Saudações flamengas a todos.
E Carlinhos se foi. Nunca é tarde para
reverenciar um dos maiores nomes da história do Flamengo, então deixo aqui
minha homenagem. Escrevi alguns textos tendo o Violino como personagem
principal, mas tenho especial afeição por este, que reproduzo agora. Vá em paz,
Carlinhos!
* * *
1970.

Há seis meses, Carlinhos encerrou sua carreira de
jogador de futebol. O calendário cada vez mais apertado somente lhe permite a
justa despedida dos gramados num vácuo, durante o Mundial. Pouco importa, tanto
melhor. Carlinhos sempre foi avesso a badalações, aos holofotes. O essencial é
o reconhecimento, o gesto.



Os títulos, as glórias. Carlinhos vive a alegria de
ser rubro-negro em sua essência, erguendo taças e mais taças. O sofrido Carioca
de 1963 no Fla-Flu do século, o surpreendente título de 1965, conquistado com
uma equipe incrivelmente limitada, ou o Rio-São Paulo de 1961 abastecendo uma
máquina de fazer gols, um Sul-Americano extraoficial em 1959, outro torneio
continental em 1961. Mas, acima de todos esses troféus, angaria o respeito e a
reverência do torcedor flamengo.

Mas isso tudo agora é passado, são lembranças.
Chega o dia da despedida, o momento em que o Violino oficialmente deixará os
campos. Carlinhos veste traje de gala, o Manto Sagrado, calções brancos e
meiões rubro-negros, fardamento que honrou durante mais de dez anos. Não, o
Violino não jogará. Sua despedida será exatamente da mesma forma que seu
início. Uma cerimônia de passagem de chuteiras. Continuidade.
E lá está o jovem herdeiro, a maior promessa das
categorias de base. Um garoto muito bom de bola, personalidade forte,
descendente de portugueses, família de craques, um tal Arthur. Mas é mirrado,
franzino, talvez demais. Daí chamarem-no um arthurzico, ou Zico. Bem, de
qualquer forma, se fizer metade da obra de Carlinhos estará de bom tamanho...

O jogo? O Flamengo de Yustrich, atual campeão da
Taça Guanabara, derrota uma Seleção Carioca, 1-0. Mas isso agora não importa
muito. Carlinhos, o Violino, entra definitivamente na história rubro-negra e
vai curtir a nova etapa de sua vida, seus novos desafios, dessa vez longe dos
gramados. Ao que tudo indica.
Pois
o que nem Carlinhos, nem a Nação Rubro-Negra ainda sabem, é que essa longa e
vitoriosa trajetória ainda está apenas no início...
Texto
originalmente publicado no Blog FlamengoNet em 15 de fevereiro de 2011.