sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Pé e Coração Firmes!




Irmãos rubro-negros,

Finalmente o Flamengo terá um técnico de primeiro nível comandando o futebol do clube.

Eu sempre fui fã do Muricy Ramalho e acho que sua contratação foi excelente.

Treinador exigente, disciplinador, com extenso currículo de grandes conquistas, ele tem tudo para fazer sucesso no Flamengo e recolocar nosso tão amado clube no topo do futebol.

Desejo toda sorte ao Muricy Ramalho no Flamengo.

Seja bem vindo ao Mais Amado.


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Sobre o recente episódio envolvendo a saída do Cruzeiro da Liga Flamengo-Sul-Minas, só resta ao Flamengo manter-se firme em sua decisão de boicotar o Campeonato Carioca de 2016.

Aliás, uma das poucas coisas com a qual concordo com o Bap foi a respeito da decisão pela não ida do presidente Eduardo Bandeira de Mello àquela fatídica reunião do Arbitral da Ferj.

Naturalmente, não se trata de colocar a questão tal como fez o EBM num debate na tv, onde ele consignou algo como "onde já se viu, impedir o presidente do Flamengo de ir à uma reunião da Ferj. O presidente do Flamengo vai aonde quiser."

Evidente que o presidente do Flamengo vai aonde quiser e ninguém pode impedi-lo de fazê-lo.

O ponto não é esse.

O que se discute é a decisão impulsiva, tomada em contrário ao que fora decidido anteriormente, de pisar num ninho de cobras e confiar que não seria mordido.

Pois a mordida foi dada.

O que esperar de uma reunião do Conselho Arbitral da Ferj, Conselho esse que o Flamengo fez questão de ignorar durante todo o triênio, em ambiente extremamente hostil, com o Rubinho servindo de marionete do recente eleito Eurico, para se discutir "valor de ingresso"?

Eram enormes as chances de tudo terminar em baixaria, como realmente ocorreu.

O pior, ou mais irônico, foi que o presidente Eduardo Bandeira de Mello foi ofendido ao defender o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, o mesmo que fez de tudo para incluir o Flamengo no imbróglio envolvendo o tetrarebaixamento tricolor em 2013 e a consequente virada de mesa então adotada por eles, e que inclusive já declarou que o seu clube disputará o Estadual de 2016 com o time principal.

Ao comparecer à reunião, ao levantar a voz para defender o presidente tricolor, que sempre nos encarou como inimigo, e ao ser injustamente ofendido, o presidente Eduardo Bandeira de Mello acabou por expor a própria instituição Flamengo, atolando-a até o pescoço na lama pútrida que exala daqueles ares da Ferj, e mergulhando-a, por conseguinte, numa luta insana que poderia tranquilamente ser travada em melhores condições um pouco mais à frente, pois a partir de 2017 o Flamengo poderá negociar um novo contrato com a tv a respeito da transmissão dos seus jogos no Campeonato Carioca.

Por causa do ocorrido, o presidente Eduardo Bandeira de Mello gastou muito tempo, muito mesmo, em demoradas articulações políticas, visando à formação de uma Liga de Clubes, ao enfraquecimento da Ferj e ao preenchimento dos primeiros meses do calendário do futebol rubro-negro em 2016.

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Com a saída do Cruzeiro, a competição organizada pela Liga se enfraquece, pois Internacional e Grêmio já sinalizaram que darão pouca importância ao torneio, o Atlético-MG estará envolvido na disputa da Libertadores e do Campeonato Mineiro, restando apenas o Flamengo como chamariz e grande interessado na disputa.

A precipitação, a auto suficiência e um tanto de arrogância e de ingenuidade do presidente Eduardo Bandeira de Mello conduziram o Flamengo à uma situação bastante delicada.

Repito que, como mandatário do clube, ele tem o direito de ir aonde bem entender.

Mas nessa posição, ele também tem a obrigação, o dever de sopesar seus passos, de refletir a respeito das atitudes a serem tomadas, de agir sempre e em todos os momentos buscando o melhor para o Clube de Regatas do Flamengo.

Agora o Flamengo vê-se num impasse desnecessário: embora esteja ciente da necessidade premente de reforçar a equipe, depara com um longo hiato em seu calendário de 2016, com evidente comprometimento de suas receitas; por outro lado, a competição em que apostou suas fichas, e que preencheria ao menos parcialmente esse espaço, mostra-se cada vez mais enfraquecida e esvaziada.

Não é tentador, nesse contexto, disputar para valer o Campeonato Carioca?

Pois eu digo que se o Flamengo fizer isso, não se tratará de um "recuo estratégico", mas de um retrocesso covarde, de uma retirada pusilânime.

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Eu sinceramente não sei se o Flamengo deve avocar para si o objetivo de "moralizar o futebol brasileiro".

Trata-se sem dúvida de finalidade nobre e honrosa, mas o Flamengo precisa antes de tudo cuidar da sua casa.

Sabem quando o Flamengo realmente poderá se tornar a força propulsora da mudança no futebol nacional?

Quando o Mengo efetivamente se tornar uma potência futebolística, quando o clube conquistar títulos e mais títulos de forma duradoura e sólida.

Porque aí sim o clube se tornará um modelo, que todos desejarão imitar.

Mas como almejar todo esse protagonismo se sequer temos um Centro de Treinamento finalizado? Se não temos estádio? Se o futebol do clube carece de norte, comando, disciplina? Se o torcedor adversário divide a arquibancada conosco dentro do Maracanã, enquanto o rubro-negro sofre todas as agruras quando somos nós os visitantes?

Há muitas batalhas a serem travadas. Muitas. E o Flamengo deveria se concentrar naquelas que realmente nos colocarão em condições de disputar com nossos adversários a primazia do futebol brasileiro.

Mas isso não parece ser suficiente. O Flamengo tem de lutar todas as lutas, em todas as frentes, ao mesmo tempo.

Quer peitar a Ferj e quer peitar a CBF; o resultado nós vimos rodada a rodada, tanto no Campeonato Carioca, como no Brasileiro e na Copa do Brasil, competições nas quais o Flamengo foi escandalosamente prejudicado pela arbitragem.

Há um antigo ditado greco e latino que diz o seguinte: quem deseja abraçar o mundo só aperta vento.

E é isso que o Flamengo tem obtido: vento. Muito vento contrário, dificultando ainda mais um trabalho de reestruturação que por si já é suficientemente árduo.

Para encerrar, digo apenas o seguinte: presidente Eduardo Bandeira de Mello, resta ao Flamengo manter a sua palavra, ou seja, disputar o Campeonato Carioca com sua equipe reserva, mesclada com jovens da base.

Já que você decidiu ir à reunião do Arbitral, mesmo com votos em contrário, mesmo com o bom senso recomendando o não comparecimento; já que o caldo entornou, então só resta manter o pé firme e entrar nessa dividida com raça e coração, como fazia dentro de campo o grande Rondinelli, o Deus da Raça.

Qualquer outra solução, que implique numa "mudança estratégica de rumo", numa "nova visão da situação", representará um infeliz ato de covardia e irresponsabilidade.

Lembre-se, presidente, que nem tudo pode ser reduzido a um cifrão e que está em jogo a sua palavra e a honra do Clube de Regatas do Flamengo.



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Abraços e Saudações Rubro-Negras a todos.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.