quinta-feira, 20 de abril de 2017

O palco

All the world's a stage
All the world’s a stage,
And all men the men and women meerely players:
They have their exists and their entrances;
And one man in his time plays many parts,


(tradução)
O mundo é um palco,
E todos os homens e mulheres são meros atores:
Têm suas saídas e suas entradas;
E um homem em seu tempo atua muitas peças,

(Shakespeare)


O esporte tem esta capacidade incrível de sintetizar o comportamento humano. Tenacidade, ética, ambição, corrupção, vaidade, arrogância, destemor. A competição é um palco. Os jogos são representativos singulares do que nos é posto diante da vida. Torcedores atuam como expectadores, críticos ferozes, estimuladores e sentem na alma vitórias, derrotas, a luta ou a falta de luta. Os jogadores atuam diretamente no que se é visto, sentido, questionado, avaliado. Comissão técnica orienta esta atuação, selecionam os atores e traçam rumos de "vida ou morte" enquanto há esta "vida temporária", que se trata um jogo, em ação. Dirigentes produzem as condições para que o acontecimento se apresente perante o público. A mídia  consagra, critica prepara o ânimo, analisa e serve como fonte de informação ao entorno. 

Neste ambiente complexo temos a regra de esportividade em que o vencedor deveria se fazer no campo. Mas não. Há o vencedor-perdedor que na impossibilidade de vencer dentro do campo, constrói suas vitórias fora do mesmo. Através de conluio com arbitragem, da manipulação de dirigentes organizadores de competição, de manipulação jurídica. Vencem matando o esporte através da canetada de gente sem escrúpulos e vida cinza, que desconhece ou ignora a importância que o jogo tem na formação moral e cultural da sociedade. Se criam leis abusivas fora de campo que tiram pontos por enganos comuns, que dependendo do clube são aplicadas ou não, para garantindo  instrumento de pressão para manipulação e poder. Se organizam competições em que os clubes são obrigados a entregar a maior parte do quinhão financeiro a Federações, comandadas por caciques que se perpetuam, manipulando clubes com regras exóticas, empréstimos e re-empréstimos.

O vencedor em campo precisa lutar contra seu adversário e contra esta corja espúria parasitária que ganha poder e dinheiro manipulando resultados esportivos, entregando taças a perdedores, a clubes de outras divisões. Os clubes, desunidos, inimigos entre si, celebram cada derrota na tribuna de seus rivais, abraçados junto ao interventor, que os observa a jugular para matar eles também. 

Na falta de confiança mútua, devido ao precário senso moral, ético e esportivo de grande parte dos dirigentes amadores e profissionais de clubes, uma união voltada ao bem comum é improvável. Inimigos, manipulados, se tornam dependentes de Instituições que os regule, que os massacre, que os sugam. E dela alguns se aproveitam para mais poder perante outros clubes.

E o nosso palco, então, apresenta o jogo. Torcida, jogadores, comissão técnica, profissionais, dirigentes, se apresentam. Vivemos mais este papel. E serpentes, vermes, ratos controlam o resultado de longe ou de perto, e os bem intencionados, enquanto não se organizam e chegam a um entendimento, precisam lidar com péssimo cheiro que estes seres abjetos exalam.