segunda-feira, 22 de junho de 2015

"El Loco" Cristóvão?

Salve, Buteco! Malgrado os desfalques e as poucas opções de volantes, Cristóvão optou, a exemplo do que havia feito contra o Fluminense em sua estreia, por escalar um time muito ofensivo contra o Atlético/MG sábado, no Maracanã. O Flamengo esteve mais para 4-2-4 do que para 4-3-3, porém acho que seria exagero atribuir a derrota a essa escolha do nosso treinador. O Atlético/MG, na minha opinião, é, disparado, o time mais bem treinado do Brasil e o que pratica o futebol de melhor qualidade, com padrão tático em nível europeu. Encanta-me ver o Atlético de Levir Culpi jogar, a ponto de por alguns momentos esquecer a antipatia pessoal que tenho pelo clube e sua torcida (e quem me conhece sabe que não estou exagerando). Todavia, até por isso, será que a ousadia do nosso treinador não foi uma extravagância, dadas as circunstâncias, ou será que Cristóvão enxerga mais adiante e a postura assumida nesses clássicos é uma etapa necessária para que essa filosofia moderna e ofensiva, que tudo tem a ver como ímpeto e as preferências de nossa torcida, venha a ser assimilada no Departamento de Futebol como um todo, desde a base até o profissional? Cristóvão foi pontual ou assumiu um risco calculado pensando a longo prazo? No plano tático, seria Cristóvão uma espécie de versão tupiniquim de "El Loco" Bielsa ou apenas imprudente?

Considerando a postura tática adotada contra Coritiba e Chapecoense, confesso que fico em dúvida; mas como ressaltei a tod@s @s amig@s no papo pós-jogo de sábado à noite, prefiro mil vezes um treinador com essa visão de futebol do que um churrasqueiro ultrapassado e retranqueiro, como tantos que nos últimos anos passaram pela Gávea. O certo é que Cristóvão chegou com todo o gás no Flamengo, dando ênfase a treinos táticos e tentando implementar uma filosofia de jogo mais ofensiva, moderna e próxima ao que se pratica no grande centro do futebol mundial, a Europa. Ao contrário de alguns de seus antecessores que tiveram ideias semelhantes (Caio Júnior, por exemplo), Cristóvão tem a seu favor avanços no Departamento de Futebol como a quitação das obrigações trabalhistas dos atletas em dia. Apesar disso, enfrenta problemas de deficiência na estrutura como o CT inacabado e improvisado, que limita as opções de preparação dos atletas para as competições.

O Flamengo, hoje, além do CT, precisa de estabilidade no Departamento de Futebol - uma comissão técnica que consiga trabalhar por mais tempo do que apenas alguns meses, além de metas e rumos de médio e longo prazos, o que é praticamente impossível com a verdadeira ciranda de profissionais no setor, entre treinadores, preparadores físicos, diretores executivos e até vice-presidentes de futebol. Conseguirá Cristóvão quebrar essa sina?

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A Diretoria inova e até revoluciona fora de campo, no âmbito administrativo, mas enfrenta enormes dificuldades para encontrar o rumo certo no futebol. Escrevendo aqui no Buteco a respeito, já ressaltei que considero até certo ponto previsível essa dificuldade, dada a complexidade que envolve a gerência de um clube de futebol profissional, especialmente o de maior torcida do mundo. É como aprender a dirigir com uma Ferrari ou um Bugatti Veyron. Nada simples, portanto.

Saindo da teoria e enfrentando os problemas trazidos pela prática, é até curioso, ou quem sabe ironia do destino, como no último ano do triênio da histórica gestão dos "Blues" exsurgem como adversários o que há de mais retrógrado e venal no futebol brasileiro. Analisando o noticiário, vejo que o presidente do Vasco da Gama cogita contratar uma série de reforços, dentre eles Ronaldinho Gaúcho e Leonardo Moura (sim, ele, especulado). Indago como um clube em tais condições financeiras arcará com os custos daí decorrentes. Enfim, o passado, o atraso, talvez à beira da extinção, que não é problema nem assunto de nosso interesse, certamente; o ponto é o quão importante se mostra, na prática, sobrepujar o atraso, de modo a que o moderno e eficiente não fique apenas no discurso e na teoria, tornando-se sinônimo de êxito e vitória também dentro das quatro linhas.

A propósito, continuamos com extremas deficiências no meio de campo. Que não se esqueçam e nem desistam do segundo "tiro certeiro".

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Ajudem "El Loco" Cristóvão a escalar o Mais Querido contra o Vasco da Gama no próximo domingo, no Maracanã, confronto incompatível com frouxidão e falta de coragem ou de vontade de vencer. A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.