sábado, 29 de outubro de 2016

Um ponto a menos, um jogo a menos

Foto: Gilvan de Souza / Flamengo
Só o futebol, e o Flamengo com intensidade amplificada, é capaz de proporcionar as mais variadas emocões em apenas noventa minutos.

Entramos em campo com dois tabus, duas sequências para serem quebradas, uma a nosso favor e uma contra. Nesse ano, havíamos vencido todas as partidas contra mineiros. Foram sete partidas, duas pela Copa da Primeira Liga e cinco pelo Brasileiro, e não perdemos um único ponto. Por outro lado, o Atlético estava próximo de quebrar o recorde de triunfos consecutivos como mandante na era de pontos corridos do maior campeonato nacional. Acabou que, no final das contas, as duas sequências foram encerradas.

Para essa partida, Zé Ricardo optou por retornar ao velho esquema de pontas burros mas obedientes taticamente. E fizemos um primeiro tempo impecável, talvez o melhor até agora em todo o campeonato. A defesa conseguiu segurar o ímpeto atleticano dos primeiros minutos e a equipe logo equilibrou as ações e foi bastante superior. Não só nos números, com as treze finalizações contra apenas cinco do Galo, mas a impressão foi de que o 1 a 0, gol do Diego com assistência do Guerrero, ficou bastante barato. Vítor, que já havia tido excelente atuação no meio da semana contra o Inter, salvou algumas bolas que goleiros "normais" deixariam passar.

Marcelo Oliveira percebeu o óbvio no intervalo, havia um espaço grande entre os volantes Leandro Donizete e Júnior Urso e os quatro homens de frente do Atlético e consertou com a entrada do Luan no lugar do inoperante Cazares. Naturalmente, sofremos uma pressão, Muralha apareceu mas, mesmo assim, a situação parecia sob controle. Nós estivemos mais próximos do segundo gol quando Erazo achou que ainda vestia rubro-negro e carimbou a trave do seu próprio goleiro.

Foi então que entraram em ação os treinadores e o jogo virou. Zé errou tudo. Ou quase tudo. Primeiro, tirou o Gabriel para colocar o Emerson. Nada me convence que essa volta do morto-vivo teve alguma coisa de útil. Nesse jogo, especificamente, perdemos a triangulação do lado direito que funcionava bem com o baiano, Pará e Arão e ainda ficamos mais vulneráveis por aquele setor. Marcelo respondeu com Lucas Pratto no lugar de um volante, recuando o Luan para a posição. Abriu o time dando toda a oportunidade para nossos contra-ataques. O que fez nosso treinador? Entendendo que precisávamos segurar a bola, trocou Fernandinho por Alan Patrick. A ideia podia até ser, em parte, razoável, mas abriu mão da nosso única opção de velocidade. Acabou que não conseguimos nem uma coisa nem outra.

Gif: Globoesporte.com
Ao contrário, chamamos o Atlético para nosso campo. Alan conseguiu a proeza de perder a bola três vezes nos três minutos seguintes à sua entrada. A virada estava desenhada. No entanto, aconteceu apenas depois de um erro da arbitragem que não marcou falta claríssima no Márcio Araújo no lance que antecedeu o pênalti infantil cometido pelo Réver. Placar empatado, no abafa, o Galo conseguiu o segundo gol em mais uma falha do nosso contestadíssimo volante. Já estava me preparando para escrever uma coluna apocalíptica, dando adeus a qualquer possibilidade de título. Só que ainda não foi dessa vez. Guerrero, que, enfim, parece estar querendo ser o jogador decisivo que seu salário pede, empatou e, quase três horas depois, outro estrangeiro, o colombiano Copete, fez o gol da vitória do Santos sobre o líder Palmeiras.


Nossa diferença para o time da Peppa caiu para cinco pontos, com cinco rodadas ainda para serem disputadas. Continuamos na UTI. Só que nossa sequência mais difícil parece ter passado. Temos Botafogo em casa, América fora, Santos e Coritiba novamente no Maracanã e fechamos com o Atlético no Paraná. A questão é que não vencemos as últimas três partidas e precisamos reverter essa queda. Eu acredito, ao menos, que possamos fazer nossa parte. As quatro próximas partidas são "vencíveis". E, se chegar...