sábado, 16 de maio de 2015

O Ego e o Foco



Comecei, nessa semana, a ler o livro Os Campeões: Por Dentro da Mente dos Grandes Líderes do Futebol, escrito pelo especialista em Desenvolvimento Humano, Mike Carson. O livro traz pensamentos e experiências dos principais treinadores de futebol do mundo para traçar um paralelo e tentar mostrar o que é preciso para se ter sucesso no mundo profissional. Ainda estou no início, mas logo li um trecho do Roy Hodgson, treinador da seleção inglesa, que me remeteu logo a um pofexô muito próximo de nós:

"O técnico é contratado para treinar um time de futebol e isso tem de ser o foco principal. Na maior parte do tempo, eu me concentro na equipe, me certifico de que os jogadores estejam preparados para os desafios a sua frente. Depois, tudo se resume a compartimentalizar."

Elogiei bastante o Luxa no início do ano, o time mostrava variações táticas interessantes, mudava do 4-3-3 pro 4-4-2 no decorrer das partidas, era compacto e envolvente com trocas de posições constantes entre os homens da frente. A partir do jogo contra o Madureira, pelo Carioqueta, na semana da estreia na Copa do Brasil, quando ele mudou e escalou o Cáceres, adiantando o Canteros para a função que vinha sendo feita pelo Arthur Maia. A justificativa era de que um campo e um adversário mais pesados nos esperavam em Pelotas e ele queria testar uma equipe para essa condição. Contra o Brasil, ainda pior, foi com Eduardo da Silva e Alecsandro na frente, dois jogadores com menos poder de movimentação. Daí pra frente, um pouco também devido às inúmeras lesões no elenco, o pofexô se perdeu.

No entanto, o maior problema pra mim tem sido outro. Minha impressão é de que, com o episódio São Paulo, nosso treinador perdeu o foco. Como disse mais acima, treinador tem que treinar o time. Treinador não tem que ficar rodando por todos os programas esportivos na TV e nas rádios. Treinador não tem que aparecer em entrevista coletiva com esparadrapo na boca para protestar contra a FFERJ. Luxemburgo adora aparecer, já sabíamos disso, veio no pacote quando decidiram contratá-lo pra livrar o time do rebaixamento no final de julho do ano passado. E ele, hoje, parece mais o porta-voz do departamento de futebol.


Muita gente boa tem questionado se deveríamos pensar em trocar o treinador. Eu sou contra. Se fosse pra trocar, que demitisse depois do vexame da reta final do Carioqueta, quando empatamos com o quase rebaixado Nova Iguaçu e não conseguimos marcar um mísero golzinho contra o Vasco. Depois de dez dias em Atibaia e com a iminente chegada de reforços de peso, seria até covardia mandá-lo embora sem dar essa chance. Entendam, sempre achei o Luxemburgo um dos melhores treinadores do Brasil e acredito que, com o devido foco, ele pode, sim, dar um padrão melhor a esse time. Mas é isso, tem que se concentrar novamente em, primeiro, treinar. Afinal, o técnico é contratado pra isso.



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Enquanto escrevia esse texto, fiquei sabendo da lesão de mais um jogador. Dessa vez, Marcelo Cirino, talvez o melhor do nosso elenco, sentiu algo na coxa e tem chances de ficar fora do importantíssimo confronto contra o campeão da série B de 1987. É mais um na enorme lista de contundidos, logo quando podemos ter de volta Paulinho, Samir e Armero. Algo de muito estranho ocorre nos departamentos médico e físico do Flamengo. Mas isso é papo pra outro dia. O importante é que temos que vencer, de qualquer forma, no domingo. Apenas treze mil ingressos haviam sido vendidos até as 18h de sexta, o que eu acho bem pouco, mesmo que dobre até a hora do jogo. Enquanto não chegam os prometidos reforços, a Nação tem que fazer esse papel e empurrar o time.

Pra cima deles!