Irmãos flamengos,
a política está na pauta do torcedor rubro-negro, sobretudo após o lançamento, na terça-feira passada, da candidatura de Wallim Vasconcellos à presidência do Clube de Regatas do Flamengo.
Eu lamento profundamente essa cisão no grupo que, em menos de três anos, conseguiu tornar um clube à beira da insolvência numa instituição rentável e de grande credibilidade no cenário esportivo nacional.
Eu compareci ao lançamento da Chapa Azul, no Cine Leblon, em meados de 2012.
No dia da eleição, saí do trabalho à noite, fui para a Gávea, cumpri meu dever cívico, votei, aguardei o final da apuração e fui comemorar a vitória no pleito com um grande amigo rubro-negro.
Essa recuperação do Flamengo deveu-se basicamente a alguns fatores, que, juntos, contribuíram de maneira determinante para o êxito administrativo e financeiro da gestão.
São eles: um grupo de renomados empresários que, cansados de verem o Flamengo sendo mero instrumento para a consecução de interesses particulares, invariavelmente em detrimento dos interesses maiores do clube, resolveram unir-se, formando uma Chapa para concorrer à presidência do Clube.
Juntamente com esses empresários, concorreram diretamente para a criação da Chapa Azul diversos associados, integrados, ou não, em grupos organizados, como o SóFla, o Fat, Sinergia e Ideologia, tendo por bandeira principiológica trabalhar, de modo abnegado e desinteressado, em prol do Flamengo.
Foi a união, a convergência de ideais dessas pessoas e grupos que propiciou ao Flamengo, em tão pouco tempo, sair da lama e passar a andar pelas próprias pernas.
O prestígio e os contatos de Bap, Landim, Wallim e cia de pouco adiantariam sem o suporte, o apoio e a dedicação diária e incansável desses sócios e grupos. Foram esses grupos e sócios anônimos que fizeram o trabalho duro, de bastidores, de mobilização; do mesmo modo, também esses grupos, no pleito de dezembro de 2012, por si só, sem esses nomes de vulto, jamais conseguiriam vencer a eleição.
Então, naturalmente, é com forte pesar que qualquer pessoa que ame de verdade o Flamengo vê essa divisão no seio da Chapa, da Chapa Azul, que conduziu, com erros e acertos, o Flamengo neste primeiro triênio.
...
Eu gostaria, ainda, de tecer algumas considerações a respeito do discurso adotado por Wallim, Bap e cia.
Em primeiro lugar, a afirmação de que o "racha" ocorreu porque o presidente Eduardo Bandeira de Mello porta-se de maneira "personalista", impondo sua vontade à do grupo que compõe o núcleo diretivo. Não sou íntimo da política rubro-negra, mas essa inferência não me parece correta. Como impingir a pecha de "personalista" a um presidente que, mesmo ciente da oposição surda feita por alguns colegas de diretoria, os mantêm nos cargos, apenas exonerando-os às vesperas do lançamento oficial da Chapa dividida?
Em segundo lugar, as promessas de time de futebol forte, de Centro de Treinamento de excelência e de um estádio próprio. Amigos, o Wallim, nesses 30 meses de gestão, foi titular da pasta do futebol por um ano e meio e daí em diante assumiu a do patrimônio. O futebol, todos sabemos, tem sido um fiasco, e tanto o CT como o estádio não caminharam um palmo sequer. O que o credencia, portanto, num cenário econômico que se avizinha bastante difícil, a prometer "time forte", "CT de excelência concluído" e "estádio próprio"?
Em terceiro lugar, o terrorismo eleitoral, traduzido na ameaça de que, uma vez perdida a eleição, os patrocinadores se afastarão do Flamengo, pois o prestígio e o renome dos integrantes da Chapa seriam os elementos preponderantes para que, no momento mais agudo da crise econômica, o Flamengo obtenha ou mantenha os investimentos de que tanto carece. Concordo somente em parte com essa asserção. Que a ajuda e a intervenção de pessoas como o Bap, Wallim e cia são providenciais, ninguém duvida. Eles são e serão sim muito importantes no processo de captação de recursos para o clube no próximo triênio. Mas eu pergunto o seguinte: se for perdida a eleição, eles abandonarão o clube? Deixarão, por puro melindre e birra, de estender a mão ao Flamengo? Não acredito, de modo algum, que eles, que tenho certeza de que são rubro-negros de coração e alma, pessoas intensamente apaixonadas pelo Flamengo, se portem dessa maneira.
Para finalizar este tópico, destaco a reprovável deselegância do Wallim, para dizer o mínimo, ao se referir à hipotética necessidade de um substituto, caso sua candidatura seja novamente impugnada, afirmando que esperava "um Plano B melhor que o de 2012."
Soou muito mal, uma grosseria desnecessária, vindo de uma pessoa que até sexta-feira passada era colega do presidente Eduardo Bandeira de Mello na diretoria do Flamengo.
Para finalizar este tópico, destaco a reprovável deselegância do Wallim, para dizer o mínimo, ao se referir à hipotética necessidade de um substituto, caso sua candidatura seja novamente impugnada, afirmando que esperava "um Plano B melhor que o de 2012."
Soou muito mal, uma grosseria desnecessária, vindo de uma pessoa que até sexta-feira passada era colega do presidente Eduardo Bandeira de Mello na diretoria do Flamengo.
Não parece a conduta de quem se diz favorável à uma campanha limpa e propositiva.
...
Eu acho que seria importante para o Flamengo que o Bap, Wallim e cia reconsiderassem a sua decisão, compondo uma Chapa única com o presidente Eduardo Bandeira de Mello, este concorrendo à reeleição, e demais grupos e sócios aliados.
Praticamente tudo no Flamengo passa pelo Conselho Deliberativo. E o coração do Code, hoje, são o SóFla e os grupos aliados.
Os desafios do próximo triênio serão ainda maiores. O Flamengo precisa que todos os rubro-negros, famosos ou anônimos, se unam. Os grandes adversários do Flamengo encontram-se atualmente fora do clube.
O presidente Eduardo Bandeira de Mello deve ter cometido seus erros, mas ele também teve muitos méritos e é legítimo que pretenda concorrer à reeleição.
Na verdade, esse rompimento apenas enfraquece o Flamengo.
Eu ainda mantenho a sincera esperança de uma composição, de todo benéfica para o Flamengo, e acho que muita água ainda vai rolar por debaixo da ponte.
...
Por falar em ponte, domingo o Flamengo enfrentará a Ponte Preta.
A data da partida coincidirá com o aniversário de 115 anos do clube de Campinas.
Houve inclusive um pedido especial feito pela diretoria do clube paulista à CBF para que a partida com o Flamengo fosse designada para a data comemorativa.
Nas palavras do vice-presidente da Ponte Preta, Giovanni Dimarzio, "queríamos um jogo de peso para comemorar o nosso aniversário de 115 anos e a CBF atendeu. Vai ser uma grande festa para a nossa torcida".
Quão gigantesco é o prestígio do Mais Querido.
A fim de motivar ainda mais o time, durante a semana a Ponte Preta anunciou seu novo técnico: Doriva, que, por ter trabalhado recentemente no Vasco, conhece bem o time do Flamengo.
Jogo em casa, com estádio lotado, festa de aniversário e treinador novo: está claro que o adversário virá para o tudo ou nada.
...
Curvando-me aos argumentos dos amigos flamengos que vêem no Cristóvão um bom técnico, com potencial para realizar um trabalho de qualidade no Flamengo, passarei a analisar menos criticamente sua passagem até aqui.
Mas lembro ao Cristóvão o seguinte: você teve as últimas três semanas inteiras exclusivamente para treinar e preparar o time; você possui à disposição um elenco muito mais qualificado que os seus antecessores. É até covardia a comparação.
Então, Cristóvão: vamos fazer o time do Flamengo jogar futebol e vencer os jogos?
A bola está contigo.
...
Antes de encerrar, gostaria de registrar o aniversário de um grande rubro-negro, um flamengo como poucos há, um amigo do Buteco, a quem aprendi a admirar, respeitar e a me espelhar.
Ele, com suas palavras mágicas, nos conduz, ao vivo e a cores, como se estivéssemos no próprio estádio, a partidas e jogos épicos, a momentos que se eternizaram na história do Clube de Regatas do Flamengo.
Mas não pensem que esse apreço pela memória viva do clube de alguma forma obscureça ou atrapalhe sua visão do presente ou do porvir.
Ao revés, suas observações, análises e sugestões do dia a dia do Flamengo são sempre muito pertinentes, nos fazendo refletir com profundidade, contribuindo para que afastemos a frase feita, a obra pronta, a linha rasa.
A leitura de seus textos enobrece e enrijece a alma rubro-negra. Nos aproxima e nos torna mais íntimos do clube que tanto amamos.
Parabéns, Adriano Melo, Mestre Melo, pelo seu aniversário.
Muita saúde, paz, amor e glórias rubro-negras, para você e sua família.
E que o Mengo, o Mais Querido, o Mais Amado, vença domingo, abrindo caminho para novas e emocionantes conquistas.
Parabéns!
...
Abraços e Saudações Rubro-Negras.
Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.