sexta-feira, 8 de julho de 2016

A Palavra do Rei






Irmãos rubro-negros,



Eu fiz uma projeção, antes da sequência dos cinco jogos contra Fluminense, Internacional, Corinthians, Atlético-MG e Botafogo, de que o Flamengo conquistaria os quinze pontos. 

Passados três jogos, o Flamengo só venceu um, conquistando apenas três dos nove pontos em disputa.

Errei longe, infelizmente.

Mas continuarei sempre acreditando no Flamengo. 

Eu lamento de verdade que o time não consiga obter a necessária regularidade em relação às atuações e aos resultados desejados.

Por que os altos investimentos realizados na qualificação do elenco não se têm traduzido em vitórias, mas sim em eliminações e derrotas vergonhosas?

A estrutura melhorou, os salários estão em dia, foi feita parceria com a Exos, enfim, qual, ou melhor, quais as razões para os fracassos vivenciados pelo clube em 2016?

Uma pista está na dificuldade incrível que a diretoria possui de compreender as nuances básicas que envolvem o ato de competir.

Souberam, a diretoria e seus apoiadores, e souberam muito bem, competir na eleição para a presidência do clube.

Foram agressivos, debocharam, usaram das redes sociais e das ferramentas de que dispunham para vencer a eleição, incluindo aí muitas e pródigas promessas.

Mas eles não têm demonstrado a mesma energia e a mesma coragem no momento de comandar o futebol do Clube de Regatas do Flamengo.

E isso tem influenciado o restante do departamento.

A diretoria se comporta de modo demasiado leniente nas liças de que o clube participa no futebol. 

Tem preterido o aspecto esportivo em troca de dinheiro. 

Fez um planejamento horroroso, medíocre, para o Campeonato Brasileiro. Sem estádio, sem zagueiro, sem gerente de futebol.

A diretoria, em nome do profissionalismo, delega a terceiros, verdadeiros estrangeiros em se tratando do Flamengo, decisões estratégicas que deveriam necessariamente ser tomadas por ela.

Exemplo: a questão do estádio. "Ah, o Muricy gostou de Volta Redonda." 

Precisa ser  especialista, ter curso na Uefa ou na Fifa para saber de antemão que Volta Redonda não era uma opção adequada?

Isso tem sido comentado pelo torcedor rubro-negro há quanto tempo?

E só agora, pasmem, transcorridos quase um terço do campeonato, a diretoria atentou para o óbvio.

Não vou nem comentar a tal "zona mista". Não quero afrontar os termos de uso do Buteco.

Querem outro exemplo? Emerson. "Ah, mas o Muricy conta com o Emerson." Azar o dele. Agora o Muricy está em casa, numa boa, e o Flamengo, asfixiado financeiramente, terá de pagar até dezembro o salário milionário de um ex-jogador em atividade.

E não se trata do velho argumento "é fácil falar depois".

Estou mencionando duas situações que eram quase unanimidade junto à torcida do Flamengo.

São pequenos exemplos que demonstram a falência desse modelo canhestro de profissionalismo adotado pela diretoria atual.

Mais do que profissionalismo, nós aqui temos de falar de conveniência. A diretoria, muito convenientemente, esconde-se atrás dos profissionais, façam eles porcaria ou não.

O curioso é que se o clube estivesse vencendo e conquistando títulos, não haveria programa esportivo de televisão suficiente para estampar a cara dos dirigentes eleitos.

Mas alguém já viu o presidente, o vice-presidente de futebol ou alguém da cúpula da gestão pedindo desculpas à Nação Rubro-Negra pelas sucessivas humilhações a que têm exposto a instituição?

É realmente uma situação muito cômoda: se o futebol não funciona, e ele não funciona pelo menos desde o início do ano passado, a responsabilidade é exclusiva dos profissionais contratados, que, pelas próprias palavras do nosso presidente, "fazem um trabalho excelente". 

Se os resultados não aparecem, portanto, "nós da diretoria eleita não temos nada a ver com isso."

Mas garanto que se o trabalho fosse exitoso, eles da diretoria se arvorariam os grandes responsáveis pelo sucesso.

E assim, de eliminação em eliminação, de derrota em derrota, de vexame em vexame caminha o futebol do Flamengo sob o jugo da diretoria atual. 

O Zico concedeu esta semana uma declaração exemplar e correta sobre o vexame, mais um dentre dezenas, do domingo passado.

"Você não pode aceitar a derrota assim. Depois que o Flamengo tomou o segundo gol, entregou o jogo. Não pode isso, tem que ter brio, tem que ter respeito com a camisa, com o suor, com a briga. E o Flamengo não lutou mais. Isso que revolta. A torcida fica revoltada com isso. O Zizinho (importante jogador rubro-negro que atuou na década de 40), quando eu era garoto, chegou e me disse: menino, aquele clube lá é diferente. Se não der na bola, vai no sangue, vai na garra, vai na luta. Não está havendo isso no Flamengo. Esses caras que estão aí não sabem o que é o Flamengo. O Flamengo tá pegando jogadores que são terceiro reserva em outros clubes e contrata como se fossem a solução."

Eu acho que a declaração do Zico, embora direcionada aos jogadores, e digo isso com sincero pesar, serve também para a diretoria.

...

Enfrentaremos no domingo um adversário que nos tem como inimigos. 

Nunca, em hipótese alguma, nos facilitam o que quer que seja.

Mas a nossa diretoria, não satisfeita em optar por jogar em local próximo à cidade de Belo Horizonte, decidiu, em ato deveras reprovável, proporcionar aos torcedores deles a oportunidade de comprar quantos ingressos quiserem.

É ou não é um ato contrário ao que se deve esperar de quem verdadeiramente coloca os interesses esportivos do Clube de Regatas do Flamengo em primeiro lugar?

Eu torço muito para que essa diretoria acorde para a realidade. Que ela realize um excelente trabalho também no futebol do clube. Mas com atitudes como essa, fica difícil crer que o quadro melhorará .

A diretoria, na verdade, age abertamente contra o Flamengo.

Mas se o Flamengo vencer, e vai vencer, é capaz de afirmarem "tá vendo, Flamengo venceu mesmo com torcida mista", o que seria uma distorção do debate e um ato de inaceitável oportunismo.

Meus amigos, a questão não é essa. É questão de princípio, questão moral. Envolve o respeito à instituição e ao torcedor rubro-negro.

Mas o Flamengo vencerá. Com ou sem torcida mista.

O Flamengo vencerá, com ou sem diretoria, ou apesar dela.




...

Antes de encerrar, uma singela homenagem a um jogador que realmente se identificou com o Flamengo e com a torcida do Flamengo.

Se juntar o elenco inteiro do futebol profissional, não chegará perto do respeito e carinho conquistados por esse atleta.

Boa sorte, Jerome Meyinsse.

Você fará falta.

Muito obrigado pelos relevantes serviços prestados ao Clube de Regatas do Flamengo.




...

Abraços e Saudações Rubro-Negras.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.