segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Despedida Melancólica

Salve, Buteco! O 0x0 de ontem na Arena da Baixada foi nada mais, nada menos do que uma melancólica repetição, em sua última rodada, da média de apresentações do Mais Querido no Campeonato Brasileiro/2016. Time compacto, com bom poder de marcação e os meias/pontas auxiliando bastante na recomposição, índice alto de posse de bola, inobstante jogar fora contra o melhor mandante do campeonato, e algumas poucas oportunidades de gol criadas, pois é marca do time a baixa produtividade do ataque, apesar de haver terminado a competição na terceira colocação. Grande parte da torcida esperava de Zé Ricardo maior ousadia na escalação, uma vez que o G3 já se encontrava garantido, mas prevaleceu a postura cautelosa e conservadora do jovem treinador, que neste ponto lembra um de seus veteranos colegas do futebol brasileiro por sua pouca disposição para correr riscos e na maior parte das vezes optar pelo convencional.

É bem verdade que Zé Ricardo, já na segunda metade do segundo tempo, ainda tentou uma formação mais ofensiva em busca da segunda colocação e da respectiva premiação, mas ao que parece o árbitro Elmo Rezende agiu com pouco profissionalismo e resolveu perseguir Mancuello. Não me lembro se pouco antes ou logo após o lance em que o argentino arrematou perigosamente a gol no canto esquerdo da grande área paranaense, obrigando Weverton a fazer uma difícil defesa com a ponta dos dedos e provocando o escanteio, foi possível ver o nosso atleta, "marrento" e de temperamento forte, reclamar do árbitro, mal posicionado, haver atrapalhado uma sequência de troca de passes no ataque do Flamengo. Em seguida vierem os dois cartões amarelos injustos (sem justa causa) e a expulsão inusitada, que contiveram o ímpeto da nossa equipe, garantiram a vaga na Libertadores para o Atlético/PR e impediram maiores observações sobre o esquema ofensivo com dois centroavantes. Uma atitude errada do atleta (reclamação ostensiva de Mancuello, que possivelmente justificaria o amarelo) evidentemente não justifica as outras do árbitro, que "estragou" o final da partida e merece punição por sua conduta distorcida.

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A pouca resolutividade do ataque não impediu uma boa campanha no Campeonato Brasileiro e a terceira colocação, garantindo a vaga direta na Libertadores da América/2017, já que a competição nacional valoriza a regularidade, ainda que essa característica frequentemente torne as equipes um tanto burocráticas. Com o Flamengo desse ano isso certamente aconteceu. Todavia, a "Liberta" tem uma fase de grupos muito célere (seis jogos) e depois segue, a partir das oitavas-de-final, com um "mata-mata" implacável e impiedoso, no qual equipes inefetivas, pouco decisivas e que não conseguem se impor com mando de campo são invariavelmente condenadas à eliminação.

Esse é apenas um dos desafios de Zé Ricardo para 2017. Outro é conseguir dar alternativas táticas para o time que não a do manjadíssimo 4-2-3-1 com meias-pontas inefetivos nas conclusões em prol do ganho defensivo. Dificilmente o Flamengo progredirá em nível de metas sem evolução significativa nesses dois aspectos.

Melhorar o plantel certamente auxiliará o trabalho do treinador, que, porém, também precisa se ajudar. Jogar a responsabilidade no elenco é tapar o sol com a peneira, dada a evidente queda de qualidade tática da equipe na reta final do Brasileiro/2016, que levou a uma desagradável distância de nove pontos e quatro vitórias do líder e campeão Palmeiras, que venceu quatro de suas cinco últimas partidas e, comparativamente, tem um elenco de nível semelhante ao nosso. A inevitável pergunta que fica é se Zé Ricardo tem condições de levar o Flamengo, que venceu duas de suas últimas cinco partidas, a um patamar superior em 2017.

Da mesma forma, continuo achando que falta ambição e amor à competição tanto ao grupo, quanto à Comissão Técnica e à Diretoria. Não sei aonde começa e termina o problema, mas me parece sistêmico. Tampouco tenho a sensação de que de na virada do ano isso se modificará.

De minha parte, aguardarei o 2017 do Flamengo com expectativas reduzidas, contudo torcendo muito, como sempre.

Bom dia e SRN a tod@s.