Enfim, vencemos

Flamengo não cumpriu, desta vez, a sina de recordes negativos em 2015 e, em bom jogo, conseguiu passar das oitavas de final da Copa do Brasil vencendo o Náutico por 2 x 0.  O curioso é que um time de torcida local, nanica, com meia dúzia de gatos pingados fora de seu pequeno núcleo regional, resolveu exibir uma faixa, na certa com um recado para eles mesmos, dizendo "Onde está o Bom Senso?" embaixo de outra em que mostrava o valor da cota de TV do Flamengo, clube de alcance nacional senão mundial, como se fosse algo desproposital. Como inveja pouco é bobagem, vamos ao jogo.

Onde está? Não nesta torcida nanica

Bem, em primeiro lugar Flamengo jogou com Guerrero e Sheik. Em segundo lugar Flamengo jogou com Guerrero e Sheik e em terceiro, Flamengo jogou fora (ah te peguei). E Flamengo joga melhor, ou simplesmente joga, quando está fora do Maracanã longe de sua torcida local e suas cobranças. E com estes dois em campo é como se aquele time desgraçado, exposto a toda sorte de xingamentos até a décima-quinta geração dos responsáveis por sua formação, simplesmente desaparecesse. Fosse outra identidade. Flamengo se torna Flamengo. Guerrero acrescenta um poder ofensivo único. Até mesmo recebendo passes amargos dos atacantes do Bonde da Stela consegue transformar aquilo em algo precioso, com arremates decentes e direcionados a gol (fico até emocionado, há tempos não via isto no Flamengo...chutes que vão em direção ao gol). Sheik, no alto de seus 36,37 anos, não sei, tem mais energia que todos ali. Incansável. Correu o campo todo, fez a ligação dos volantes ao ataque, dando passes, finalizando, o cara realmente valendo o preço da contratação. Simplesmente essencial sua presença. E agora? Como funcionará o binômio "Flamengo jogando em casa" X "Flamengo com Guerreiro e Sheik" ? Será que Batman e Robin derrotará o Pinguim (Maracanã em 2015)? Cartas para redação.

Quanto ao jogo em si. A escalação dos 3 volantes + Everton + Guerrero e Sheik começou meio disfuncional. A ligação defesa-ataque ficou comprometida. Pará fazia a sua partida regular de sempre, sem comprometer e Jorge, do outro lado, dava vazão á jogadas ofensivas além de marcar bem seu setor.  Náutico também pressionava também, dificultando a saída de bola. Canteros não fez um primeiro tempo bom, errava muito. E Jonas se comportou como um terceiro zagueiro. Cáceres, muito bem, na defesa e no ataque, foi logo amarelado pelo árbitro em jogada normal. Aliás, que vontade de amarelar o Flamengo este apitador tinha. Guerrero esperando uma única bola, e Sheik ainda procurando o melhor posicionamento. 

Depois Jonas se machucou. Flamengo com problema de passe. Pensei que Cristóvão iria colocar um volante ou mesmo Arthur Maia. Mas me coloca Cirino. Não gostei. Achei que o Flamengo perderia o pouco meio que já tinha. Acabou que Sheik e Everton se aproximaram mais do meio, compondo um 4-4-2 ali interessante. Canteros deixou de atrapalhar na frente. Cirino dava escape a bolas pelas pontas e até teve uma ótima oportunidade para se consagrar, mas preferiu simular um penalti, quando era só driblar o goleiro e marcar o gol. Esta paúra que Cirino demonstra em ser jogador decisivo é algo para ser analisado por um terapeuta. 

Vai Jorge, hoje a festa é sua

Mas, de qualquer maneira, em boa jogada pela esquerda, Cirino serviu ao bom jogador Jorge, atleta saído da injustiçada base do Flamengo, que fez seu primeiro gol como profissional. Fiquei alegre pelo garoto. Espero que ajude os mitômanos que repetem como gralhas para não escalar jogador da base "senão queima! Senão queima!" . Ora, queima é não jogar! Como acontece com Baggio e Jajá, por exemplo.

Naútico se desesperou e partiu pro ataque, lembramos que o meio de campo estava, digamos, aberto. ou semi-aberto. E foi aí que César, pela primeira vez honrando a titularidade temporária, fez ótimas defesas, mostrando segurança até então escondida. Quem sabe este jogo fará este goleiro, enfim, ser digno de estar ali sem que a torcida se preocupe com o fato dele estar ali? 

Mas, quem tem Guerrero não tem problema. Em ótima jogada de Cirino pela direita, deu um passe açucarado pelo Guerrero. Matador, não teve problema em colocar para rede. Flamengo 2 x 0. Excelente. Alegria. Alívio.

Nautico ficou todo desarrumado, Flamengo ficou tocando bola para cá e para lá, a dupla Guerrero e Sheik chegou a perder um gol feito, mas ficou por isto mesmo. De ótimo tamanho. Torcida feliz e acho eu, mais calma. Agora é lotar o maracanã no sábado. E que o Consórcio que o administra não me venha com hino do Grêmio!

Por Flavio H Souza
twitter: @PedradaRN