Foram
publicadas hoje as Demonstrações Financeiras do Flamengo, que eram
aguardadas por boa parte daqueles que acompanham a evolução
financeira do clube, para constatar se as promessas de austeridade e
crescimento vêm realmente sendo cumpridas. Para ter essa resposta,
dividimos a análise em capítulos: Receita, Resultado e
Endividamento.
EVOLUÇÃO
DA RECEITA
O
clube continua no seu patamar de crescimento de receita, observados
nos últimos anos. A Receita Bruta, conforme demonstrado no gráfico
abaixo, apresentou um crescimento superior a 27% (29% na Receita
Operacional Líquida), em um ano onde a maioria dos clubes
experimentou uma redução.
A
tabela abaixo demonstra as variações das principais rubricas, tanto
em relação a 2013 como 2012:
Como
aspectos positivos podemos destacar:
- Crescimento de R$ 26,6 milhões (50%) na rubrica de Patrocínio, favorecida por ter um “ano completo” de patrocínios na camisa, fato que não ocorreu nem em 2013 e nem 2012, além da receita de patrocínio nas mangas, que se iniciou em 2014;
- “Ano completo” de faturamento do programa de sócio-torcedor, que gerou sozinho uma receita superior a R$ 30 milhões bruta (R$ 21,9 milhões líquido). Se analisada a soma com a rubrica “Bilheteria”, analise completa que elimina a possível “canibalização” da Bilheteria pelo programa de Sócio-Torcedor, observa-se um crescimento de 7,7%.
Como
aspecto negativo, destacamos a redução na rubrica “Bilheteria”,
em razão do clube ter chegado a final da Copa do Brasil e ter
realizado jogos lucrativos em Brasília em 2013, fato que não se
repetiu em 2014. O aumento registrado nas receitas no ano de 2014 não
foram observados nas despesas, que obtiveram uma redução de 1,1%
(R$ 232 milhões em 2013 para R$ 230 milhões em 2014), razão que
levou aos bons resultados obtidos no ano.
Pelo
gráfico acima, pode-se observar a distribuição da receita bruta no
ano de 2014. Vale notar que a dependência das cotas de TV vem se
reduzindo a cada ano (já chegou a representar mais de 60% da receita
total do clube) e aos poucos vem sendo alcançada a meta inicial de
distribuição: 1/3 cota de TV, 1/3 Bilheteria + ST e 1/3 Patrocínio.
Em relação ao orçamento para o ano, a Receita Bruta foi 14,6% e a
Líquida 14,8% superior ao previsto, R$ 303 e R$ 291 milhões,
respectivamente.
RESULTADOS
OBTIDOS
O
crescimento das receitas aliado a redução das despesas no ano de
2014 contribuíram para o resultado operacional superavitário em R$
104,6 milhões, crescimento de 288,7% em relação a 2013.
O
Centro de Custos que mais contribuiu para esse Resultado Operacional
foi o Futebol, com resultado de R$ 111,4 milhões (R$ 39,5 milhões
em 2013). A boa notícia é que os Esportes Olímpicos alcançaram a
tão sonhada auto sustentabilidade, apresentando um Resultado
superavitário de R$ 3,3 milhões, isto é, o Futebol não mais
sustenta as demais atividades esportivas. A má notícia são os
demais Centros de Custos, especialmente a sede social (Fla-Gávea),
que apresentaram um déficit de R$ 10,1 milhões.
Pela
primeira vez em muitos anos, conforme pode se observar no gráfico
abaixo, o Resultado Operacional foi suficiente para cobrir as
Despesas Financeiras, juros da dívida em sua maioria, e ainda assim
apresentar um lucro que possivelmente seja o maior da história do
futebol brasileiro, R$ 64,3 milhões.
Em
relação ao orçamento para o ano, o Resultado Operacional foi 9,1%
e o Resultado do Exercício 25,5% superiores ao previsto, R$ 95,9 e
R$ 51,2 milhões, respectivamente.
ENDIVIDAMENTO
O
Flamengo continuou em 2014 a sua estratégia de redução de
endividamento, conforme demonstra o gráfico abaixo:
Obs:
Endividamento = Passivo Total - Ativo Circulante – Ativo Não
Circulante (sem considerar investimentos, imobilizado e intangível)
Como
parte do Passivo do Flamengo se refere a luvas recebidas
antecipadamente (rubrica Adiantamento de Contratos), contabilizadas
no Passivo apenas para uma correta apropriação por vigência,
calcula-se também o Endividamento Líquido (gráfico abaixo)
desconsiderando essas contas.
Obs:
Endividamento Líquido = Passivo Total (sem considerar Receitas
Diferidas) - Ativo Circulante – Ativo Não Circulante
(sem considerar
investimentos, imobilizado e intangível)
Ainda
que, tanto o endividamento total quanto o líquido tenham sofrido um
decréscimo, o endividamento de curto prazo apresentou uma leve
piora, conforme o gráfico abaixo:
Obs:
Endividamento de Curto Prazo = Passivo Circulante (sem considerar
Receitas Diferidas) - Ativo Circulante
O
gráfico abaixo, que relativiza o endividamento pelo faturamento do
clube (quantos anos de faturamento para pagar todo o endividamento),
demonstra que o índice vem sendo reduzido a patamares mais próximos
do histórico dos demais clubes melhores administrados:
CONCLUSÃO
Apesar
de não ter obtidos resultados expressivos dentro das quatro linhas,
o Flamengo segue firme no propósito de aumento de receita e redução
do endividamento para que, em breve, consiga usufruir de todo o seu
potencial de geração de receitas em investimentos na melhoria
técnica e, aí sim, obter vantagem esportiva.
Apesar
de ainda não ter sido divulgada nenhuma das Demonstrações
Financeiras dos demais clubes grandes, pode-se afirmar tranquilamente
pelas notícias veiculadas durante o ano, que o Flamengo vem na
contramão da maioria desses clubes.