Uma barca não é a solução! Não adianta o Flamengo
mandar embora Paulinho, Cirino, Pará e companhia para trazer no ano seguinte
Pikachu, William Arão, Rafael Marques e outros nomes nada animadores, é preciso
ter um choque de ordem e uma mudança de filosofia urgente!
Ontem nossos problemas eram Renato Abreu e Leo
Moura, depois André Santos e Alecsandro, mudam-se apenas os nomes, mas o
problema continua. Se antes a imagem do clube ficava arranhada fora de campo
devido figuras como Adriano e Bruno, hoje o problema é a falta de gana dentro de
campo.
Hoje os jogadores já aprenderam direitinho todo o
manual de conduta que o clube exige como não tirar a camisa na hora de comemorar
um gol, vestir o manto para dar entrevistas na beira do campo e ir uniformizado
a programas esportivos. Só que ninguém ensina a ser Flamengo, é preciso querer
fazer parte, vestir a camisa de verdade como fazem os jogadores de basquete, na
vitória ou na derrota.
Adianta trocar o Oswaldo de Oliveira por um
Marcelo Oliveira, um Dorival, um Jorginho? É mais do mesmo! No começo teremos
uma empolgação inicial devido a troca de treinador e em menos de seis meses já
teremos comandante novo na Gávea, não é assim que se faz futebol.
É preciso entender por que um Vagner Love dá
certo no Corinthians, ao ponto de já ter marcado 10 gols no Brasileiro e aqui o
mesmo atacante provavelmente seria um dos capitães da chamada barca.
Só no Flamengo que tem jogador vagabundo e
desinteressado? É tudo culpa das tentações do Rio de Janeiro? Daqui a pouco
alguém vai propor ao clube mudar de estado.
Se eu fosse o VP de futebol do Flamengo, a
primeira medida que faria seria reformular o departamento médico inteiro. O
dinheiro que gastaria para contratar um Arão eu investiria em uma ótima equipe
médica. Ia ao Corinthians ou ao Atlético e faria uma proposta irrecusável para
os funcionários da área.
Contrataria 2 ou 3 jogadores acima da média, mas
que possuam um perfil de liderança com espírito vencedor, de preferência um
zagueiro e um volante. O Rodrigo Caetano não é o mago das contratações? É
preciso ter criatividade e focar o investimento em tiros certeiros de
verdade.
Procura algum jogador que esteja na China já de
saco cheio de comer sopa de cachorro e escorpião, como o Paulinho (ex small),
tenta fazer uma oferta para o goleiro Julio Cesar ou busca algum zagueiro com
perfil de xerifão - parece que aquele zagueiro Alex está dando sopa no
mercado.
De resto é tentar encontrar clubes parceiros e
fazer algumas trocas para oxigenar o elenco. Não adianta rescindir o contrato do
Paulinho para satisfazer a torcida e daqui alguns meses o jogador entrar na
justiça cobrando não sei quantos milhões do clube.
É preciso ser esperto e tentar envolve-lo em
alguma negociação, utilizando-o como uma valiosa moeda de troca. Tenta
negociá-lo com algum clube que participará da Nova Liga, já que o relacionamento
com estes clubes está mais estreito, tenta fazer negócio com o Palmeiras, que
tem um elenco inchado, o importante é tentar e acima de tudo não desvalorizar o
material humano que possuímos.
O Flamengo precisa de pessoas insensatas e principalmente de pessoas
incomodadas em seu futebol, seja dentro ou fora de campo. O Flamengo se
acostumou a ser coadjuvante e essa falta de atitude é indefensável.
Me despeço com um trecho que li de uma entrevista com o publicitário Nizan
Guanaes:
"Sou um chato. O homem insensato tenta adaptar o mundo a ele. O sensato adapta-se a ele. Sou do primeiro time. Todo o progresso da ciência se deve ao homem insensato. Alguém, certo dia, deve ter falado "não concordo com a distância" e inventou a roda, "não concordo com o frio" e inventou o fogo, "não concordo com o calor" e inventou o ar-condicionado. Ser assim não é fácil, significa ter uma permanente azia, uma insatisfação garantida e seu dinheiro de volta. Tenha uma vontade irresistível de fazer as coisas. Sou um inconformado. Sempre digo: a vida é uma pista aérea. Ou você voa ou não tem sentido algum. Não liga nada a lugar algum."
Bom final de semana a todos e que neste domingo os jogadores joguem com
dignidade, só isso que peço.