terça-feira, 21 de julho de 2015

Rituais

1º ATO

17 de Junho.

Depois de 4 meses, tempo de regressar ao Brasil. Passagens compradas, saindo de San Juan 17h00 para Miami a tempo de pegar o voo das 21h50 para Guarulhos. Chegada 07h00 da sexta 19 de junho. Sábado Flamengo x CAM no Maracanã. Instigado por amigos, começo a analisar a possibilidade de ir ao Rio antes de ir pra casa. Havia voo saindo de Guarulhos para o Rio às 11h00. O que poderia ser mais conveniente? Chegar sexta-feira a tempo do almoço regado a um bom chope no Rio de Janeiro. Isso sim é forma de se chegar no Brasil! Passagem para o Rio comprada, ingresso comprado por internet, tudo se encaixando perfeitamente. Ah, a vida não pode ser muito melhor que isso...

18 de junho.

No guichê da American Airlines do aeroporto de San Juan, sou informado que o voo estava atrasado por “problemas técnicos” em 1h30. Isso faria com que eu perdesse a conexão original em Miami. Meu voo passaria a ser o das 23h00. Chegada em Guarulhos prevista para 10h30. Impossível conseguir pegar meu voo para o Rio! Ligo para a Azul imediatamente e consigo trocar a passagem para o dia seguinte, sábado, sem custos, porque ainda não haviam se passado 24 horas da compra. Ufa! Problema resolvido, em termos. Ah, faltava cancelar o airbnb de sexta no Rio. Mais um whatsapp e tudo certo.

19 de junho.

No aeroporto pego um carro e vou para a casa de amigos em Sorocaba. Isso é uma das coisas que gosto de fazer quando viajo entre países: alugar um carro e cair no trânsito. Tratamento de choque para dar-se conta de que vc está sim no novo país. Depois de 4 meses dirigindo carros grandes com transmissão automática em highways com pistas largas e bem pintadas, alugar um Golzinho sem nem sequer direção hidráulica e sair dirigindo pela Dutra rumo a São Paulo, com motoqueiros zunindo entre carros, até chegar na Marginal Tietê com chuva e trânsito correspondente é uma experiência reveladora. Já de calção e chinelos na casa dos amigos, churrasco, cerveja, e boa conversa preenchem o que quedava da sexta-feira. Ah, antes de dormir entro em contato com os butequeiros do Rio para ver quem ia ao jogo: um no show do irmão, outro num casamento na Barra, outro noutro casamento, o amigo que me instigou a vir não atendia o telefone... ninguém.  Esquisito.

20 de junho.

Pulo da cama 04h00 para pegar o carro e cair na estrada a tempo de passar por São Paulo antes do rush. Chego em Guarulhos com bastante tempo até o voo, sem grandes sustos. Confirmo com a galera do Rio se ninguém mesmo vai no jogo... nada. Chego no Rio e vou direto para um hotel no Flamengo deixar minhas coisas. Olho o relógio, não há muito tempo para o ritual de tomar uma cerva no butequim do vascaíno onde sempre almoço antes dos jogos para ouvir ele dizer que “hoje o Flamengo perde, esse time é muito ruim, escuta o que te digo”. Pulei essa etapa e corri direto para o Maracanã para retirar o ingresso (na hora de comprar meu cartão estava inativo). Com ingresso na mão, passei no Chico’s para ver se via algum rosto conhecido, nada. Fui ao Cantinho dos Amigos, pelo menos lá é butequim de responsa, todo mundo conversa com todo mundo. Tive meu desjejum e almoço: uma rabada. Mas não teve ENBuF dessa vez. Estava estranho, tudo diferente das outras vezes, nada do velho ritual se repetia... mas deixa pra lá, estava na hora de entrar no Maracanã.


2º ATO

11 de julho

Inverno em Santa Catarina. Frio e chuva o tempo todo. Estreia do Guerrero no Maracanã confirmada para o jogo contra o Grêmio dia 18 de julho, em uma semana. Calor no Rio, céu azul. Decido e compro ingresso e passagem aérea. Ainda um pouco ressabiado com o fiasco da última viagem ao Rio, entro em contato com a turma do Buteco para ver quem iria ao jogo. Começam as confirmações. Sugiro chopes na véspera, almoços, e alguém sempre pode uma coisa ou outra.

16 de julho

Chego ao Rio. Clima maravilhoso. Me hospedo num airbnb em frente a um pé-sujo no Flamengo. Já começa tudo certo.

17 de julho

Almoço com o mito Henrin Bueno. Conversa agradabilíssima regada a chope. Happy hour com membro do time do Bap, tentando entender um pouco a visão deles do cenário eleitoral.

18 de julho


Passo no bar do vascaíno. Ouço que hoje com Guerrero e tudo Flamengo perde, porque o time é muito ruim. Norske passa para me pegar no botequim. Me leva ao Maracanã. Encontramos com o Luiz Mengão Eduardo. Encontramos com o Luiz Filho. Chega o irmão do LME. Norske sai e volta com seu irmão também. Cervejas e petiscos. É o III ENBuF, cada edição melhor. Hora do jogo quase, cerveja ainda cheia, saímos de garrafão na mão (não vou citar nomes) bebendo e cantando felizes pelas ruas que levam ao Maracanã. Está tudo certo, de novo.




PS: Sou um pacifista. Totalmente contra qualquer tipo de violência. Mas tinha um maluco com a camisa do Grêmio na leste inferior perto de mim. Fiquei de olho no malandro. Grêmio atacava o maluco ficava de pé sozinho gritando uhhhhh. Juiz marcava falta pro Fla ele levantava xingando o juiz e com as mãos erguidas fazendo sinal de roubo. Seguramente influenciado pelo papo do ENBuF, levantei e gritei pro cara: 'irmão, a torcida do Grêmio é lá na sul, aqui é área mista e vc pode ficar aqui, mas sentado e calado. Quer torcer pro grêmio vai pra sul. Aqui não, beleza?' O cara quis resmungar algo de 'que é isso, que absurdo' mas geral já estava puto e ajudou a enquadrar o maluco que ficou pianinho até o fim do jogo. LME e BCB ficariam orgulhosos de mim!

PS2: Ontem me foi dada a imensa honra de indicar a Lu Mattos para o Só-Fla. Um misto de sentimentos: ver a Lu se tornar oficialmente parte do Flamengo, com a associação Off-Rio; me sentir importante no processo por indicá-la; e acima de tudo a imensa generosidade do Luiz Filho que podia ter feito isso mas me pediu para fazer, me dando essa honra. Juntos estamos construindo um novo Flamengo.