1º ATO
17 de
Junho.
Depois de 4
meses, tempo de regressar ao Brasil. Passagens compradas, saindo de San Juan 17h00
para Miami a tempo de pegar o voo das 21h50 para Guarulhos. Chegada 07h00 da
sexta 19 de junho. Sábado Flamengo x CAM no Maracanã. Instigado por amigos,
começo a analisar a possibilidade de ir ao Rio antes de ir pra casa. Havia voo
saindo de Guarulhos para o Rio às 11h00. O que poderia ser mais conveniente? Chegar
sexta-feira a tempo do almoço regado a um bom chope no Rio de Janeiro. Isso sim
é forma de se chegar no Brasil! Passagem para o Rio comprada, ingresso comprado
por internet, tudo se encaixando perfeitamente. Ah, a vida não pode ser muito
melhor que isso...
18 de
junho.
No guichê
da American Airlines do aeroporto de San Juan, sou informado que o voo estava
atrasado por “problemas técnicos” em 1h30. Isso faria com que eu perdesse a
conexão original em Miami. Meu voo passaria a ser o das 23h00. Chegada em
Guarulhos prevista para 10h30. Impossível conseguir pegar meu voo para o Rio!
Ligo para a Azul imediatamente e consigo trocar a passagem para o dia seguinte,
sábado, sem custos, porque ainda não haviam se passado 24 horas da compra. Ufa! Problema
resolvido, em termos. Ah, faltava cancelar o airbnb de sexta no Rio. Mais um
whatsapp e tudo certo.
19 de
junho.
No
aeroporto pego um carro e vou para a casa de amigos em Sorocaba. Isso é uma das
coisas que gosto de fazer quando viajo entre países: alugar um carro e cair no
trânsito. Tratamento de choque para dar-se conta de que vc está sim no novo
país. Depois de 4 meses dirigindo carros grandes com transmissão automática em
highways com pistas largas e bem pintadas, alugar um Golzinho sem nem sequer direção hidráulica
e sair dirigindo pela Dutra rumo a São Paulo, com motoqueiros zunindo entre
carros, até chegar na Marginal Tietê com chuva e trânsito correspondente é uma
experiência reveladora. Já de calção e chinelos na casa dos amigos, churrasco,
cerveja, e boa conversa preenchem o que quedava da sexta-feira. Ah, antes de
dormir entro em contato com os butequeiros do Rio para ver quem ia ao jogo: um
no show do irmão, outro num casamento na Barra, outro noutro casamento, o amigo
que me instigou a vir não atendia o telefone... ninguém. Esquisito.
20 de
junho.
Pulo da
cama 04h00 para pegar o carro e cair na estrada a tempo de passar por São Paulo
antes do rush. Chego em Guarulhos com bastante tempo até o voo, sem grandes
sustos. Confirmo com a galera do Rio se ninguém mesmo vai no jogo... nada. Chego no Rio e vou direto para um hotel no Flamengo deixar minhas
coisas. Olho o relógio, não há muito tempo para o ritual de tomar uma cerva no
butequim do vascaíno onde sempre almoço antes dos jogos para ouvir ele dizer
que “hoje o Flamengo perde, esse time é muito ruim, escuta o que te digo”. Pulei
essa etapa e corri direto para o Maracanã para retirar o ingresso (na hora de
comprar meu cartão estava inativo). Com ingresso na mão, passei no Chico’s para
ver se via algum rosto conhecido, nada. Fui ao Cantinho dos Amigos, pelo menos
lá é butequim de responsa, todo mundo conversa com todo mundo. Tive meu
desjejum e almoço: uma rabada. Mas não teve ENBuF dessa vez. Estava estranho,
tudo diferente das outras vezes, nada do velho ritual se repetia... mas deixa pra lá,
estava na hora de entrar no Maracanã.
2º ATO
11 de julho
Inverno em
Santa Catarina. Frio e chuva o tempo todo. Estreia do Guerrero no Maracanã
confirmada para o jogo contra o Grêmio dia 18 de julho, em uma semana. Calor no
Rio, céu azul. Decido e compro ingresso e passagem aérea. Ainda um pouco
ressabiado com o fiasco da última viagem ao Rio, entro em contato com a turma
do Buteco para ver quem iria ao jogo. Começam as confirmações. Sugiro chopes na
véspera, almoços, e alguém sempre pode uma coisa ou outra.
16 de julho
Chego ao
Rio. Clima maravilhoso. Me hospedo num airbnb em frente a um pé-sujo no Flamengo.
Já começa tudo certo.
17 de julho
Almoço com
o mito Henrin Bueno. Conversa agradabilíssima regada a chope. Happy hour com
membro do time do Bap, tentando entender um pouco a visão deles do cenário eleitoral.
18 de julho
Passo no
bar do vascaíno. Ouço que hoje com Guerrero e tudo Flamengo perde, porque o
time é muito ruim. Norske passa para me pegar no botequim. Me leva ao Maracanã.
Encontramos com o Luiz Mengão Eduardo. Encontramos com o Luiz Filho. Chega o
irmão do LME. Norske sai e volta com seu irmão também. Cervejas e petiscos. É o
III ENBuF, cada edição melhor. Hora do jogo quase, cerveja ainda cheia, saímos
de garrafão na mão (não vou citar nomes) bebendo e cantando felizes pelas ruas
que levam ao Maracanã. Está tudo certo, de novo.
PS: Sou um
pacifista. Totalmente contra qualquer tipo de violência. Mas tinha um maluco
com a camisa do Grêmio na leste inferior perto de mim. Fiquei de olho no
malandro. Grêmio atacava o maluco ficava de pé sozinho gritando uhhhhh. Juiz
marcava falta pro Fla ele levantava xingando o juiz e com as mãos erguidas
fazendo sinal de roubo. Seguramente influenciado pelo papo do ENBuF, levantei e
gritei pro cara: 'irmão, a torcida do Grêmio é lá na sul, aqui é área mista e
vc pode ficar aqui, mas sentado e calado. Quer torcer pro grêmio vai pra sul.
Aqui não, beleza?' O cara quis resmungar algo de 'que é isso, que absurdo' mas
geral já estava puto e ajudou a enquadrar o maluco que ficou pianinho até o fim
do jogo. LME e BCB ficariam orgulhosos de mim!
PS2: Ontem
me foi dada a imensa honra de indicar a Lu Mattos para o Só-Fla. Um misto de
sentimentos: ver a Lu se tornar oficialmente parte do Flamengo, com a
associação Off-Rio; me sentir importante no processo por indicá-la; e acima de
tudo a imensa generosidade do Luiz Filho que podia ter feito isso mas me pediu
para fazer, me dando essa honra. Juntos estamos construindo um novo Flamengo.