segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Com os Números na Mão

Salve Buteco! Começa a pré-temporada do Mais Querido do Brasil e a Maior do Mundo, como sempre apaixonada, acompanhando de perto tudo o que acontece nos sites e programas esportivos, além das redes sociais. Ontem o jornal Extra, do Rio de Janeiro, por intermédio do repórter Diogo Dantas, publicou na Internet uma excelente matéria, cujo link você encontra aqui, trazendo muitas informações, e dentre elas eu tenho certeza que o torcedor mais atento certamente gostou muito de ler as seguintes palavras do treinador Muricy Ramalho: "Não pode conversar com jogador só na palavra. Agora ele sabe que temos os números na mão — disse, projetando, boa parte por conta disso, um ano sem lesões: — Em campeonato longo, como o Brasileiro, tem que saber se é muito treino, se vai estourar. Não dá mais para ser no olho, no “vamos lá”."

Para o torcedor do Flamengo, significa também algo mais: os números dirão quem está se comportando profissionalmente e quem não está; os números permitirão aos profissionais de preparação física, fisiologia e fisioterapia se comunicar "no mesmo idioma" com o Departamento Médico, e com isso, evidentemente, será muito mais fácil fazer o que há décadas a torcida anseia do Departamento de Futebol do Clube: "cobrar", ou seja, exigir dos atletas profissionais comportamento e desempenho compatíveis com os seus vencimentos.

O próprio experiente, competente, motivado e empolgado Muricy tratou de ressalvar na apresentação que tudo isso é muito bonito, mas os resultados precisam aparecer. Acredito que aparecerão e já em 2016, mas para isso a Diretoria também precisa fazer sua parte: trazer a torcida do Flamengo para o seu lado, não transformando-a em adversário, especialmente com a maior parte do ano sem Maracanã. Abordarei esse assunto no próximo tópico. É certo, porém, que a estabilidade do treinador Muricy Ramalho será fundamental nesse 2016 com múltiplos obstáculos e inimigos.

***

Quem acompanha o Buteco sabe que eu jamais acreditei em um semestre com quatro ou cinco jogos oficiais e questionei essa opção desde o início. Nunca consegui entender como o time se prepararia dessa forma. A partir de determinado momento, no país todo e no exterior, possíveis adversários estarão disputando seus respectivos campeonatos. Como montar um time caro como está fazendo o Flamengo para não disputar jogos oficiais? Alguns críticos da decisão da Diretoria de disputar o Estadual argumentam que há um grande número de adversários muito fracos, que não servem de parâmetro, e que o time poderia disputar apenas os clássicos. Mas como se classificar para as finais dessa forma? E como chegar no Brasileiro preparado, em ritmo de competição, aspiração da torcida há anos, sem disputar as finais do Estadual?

Independentemente do complexo problema que exsurge na resposta a tantas difíceis perguntas, há a questão do trato com a torcida e as declarações oficiais do clube e de seus diretores, inclusive o presidente Eduardo Bandeira de Mello. Dizer que será trazida outra estrela do status do Guerrero acaso se alcance um número determinado de sócios-torcedores e não cumprir é um erro grave; prometer um número determinado de jogadores para serem titulares e dar a entender que "passará o rodo" nos jogadores com os quais a torcida está decepcionada e não cumprir, outro. Reparem que isso independe do mérito de cada uma dessas decisões, de tais metas serem possíveis ou não; é a transparência na relação com o maior patrimônio do Flamengo que fica arranhada quando esse tipo de promessa não se cumpre, sem contar que, no caso das negociações para reforçar o elenco, o silêncio tem se provado a melhor estratégia.

Mas será que a recém revista decisão de não disputar o Estadual pode ser incluída nesse contexto? Sei que muito provavelmente sou minoria, mas eu situo esse tema em um patamar distinto. O Flamengo está em confronto político (forte, pesado, com golpes abaixo da linha da cintura) com entes do porte da CBF, FERJ e clubes cujos dirigentes nasceram, cresceram e construíram uma relação de poder espúria, contrária aos interesses do futebol brasileiro e dos próprios clubes que representam ou integram para satisfazer interesses próprios e inconfessáveis. Recentes investigações levadas a cabo no Brasil e no exterior, incluindo até o mítico FBI norte-americano (Federal Bureau of Investigation) são prova cabal do que vem ocorrendo. Os fatos, por sinal, estão em seu pleno e atual curso, muito longe de se tornarem passado histórico.

No atual momento, o Flamengo se encontra sozinho ou, na melhor das perspectivas, contando com aliados insuficientes para montar uma forte coalizão que possa se opor ao status quo vigente no futebol nacional. Contudo, ainda assim dá sinais de que, finalmente, assumindo os seus tamanhos e importância, enfrenta a todos, passando por confederação, federação e até a também mítica emissora dona do futebol no país há décadas. Pergunto primeiramente se não foi isso que a torcida sempre esperou?

Sim amig@s do Buteco e leitor@s silencios@s, o trato com as palavras deve ser motivo de reflexão constante por parte da Diretoria e do Presidente EBM e quem sabe o que foi declarado a quatro ventos tenha sido realmente precipitado? Aliás, há concretos sinais apontando nesse sentido, sem dúvida. Indago, porém, se em um contexto como esse alguém pode afirmar categoricamente que não foi uma estratégia ou mesmo que o recuo não foi inesperado e inevitável?

Pondero, então, se já não chegou a hora de nós, torcedores, separarmos o joio do trigo e saber qual tipo de assunto o Flamengo depende apenas de si para resolver e aqueles que não estão ao seu alcance individualmente?

Dirigindo-me novamente à Diretoria, sensível ao que ocorre nas redes sociais, o que considero uma qualidade fantástica, apenas peço novamente que pensem, reflitam e tragam a torcida para o lado do Flamengo nesse crucial e desafiante 2016.

***

Torcendo pela vinda do zagueirão e do pedido da torcida à Diretoria, Marcelo "Chelo" Diaz, desejo a tod@s os rubro-negr@s uma boa semana, cheia de reforços!

Bom dia e SRN a tod@s.