segunda-feira, 10 de julho de 2017

Ecos de São Januário e o Mito do "Território Hostil"

Salve, Buteco! Passado o domingo de descanso, no qual a Nação Rubro-Negra foi espectadora do desenrolar da 12ª Rodada, ainda há muito o que se falar a respeito da vitória de sábado. Vocês por acaso já pararam para se perguntar por que a torcida está lhe dando todo esse valor? Pelo nível do atual time do Vasco da Gama certamente não é. Não apenas por seu elenco de baixo nível técnico, o tradicional adversário cruzmaltino não pode ser comparado ao Mais Querido nos dias de hoje em níveis de tamanho de torcida, estrutura profissional e saúde financeira. Nem por isso a vitória deixou de ser gigante, primeiro porque todo o contexto era adverso para o Flamengo: retrospecto recente ruim nos jogos fora-de-casa (basta lembrar da Libertadores da América); retrospecto recente ruim em São Januário, com derrotas para o anfitrião em 2005 e 2016; o mito do "território hostil", que na prática cria uma "trava psicológica" para o time e aumenta o "tamanho" do adversário, e o clima de guerra criado dentro do Estádio por dirigentes e torcida rivais, levado para dentro de campo pelos jogadores do Vasco da Gama.

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Pra começar, que tal falarmos do retrospecto e do mito do "território hostil"? Tomando como fonte dados extraídos da Netvasco pelo site Torcedores.com, Vasco da Gama e Flamengo se enfrentaram em São Januário por 36 (trinta e seis) vezes, já contando a partida do último sábado, e os números mostram que o resultado mais comum não é a vitória do anfitrião, que tem 16 (dezesseis) triunfos, contra 11 (onze) do Flamengo e 9 (nove) empates. Senhoras e Senhores, estamos falando do tal "Caldeirão", onde supostamente a equipe da Cruz de Malta deveria ser imbatível. Isso por acaso é retrospecto decente de um mandante? Tá longe de ser um "território hostil", concordam? Aliás, se a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro trabalhassem de forma técnica e séria e efetivamente proporcionassem segurança à torcida, principalmente a visitante, e aos profissionais de imprensa, eu adoraria ver o Flamengo jogar mais vezes em São Januário contra o Vasco da Gama, pois seria questão de tempo a reversão dessa estatística.

Nossas vida e saúde são os bens mais preciosos que possuímos. A expressão "território hostil" só tem mínima credibilidade quando afastada do âmbito esportivo. Cuida-se, portanto, de tema afeto à segurança pública, assunto da mais alta seriedade. Contudo, com a bola rolando, jamais poderemos nos esquecer que São Januário é o nosso salão de festas.

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Antes de falar sobre futebol, o "clima de guerra". Como de costume, a postura da Diretoria vascaína, useira e vezeira em incitar um clima de hostilidade da torcida cruzmaltina contra a rubro-negra que vai muito além da rivalidade esportiva, aprontou mais uma das suas. Antes de iniciado o jogo, anunciou-se que a sala de imprensa de São Januário não seria disponibilizada ao Flamengo. Como em um regime de exceção, impediram o adversário de se manifestar em seus domínios, em plena competição esportiva. Nada poderia definir melhor as pessoas que hoje controlam o Vasco da Gama.

Como se não bastasse, teve mais na coletiva pós-jogo: o cidadão que preside o Vasco da Gama pediu desculpas à própria torcida (?) e "desculpas genéricas". Não pediu desculpas ao rival esportivo ao qual tinha a obrigação legal de garantir condições de segurança, cuja comissão técnica e atletas tiveram que deixar o gramado correndo, juntamente com o trio de arbitragem, para não serem atingidos pelas mais diversas espécies de objetos lançados por sua própria torcida, aquela mesma a qual pediu desculpas (!).

Cadê você, imprensa esportiva brasileira? Pode tudo contra o Flamengo? Até quando morre uma pessoa?

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Aliás, como as bombas entraram em São Januário? Um dos fatores essenciais para que o episódio não se repita nunca mais é o clube ser exemplarmente punido, com interdição do estádio e perda de mandos de campo. Espero que a imprensa não se omita.

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Finalmente falando sobre futebol, é realmente incrível como o Everton Ribeiro agregou qualidade a esse time. Joga muita bola o sujeito! No esquema tático atualmente utilizado por Zé Ricardo, Guerrero é o jogador mais adiantado e Everton Ribeiro, Diego e Everton formam um trio de meias responsável por municiar o centroavante peruano e também concluír a gol. Nota-se que o nosso mais recente reforço de alto nível ainda se ressente do ritmo de jogo ideal e provavelmente sente diferença em nível de preparo físico, afinal de contas jogava no pouco competitivo futebol do Mundo Árabe. Além disso, não tem como já estar entrosado com o time se disputou apenas quatro partidas pelo Flamengo, uma delas com uma equipe mista ou alternativa. Porém, é impossível não termos expectativas bastante positivas quanto ao futuro, principalmente porque o desempenho inicial é muito bom, inclusive para um reforço de alto nível.

Vejam só os números: com Everton Ribeiro, o Flamengo disputou 4 (partidas) e venceu todas! Vale ainda destacar as assistências para o segundo gol contra o São Paulo e o gol da vitória contra o Vasco da Gama. Everton Ribeiro, sem a menor sombra de dúvida, veio para aumentar o bom retrospecto que o Flamengo já tinha com Diego: 41 (quarenta) e uma partidas, com 25 (vinte e cinco vitórias), 12 (doze) empates e apenas 4 (quatro) derrotas.

Meu amigo Luiz Mengão Eduardo lembrou outro dia que números são como biquínis: mostram muita coisa, mas escondem o mais importante. No caso do Flamengo, creio que são o desempenho fora de casa em jogos mais importantes e maior poder ofensivo. Sábado mesmo, em São Januário, a incontestável superioridade rubro-negra durante os 90 (noventa) minutos poderia ter sido representada por pelo menos mais um gol. O aumento da qualidade técnica do time por si só propicia, como já foi possível ver, mais trocas de passes e melhora na construção das jogadas. O entrosamento que inevitavelmente virá também ajudará bastante. O treinador, porém, precisará ajudar nessa parte. Por exemplo, os volantes não participam da saída de bola e nesse ponto o esquema tático não precisa ser sacrificado por preferências pessoais por tal ou qual atleta. O detalhe é importante, já que uma boa transição ofensiva pode garantir contragolpes certeiros ou elevar o nível de construção das jogadas, e não há necessidade alguma de perder um meia-atacante na frente para executar a saída de bola.

Quanto às nossas chances no Campeonato Brasileiro, o aproveitamento do Corinthians de fato é surpreendente e supera qualquer expectativa. Creio que, para ser campeão, o Flamengo não terá apenas que atingir o patamar do Corinthians e sim superá-lo. É que a distância atualmente é de nove pontos e apesar de em tese poder ser reduzida para seis nos confrontos diretos, na prática ambas as equipes não vencerão todas as outras partidas, daí a necessidade de ter desempenho superior para tirar essa diferença. Psicologicamente, porém, duas vitórias nos confrontos diretos contra o líder, além de bom desempenho nos jogos mais importantes pode vir a ser um fator de desestabilização dos rivais. Nesse ponto, o Flamengo depende apenas de si.

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Aguardando ansiosamente quinta-feira, quando o Mais Querido entrará em campo novamente para enfrentar o espinhoso Grêmio, na Ilha do Urubu, valendo a vice-liderança do campeonato. Como sempre passo a palavra a vocês, inclusive para que contem suas expectativas para a semana, que terminará domingo em um confronto contra o Cruzeiro, no Mineirão, as 16:00h.

Bom dia e SRN a tod@s.