quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Eleição e Militância

E os associados do Flamengo reelegeram Eduardo Bandeira de Mello(EBM) para presidente para mais um triênio, por cerca de 60% dos votos. O concorrente mais direto, Wallim Vasconcellos obteve quase 30% dos votos e Cacau Cotta, cerca de 10%. O que mostra a aprovação dos associados do Flamengo à filosofia de gestão de "desenvolvimento sustentável", preconizada pelas chapas azul e verde de EBM e Wallim, apoiada por cerca de 90% dos eleitores.

Em que pese acordos, alianças, apoios, ou seja lá que nome dão para pessoas selecionando chapas ou vice-versa, a Chapa Azul contou com apoio de vários ex-presidentes, ex-dirigentes e políticos mais antigos do Flamengo. A Chapa Verde também contou com apoio semelhante porém em menor número. O que mostra que a Chapa Azul inicial, de 2012, que se pronunciava "estoica", exclusiva e renovadora, abraçou, mediante seus dois "braços" criados, outras vertentes dentro do clube, que se viram representados nesta nova forma de visão organizacional e administrativa. Ou ao menos, parte deles correram para lá porque sentiram que lá estaria o poder do futuro.

Nomes como Walter D'Agostino, Adalberto, José Carlos Dias (em primeiro momento), Plinio, José Maria Sobrinho, e talvez um e outro que não me lembre no momento, que foram ex-dirigentes ou pessoas relevantes politicamente em história pregressa do clube, compuseram a gestão, ou seja, o Conselho Diretor, na configuração de poder da Chapa Azul 2012. Já se tinha, portanto, uma aproximação, por mais que o discurso da chapa, utilizado para sua eleição, conflituasse visto que se apoiava em destacar figuras de destaque do mundo corporativo, em um distanciamento proposital de um pensamento mais político.

Era o momento da ação transformadora. Da mudança de um funcionamento dito "amadorístico" na gestão, ou "Não científico", que acarretava graves danos a saúde financeira do Flamengo assim como sua imagem, para um modelo de funcionamento "executivo".  

Mas...é eleição. Esta não se faz sem militância em campanha, formada por associados e torcedores, que acreditam na proposta e buscam sua implementação. Uma militância que trabalhe a base de eleitores e vai buscando votos, na conversa, na disseminação da mesma mensagem sob diversos pontos de vista particulares. Porque uma proposta de qualidade em momento eleitoral, sem militância, não se infiltra e cativa. Não convence indecisos. E a Chapa Azul 2012 teve militância. Não só grupos como SóFLA, FAT, IRN e outros se engajaram, como os próprios torcedores de redes sociais entraram em ação, seja virtual ou mesmo física, com suas presenças em ações de campanha.  

E a Chapa Azul 2015 também a teve. A militância de grupos de associados da Gávea como SòFLA, FAT, Sinergia, Fla-Clones, assim como torcedores não-associados, entraram em ação novamente. Disseminando a necessidade da continuidade da gestão que vinha com proposta de evolução, que foi sustentada por postagens, discursos e conversas com associados e público em geral. Pois opinião pública também influencia. Todo este conjunto foi moldando a militância, que se tornou até mais aguerrida devido ao confronto com a principal chapa adversária que optou por linha de ação mais agressiva, propondo desconstruir a imagem do presidente, do SóFLA (grupo de associados que agregou vários militantes) e de vários apoiadores da Chapa. 

Enfim, os militantes também foram amparados por uma campanha que, humildemente, reconhecia erros na principal fonte de problemas neste triênio, o futebol, e que ainda hoje causa vergonha, amargura e preocupação em vários aspectos. Porém, que no Plano de Governo e eventos de apresentações da Chapa, se prometia prioridade e planejamento para resolvê-los e solucioná-los. A militância então tinha discurso, pois era moldado em propostas detalhadas, com reconhecimento dos problemas, dos erros cometidos e mapeamento de cenários diferentes. O que faltava de certa forma no discurso das outras. 

A militância, portanto, comprou a briga. E com isto se abriu várias frentes de "luta" e comunicação. Mas, no que tange a diferença fundamental da Chapa Azul 2012 em relação a Chapa Azul 2015, foi a mudança de propósito. A Chapa Azul 2012 tinha o propósito de reorganizar financeiramente, juridicamente e administrativamente o clube. Conseguiu. E com isto "cumpriu a promessa", que qualificou sua reeleição e o discurso da militância de então. E vamos lembrar que, até do ponto de vista dos Esportes Olímpicos, este teve uma reviravolta que permitiu que este se tornasse auto-sustentável. Fantástico.

Mas o propósito da gestão formada pela Chapa Azul 2015, na minha opinião, é o futebol. Implicando na reorganização de seus processos, treinamentos, alimentação, cadeias de comando e principalmente, transformação de sua estrutura e requalificação de seu staff e jogadores. Além claro, de manter e mesmo ampliar as conquistas deste triênio de 2012/15. É o propósito a ser conquistado. Mais até que a Arena Multiuso, estádio próprio, e outros temas também importantes, o FUTEBOL tem que passar a ser de ponta. Este é o mote e o foco deste triênio. E por isto, tem-se o Godinho como VP de Futebol, ele que foi um dos responsáveis pelo Planejamento de 2016/18.

E a maioria dos militantes, imagino, esperam isto. Caso não se cumpra, certamente haverá debandada em 2018 para a chapa que acreditarem reunir condições para tanto. Este é o novo "trabalho de Hércules" desta gestão EBM 2.0: Acertar o futebol de forma inquestionável em 3 anos. Vai conseguir? Tomara.

Por Flavio H Souza
twitter:@PedradaRN