sábado, 22 de agosto de 2015

A Importância de uma Identidade

Minha intenção para essa coluna era tentar prever as opções táticas que Oswaldo de Oliveira, nosso novo treinador, poderá aplicar no Flamengo a partir de amanhã, da mesma forma que fiz quando da chegada do Cristóvão. No entanto, reparei que não conseguiria passar de dois parágrafos. Baseado nos seus três últimos trabalhos, percebi que ele dificilmente sai do batido 4-2-3-1, formação com dois volantes, um meia central, dois abertos pelos lados e um atacante. Uma ou outra variação, já que no Botafogo seus laterais subiam menos, no Santos, pelas características do elenco, os jogadores tinham mais liberdade. Sempre houve muita movimentação entre os quatro jogadores de frente e espero que, em algum momento, consiga ver o mesmo por aqui. O Emerson deve fazer o cosplay do seu queridinho Rafael Marques e continuar formando a linha 3E com Ederson e Everton. Em termos de escalação, pelo menos nesse princípio de trabalho, não acredito em muitas mudanças e me darei por satisfeito se ele trocar a marcação por zona por individual ou mista nas jogadas de bola parada.



Mas e aí? Será que terei que fazer uma nova análise daqui a dois meses, ou no início do ano que vem, quando o Oswaldo for demitido? Fique claro que não estou torcendo contra, muito pelo contrário, mas essa regra tem sido constante desde que me entendo por rubro-negro. Só nesse século XXI, o Flamengo teve 35 mudanças de treinador, com 22 nomes diferentes. Nomes como João Carlos Costa (quem?!), Júlio César Leal, Lula Pereira e, mais recentemente, Rogério e Silas. É, dentre os doze grandes, o que mais mudou. Cada passagem dura, em média, menos de 29 jogos e o recordista é o Luxemburgo de 2010 a 2012, com 84 partidas. Na atual gestão, já são sete trocas.



Isso não pode estar certo. Enxergo dois principais motivos para essa rotação insana: a cultura brasileira por resultados imediatos e a falha na definição sobre o que esperar de um treinador. A respeito do primeiro, não há muito o que fazer. Uma resposta (infeliz, na minha opinião) do EBM na apresentação do Oswaldo mostrou isso. Ele disse que, a cada derrota, seu telefone não parava de tocar pedindo a demissão do Cristóvão. Treinador perde três partidas seguidas e já balança. Aguirre levou o Internacional à semifinal da Libertadores e foi demitido porque o presidente queria "criar um fato novo" antes de um Grenal. Em contrapartida, todos conhecemos a história do Tite no Corinthians.

Podemos trabalhar, entretanto, no sentido de entender o que esperamos de um treinador de futebol para o clube. É uma definição complexa que passa por estilo de jogo, utilização da base, autocrático ou permissivo, vários fatores e características. Só que tudo isso passa primeiro por definir um modelo para o próprio Flamengo. Será que aquele lugar comum de time ofensivo com posse de bola e muita raça é o que queremos? Teremos uma forma de avaliação por quantidade de jogadores formados no clube e aproveitados no time principal ou seremos um vendedor como Inter, Santos e Fluminense? Teremos uma política de contratação que leve em consideração o comportamento dos nossos atletas ou sempre precisaremos de um treinador mais "linha dura" para controlar o elenco? Esse estudo é complexo e não deve ser feito sem bastante análise mas tão logo tenhamos essas diretrizes, menores serão as chances de erro na escolha dos nossos treinadores.


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Oswaldo tem amanhã um duro confronto na sua reestreia no Flamengo mas já tem seu grande desafio na 4ª feira, no jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil. Naquela que foi, talvez, a pior apresentação do time nesse ano, muito pela falta de disposição contra um adversário limitado tecnicamente mas com muito mais vontade que nós, o Vasco deixou escapar a oportunidade de matar o confronto logo na primeira partida. De positivo, a constatação, in loco, de que o adversário é bem fraco. Se igualarmos na vontade, a tendência é de que consigamos a vitória e a classificação para a próxima fase. Já tive mais convicção de que a competição seria a nossa bala de prata de 2015, hoje acho que ela está bem à feição para o Grêmio. Entretanto, meu otimismo quase "Moutiano" não me permite deixar de torcer. Torcer muito!

Pra cima deles, Mengão!