que participe, que acompanhe o departamento de futebol. Futebol é o assunto mais importante do Flamengo, embora os outros todos também sejam.

O Flamengo foi campeão carioca, mas caiu na Libertadores cedo. Caso não ganhe mais título algum no ano, acha que pode ser considerado um ano ruim? O senhor já falou outras vezes que o futebol é o calo dessa gestão, certo?

Não acho que o futebol seja o calo desta gestão.
Acho que os investimentos estão sendo feitos no clube inteiro, e o futebol, que sofreu no início da administração, está começando a poder ser mais investido. É um processo. Estamos dando todas as condições para que as coisas aconteçam. Acho que é um indício de que a coisa está andando bem. Mas não podemos garantir que vai ganhar todos os campeonatos. Temos que dar condição para o Flamengo disputar em alto nível e jogar para ganhar todos os torneios. E isso estamos fazendo. A gente pode terminar o ano com um sucesso maior ou menor, mas o trabalho está sendo feito. Isso ninguém pode negar. O ideal, claro, é ganhar quarta-feira, ser campeão da Copa do Brasil, ganhar a Sul-Americana. Isso quer dizer que o Marcelo Vido (diretor de esportes olímpicos) e o Neto (técnico do basquete) são incompetentes? Pelo contrário. São os mais competentes nas suas atividades. Mas pode acontecer. Nós encontramos o Flamengo em uma situação caótica. Nós tivemos muitas dificuldades. O ano de 2014 foi um pouco melhor, 2015 também. A partir daí estamos investindo cada vez mais no futebol. Esse resultado vai acontecer. Você não pode garantir que venha hoje, amanhã ou depois de amanhã. Mas se você está fazendo a coisa certa vai acontecer. 
  
Depois da traumática eliminação na Libertadores, muito se falou sobre o termo ''falsos rubro-negros''. Afinal, a quem se referia? 

Essa questão foi explorada maliciosamente. Fui a uma das coletivas no CT e expliquei. Jamais chamei torcedores de falsos rubro-negros ou disse que quem criticava era falso rubro-negro. Falo daquele cara que torce contra por motivos pessoais, motivos políticos, econômicos. São poucos, muito poucos. E não existe só no Flamengo. Quando o Flamengo perdeu do San Lorenzo, estavam comemorando os que não gostam do Flamengo e os poucos falsos rubro-negros. Esse tema tentaram distorcer como também fizeram o mesmo quando falei nos meus protegidos.
Você não protege seu filho que sofre bullying? Ao proteger jogadores que estão sendo desrespeitados, o time todo se sente protegido. Protegido é uma maneira de falar. Jogador que não está sendo perseguido hoje, pode ser amanhã e sabe que vai ter apoio do presidente, dos diretores...

O Pará há pouco tempo foi perseguido, e o senhor o protegia...


Em 2015, na reeleição, teve um rubro-negro influente que me falou: ''Estou pretendendo votar na sua chapa, mas só vou fazer isso se mandar o Pará embora''. Eu disse para procurar outro candidato. Ele acabou votando em mim.
O Pará não é o novo Leandro, mas é um lateral-direito que tem inúmeras qualidades e é reconhecido por todo mundo, em outros clubes inclusive. É raçudo, tem a cara do Flamengo e é Flamengo desde criança.

E tem tido um desempenho ótimo. Se jogou mal algumas partidas em 2015 e foi perseguido, nada mais justo do que dar um respaldo. E hoje está provando ser ótimo jogador. E pode acontecer com jogadores que estão sendo perseguidos hoje. São ótimos jogadores.

Você fala do Márcio Araújo, do Gabriel, do Rafael Vaz, correto?

Rafael Vaz, Muralha, Márcio Araújo, Gabriel, Pará lá atrás...Eu já disse para o Pará que ele deixou de ser meu protegido, já passou desta fase. Ele já não sofre mais bullying (risos).


Após a eliminação da Libertadores, o Zé Ricardo recebeu respaldo da diretoria. Soube que ficou abatido para demiti-lo. Queria mantê-lo?  

O Zé Ricardo é um excelente profissional e vai demonstrar isso na sequência da carreira dele.
Você ver uma pessoa dedicada, estudiosa, trabalhadora e que faz um bom trabalho e acaba sofrendo um massacre, o que faz com que perca a serenidade para trabalhar.
Acho que o que aconteceu foi isso. O que acho que errei no Flamengo foi alta rotatividade de treinadores. Poderíamos ter tido mais paciência com alguns, mas não quero citar nomes. Essa coisa de trocar a cada três derrotas não vai levar a lugar nenhum. Nós tínhamos sim a intenção de manter o Zé Ricardo para que ele fizesse o trabalho dele, mas chegou um ponto que não deu.
Desejo sorte para ele na sequência da carreira. Agora a realidade é outra. Rueda vai agregar muito ao nosso trabalho, trazendo experiência internacional. Até para as competições sul-americanas, que o Flamengo não vem desempenhando tão bem quanto a torcida merece.

Mas esse clima de "massacre" do Zé estava em processo até bastante tempo antes da demissão. Acha que demorou a mexer?

É difícil dizer em que momento a coisa aconteceu, ou se podia ter sido um pouco antes ou depois. Identificamos como irreversível naquele momento. Foi uma avaliação inclusive dele. Mas nada contra ele, tanto que houve a intenção de mantê-lo conosco em outra função. Mas acho que é um treinador que vai fazer história no futebol brasileiro.

A coluna "Radar", da Veja, deu nota informando que você foi a um evento com a Marina Silva com carro do Flamengo. Não misturou o Flamengo com sua agenda pessoal política, fora do clube?

Não misturou de jeito nenhum. Em primeiro lugar porque eu conheço a Marina há muito tempo. Desde que ela era ministra do Meio Ambiente e eu era chefe do departamento de Meio Ambiente do BNDES. Contato com políticos é a coisa que eu mais fiz desde que virei presidente, sempre pelos interesses do Flamengo. Passei dois anos e meio enfurnado no Congresso Nacional para tentar aprovar o Profut.
Por obrigação eu tenho que ter contato com governador, com prefeito, com políticos inclusive de outros estados. Isso é perfeitamente natural. O fato de eu ter ido com carro do Flamengo foi porque a reunião aconteceu aqui a poucos metros do Flamengo. O que eu faria? Era uma reunião, que até poderia ter interesse do Flamengo, ainda que fosse coisa exclusivamente pessoal, mas estava aqui às 18h, a reunião era 18h30, no caminho da minha casa.
O que eu deveria fazer? Devo ir em casa, trocar de carro, pegar engarrafamento e voltar para o evento? Não ganho nada do Flamengo, nunca pretendi e acho que jamais seria o caso, mas o Flamengo coloca à minha disposição e à disposição de alguns executivos algumas facilidades para exercício da função, mas que eventualmente, residualmente, são usados fora.
Por exemplo, eu tenho dois telefones aqui. Um é meu, outro é do Flamengo. Se ligar para um e me convidar para tomar um chope, vou atender: "ah, não. Chope eu tenho que atender no outro telefone"?
É assim em todas as empresas. Eu trabalhava no BNDES e tocava o telefone era a minha mulher para dizer que meu filho estava doente. Eu vou falar, "peraí, isso é particular, não posso atender no telefone do BNDES". Então, quer dizer, tem internet, telefone, segurança pessoal...
Quando saio daqui para almoçar com um amigo meu, as pessoas que querem me agredir porque o Flamengo perdeu não vão deixar de agredir porque estou na minha hora de almoço particular. Então isso é questão de bom senso. Quem soltou essa notinha fez de maneira mal-intencionada. Eu vejo assim.

Muitos torcedores comentam que o discurso da diretoria numa derrota, como na Libertadores, é de aceitação, que falta indignação na diretoria, no departamento de futebol...

Não houve aceitação nenhuma. Aquela derrota no dia 17 de maio, estamos todos, até hoje, chateados com aquela eliminação. Simplesmente acho que não é produtivo, nem é correto você jogar para a arquibancada e dizer "fui lá e dei uma bronca, eu fiz, aconteci". Você não faz isso na sua família. Se você tem um filho com problema na escola, se precisar você põe de castigo e tudo. Se acha que resolve com diálogo você conversa.
E não precisa ficar dizendo para o vizinho, "fiz isso com fulaninho, olha". Não é bom para ele, para você, para o vizinho, para ninguém. Acho que o que falei naquele dia da eliminação, mas, como sempre, fui mal-interpretado, foi que temos que sentar, conversar, trabalhar e corrigir. E fizemos isso, estamos fazendo isso. Agora, detalhes não interessa a ninguém. Interessa a nós. É uma questão interna.








Pela expectativa natural por ser grande jogador, você esperava mais do Conca? Foi um investimento mal feito?

Investimento no futebol não é caderneta de poupança, que você sabe quanto vai render. Mas, não sei, pode ser que até o fim do ano ele entre bem e tenha fim de ano excepcional. É o que todos rubro-negros querem. Conca é um excelente jogador, chegou ao Flamengo depois de fazer duas cirurgias seguidas, entrou em processo de recuperação. Fizemos contrato de risco. A partir de determinado momento o treinador achou que deveria escalá-lo. Não escalou muito porque é definição do técnico.

Você está falando que ele melhorou ao chegar no Flamengo. Recentemente, a torcida fez mais uma campanha para pedir a saída do preparador Victor Hugo, que ele não está no ápice da carreira, falam do preparador de goleiros particular do Diego Alves, que é bem mais novo. Como acompanha esse movimento?

Mas a qualidade do treinador de goleiros se mede de acordo com o chute dele?
Ainda assim, vai para o gol e pega um chute do Victor Hugo. De direita e de canhota. Para mim, é mais um perseguido, se apegam a isso porque o Muralha teve uma fase não muito boa, mas mesmo assim na saída de bola com o pé.
Dentro do gol, em jogo mesmo, não. Aí começa essa paranoia por um goleiro que poucos meses antes estava na Seleção. Não serve mais agora e o culpado é o preparador de goleiros? Pelo amor de Deus. Ele treinou o Dida, treinou vários goleiros excepcionais. Ele tem conceito excelente entre os próprios preparadores, já conversei com alguns.

Outro dia você estava conversando com o Flavio Tênius na beira do campo até antes de enfrentar o Botafogo...

Deve ter por volta de 60 anos, igual ao Victor Hugo. Flavio é ruim? Não, ele é excelente, como o Victor Hugo. Cá entre nós, se chutar forte fosse característica para virar treinador de goleiros, seria então o Roberto Carlos o preparador de goleiros.

Vejo na sua sala o quadro da Copa do Brasil 2013 e um calendário em sua mesa que destaca o mesmo título. Como está o torcedor Eduardo para essa final: confiante?

O torcedor Eduardo quer que essa parede fique repleta de quadros de títulos do Flamengo. A nossa obrigação é essa. Correr atrás de todos títulos. Pode ter certeza que quarta-feira, respeitando muito o Cruzeiro, o Flamengo vai jogar para ganhar.

A confiança está alta?


Confiança de quem sabe que o trabalho está sendo feito, bem feito, de quem conhece os jogadores. Respeitando sempre o Cruzeiro.






...


Abraços e Saudações Rubro-Negras.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.