segunda-feira, 18 de maio de 2015

A Síndrome do Pão Vencido e o Saco de Cimento

Salve, Buteco! O time é ruim porque o elenco é fraco ou porque o treinador trabalha mal? O time às vezes passa a impressão de ser apático em campo porque é desorganizado ou os jogadores realmente não correm em campo porque querem derrubar o treinador? O time foi mais "intenso" no segundo tempo porque levou bronca no vestiário, porque o treinador mudou as características do time colocando jogadores mais velozes e incisivos em campo ou porque os jogadores ficaram com vergonha do iminente vexame? O torcedor tapa o sol com a peneira quando acha que o time poderia jogar melhor com o elenco que tem ou quando acha que com os reforços e esse trabalho tático disputaria algo mais no campeonato? O treinador ainda tem a confiança do elenco ou está sendo fritado? Entre esses "dilemas existenciais" o time do Flamengo, com atuações individuais e coletivas abaixo do nível da crítica, começa o brasileiro e em duas rodadas deixa o torcedor com os nervos a flor da pele. 

A Diretoria promete reforços e as especulações correm a mil. Enquanto isso, o Flamengo vai sendo sobrepujado taticamente (quando não no resultado final em campo) pelos reservas do São Paulo e pelo "esquadrão" do Sport Recife comandado pelo decadente boleiro Diego Souza. E a fábrica de pães da Gávea produz e vai entregando ao torcedor um produto já vencido, de consumo nada recomendável, talvez proibitivo e danoso à saúde humana.

O Flamengo produz e entrega "pão vencido" quando jamais deveria ter largado o "saco de cimento".

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O Departamento de Futebol do Flamengo não é nada simples. Vou parar de comparar o elenco atual com 2013, pois, afinal de contas, não temos jogadores decisivos e em plena forma física como Elias e Hernane estavam naquele época. Por outro lado, o elenco é melhor do que o de 2014, ainda que isso não signifique muita coisa, ainda que pudesse ser melhor, que isso não represente o ideal para o clube, pois não é o suficiente para disputar títulos maiores, e mesmo diante do contexto financeiro atual (melhor do que em 2013, mas ainda longe do ideal). Enfim, o futebol poderia estar em um nível melhor, ainda que não seja o mais elevado possível.

De 2014 pra cá, o time piorou, ao invés de melhorar. Apontar o problema no trabalho do treinador não absolve a Diretoria que concordou com as indicações e com as contratações de Thallyson, Arthur Maia e Almir, feitas a seu pedido pelo Diretor de Futebol. Mas não é por conta dessas pífias contratações que o elenco todo é completamente inútil e o time não deveria estar jogando melhor do que o do ano passado. Após uma pré-temporada e uma competição inteira (estadual), e apesar das contusões, o time apresenta desorganização semelhante a que o próprio Vanderlei Luxemburgo encontrou ao substituir Jayme e Ney Franco há quase um ano atrás.

Eu não demitiria o Luxemburgo agora e o deixaria terminar o seu contrato. Esse time pode ser mais competitivo se mudar a concepção tática e a filosofia de jogo, adequando-as às limitações do elenco. Não dá pra jogar tik-tak com Marujo, Almir, Jonas, Arthur Maia e Alecgol. Por isso, enquanto não tiver elenco e time, sou a favor da volta do "saco de cimento".

Outro ponto importante, que destaquei nos debates com @s amig@s ontem à noite, é que o desempenho do elenco em uma competição acaba ao final sendo analisado unicamente em comparação com outros clubes que juntamente com ele a disputam, porém sem pesar sua capacidade de suportar a disputa simultânea com outra, caso do próprio Brasileiro e da Copa do Brasil, em especial as fases mais adiantadas. Normalmente, o Flamengo chega, quando menos, às quartas-de-final da Copa do Brasil, quando não às semifinais ou mesmo à final. Uma coisa seria disputar apenas o Brasileiro com esse elenco, independentemente da opinião que se tenha a respeito dele; outra, e que vem sendo experimentada ano a ano pelo Flamengo, é disputar com elenco limitado as duas competições, e estamos "carecas" de saber que não há saco de cimento que suporte tantos jogos. O que já não é ideal se torna ainda pior dentro desse contexto. Sem reforços de alta qualidade, o quadro tende a se repetir esse ano.

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Contratar em alto nível não é muito difícil, em se tratando desse elenco, cujo melhor jogador é Marcelo Cirino, saído de um clube médio e que vem tentando se adaptar à pressão de jogar no clube de maior torcida do mundo. Então, nomes como Diego, Robinho e Felipe Melo, só para mencionar três exemplos dentre os mais especulados, seriam aprovados por qualquer treinador de ponta que o Flamengo viesse a contratar, que dirá algum mediano. O importante é que o planejamento ocorra sem necessariamente se vincular ao que Luxemburgo pensa, pois a qualidade do seu trabalho até aqui não dá segurança de que justificará a renovação para 2016. Na minha opinião, o prognóstico mais provável é que, vindo reforços, mesmo que de ponta, a tendência é que o Flamengo eleve o padrão de seu jogo por conta da qualidade individual desses atletas, os quais, por suas liderança e experiência, tenderão até mesmo a facilitar a subida de produção de outros, medianos ou bons coadjuvantes. Apesar disso, estou cada vez mais cético quanto às possibilidades de evolução tática do time com Luxemburgo a sua frente.

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A torcida fica em compasso de espera aguardando a janela europeia e o sofrimento pelo qual passará até lá.

Enquanto isso, domingo que vem, dia 24/5, o Flamengo enfrentará o Avaí em Florianópolis. Mais uma semana de treinos. Será que agora finalmente haverá alguma evolução no time? A palavra, como sempre, está com vocês, para todas as perguntas que fiz ao longo do texto, para prognóstico, escalação e formação tática da próxima partida, e claro, para o que quiserem comentar.

Bom dia e SRN a tod@s.