Saudações flamengas a
todos,
Acredito que a vitória
por 2-0 sobre o Boavista encerrou a “pré-temporada” oficial do Flamengo, em que
o time enfrentou dois adversários de bom nível (Shakhtar e São Paulo) e outras
equipes medianas ou simplesmente ruins.
O retrospecto em campo
foi amplamente positivo: equipe invicta, seis vitórias em oito jogos e a
liderança do Campeonato Estadual. Mas e o futebol apresentado até aqui: é para
animar?
Em linhas gerais eu
vejo o início dessa temporada mais promissor e animador do que o ano passado, o
time parece mais ajustado e equilibrado (só ver que não há mais a incidência
daqueles placares exóticos de 5-2, 5-3), possui uma característica bem definida
(meio-campo compactado e ataques em velocidade) e, principalmente, manteve a espinha
dorsal do ano passado, o que julgo fundamental para a montagem de um grupo
forte.
Mesmo assim, ainda
tenho ressalvas e as barbas estão de molho.
Vejo uma certa
dificuldade quando se enfrenta sistemas defensivos mais bem montados. Isso foi
flagrante nas partidas contra o Macaé e o Resende, adversários minimamente
organizados, que apresentaram uma resistência maior do que a aceitável (aliás,
o Flamengo correu risco de derrota nos dois jogos, a meu ver). Mesmo na última
partida, contra o lanterna e fraquíssimo Boavista, o rubro-negro demorou a se
encontrar em campo, chegando a gastar preocupantes 25 minutos sem executar um
único arremate a gol.
Na minha opinião, esse
problema decorre do mau rendimento de duas peças. O garoto Nixon, embora lute
muito, exerça incessante movimentação em campo e seja um jogador eminentemente
tático, peca por não conseguir dar sequência às jogadas. Não é raro que a bola
morra em seus pés, vitimada por algum passe ou chute errado.
O outro entrave é o
garoto Arthur Maia, que tem sido incensado de forma excessiva e talvez não
muito espontânea. Trata-se de um jogador com alguma técnica, rápido, de um bom drible
curto, mas com dois problemas cruciais para um meia: erra passes em demasia e
não finaliza a gol (o famoso “armandinho”). Com isso, o time perde fluidez e
não consegue evoluir com facilidade na frente. Naturalmente, esse problema não
é muito visível quando o Flamengo enfrenta adversários de um nível técnico
risível, de uma ruindade quase humorística, como Barra Mansa, Cabofriense e
Boavista, mas começa a vicejar (epa!) mais vivamente diante de oponentes um
tanto mais qualificados.
Também ainda não me
agrada a saída de bola da equipe. A entrada do Márcio Araújo melhorou a
movimentação, mas não resolveu a questão do passe. Talvez a entrada do Jonas “Schweinsteiger”,
que dizem ter bom passe e desarme, ajude a equilibrar o meio. Mas, se o
Luxemburgo ainda não o colocou nem para teste, deve ter seus motivos.
De qualquer forma, essa
semana teremos três partidas em que o Flamengo poderá ser mais exigido, e com
isso aprimorar sua competitividade: o perigoso Madureira, que está bem no
campeonato e historicamente é uma equipe que costuma endurecer bastante seus
jogos contra nós (jogam a vida contra o Flamengo, na mesma proporção que,
estranhamente, amolecem para o Vasco e são goleados. O presidente deles é
amigão do Eurico...), depois o GE Brasil no Bento Freitas, estádio em que
equipes flamengas bem melhores que essa já saíram derrotadas (a torcida Xavante
é a mais fanática do Rio Grande do Sul, eles são alucinados pelo seu time), e
por fim o Botafogo, cuja fragilidade não me ilude. Serão três partidas em que o
adversário provavelmente procurará atacar, exigindo o conjunto do Flamengo como
um todo.
Quanto ao rendimento
dos jogadores, alguns nomes, como Canteros, Wallace, Anderson Pico (que
lamentavelmente se lesionou), Márcio Araújo e Éverton (esse está bem, mas ainda
pode melhorar) seguem produzindo o futebol deles esperado. Além desses, temos:
PAULO VICTOR – Ganhou enorme
confiança, observa-se que é um goleiro pronto no aspecto emocional, o que é
fundamental para a posição. Tem falhado bem menos, embora eu siga sem confiar
nele em bolas altas. Tomara que continue queimando minha língua.
CÉSAR – Duas partidas,
e continuo com minha mesmíssima opinião. É um “Diego bracinho” melhorado. Reflexo
excepcional e não sabe nada em cruzamentos.
PARÁ – Começou oscilante,
algumas partidas razoáveis, outras ruins. Seu melhor jogo foi contra o Boavista,
o que já pode ser reflexo da saída do Léo Moura. É um bom lateral, tem ótimo
cruzamento, acho que vai evoluir.
THALYSSON – A camisa
ainda está pesando nele. É arisco, veloz, mas a bola está queimando. E não
marca nada, é avenida. Vamos ver se nessa sequência de jogos ele se solta.
SAMIR – Bom zagueiro,
forte, veloz, pererê, parará e tal, mas continua falhando demais. Dois erros
capitais, e isso num contexto em que o time ainda não foi exigido. Seja como for,
nesse elenco ainda é o melhor companheiro para o Wallace na zaga.
BRESSAN – Vi 45 minutos
dele, contra o Shakhtar. Tipo becão inglês, que quando vai virar o corpo parece
carreta manobrando. Medo.
LUIZ ANTÔNIO – Voltou a
jogar o futebol de 2013. Se mantiver o nível, não demora para disputar vaga no
time.
MARCELO CIRINO –
Começou meio atrapalhado, estranhando a função. Mas está se soltando e ganhando
confiança. Por enquanto está sobrando na turma, é o melhor jogador da temporada
fácil, longe. Aliás, há muito tempo eu não via o Flamengo contar com um jogador
que efetivamente desequilibre jogos, como está acontecendo com o Marcelo.
Lembra um pouco, GUARDADAS AS PROPORÇÕES, o papel que Renato Gaúcho e mais
tarde Romário exerciam na equipe. O ponto focal, o desafogo, o jogador de
referência. Naturalmente que o Marcelo ainda não tem estofo para assumir esse
tipo de responsabilidade, mas, ao aproveitar o baixo nível da competição, ele
vai ganhando moral e se tornando um jogador imprescindível para o time.
Finalizo com a formação
que vejo ideal para o Flamengo, com o elenco atual e todos os jogadores à
disposição (já contando com a saída do Leonardo Moura, de quem falarei em outra
oportunidade).
Paulo Victor, Pará,
Wallace, Samir, Anderson Pico; Márcio Araújo, Canteros, Gabriel (Luiz Antonio);
Paulinho, Marcelo Cirino, Everton.
Ressalva 1: testaria o
Jonas no lugar do Márcio Araújo.
Ressalva 2: se o
Paulinho não voltar bem, adiantaria o Gabriel e comporia o meio com o Luiz
Antonio ou mesmo o Arthur Maia.
Boa semana a todos,