sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

1 a 0

O encerramento da pré temporada trouxe ao Flamengo sua primeira grande vitória em 2015. Não me refiro à vitória no clássico, natural dada a diferença de qualidade entre os dois times, ainda que tenha sido mais difícil do que o esperado. A referida vitória foi o fato de o clube, talvez pela primeira vez em sua história, ter obtido lucros nesta parte do ano. É incrível constatar quanto tempo o Flamengo e vários outros clubes do Brasil demoraram para repetir práticas comumente utilizadas pelos europeus já há alguns anos.

Mais incrível ainda se pensarmos no tempo que foi necessário para alguém pensar em realizar simples torneios de verão entre os grandes clubes do Brasil, semelhantes ao que estamos jogando em Manaus. Ano após ano, vemos os clubes da Espanha, Alemanha e Itália excursionando para os Estados Unidos, Oriente Médio e até a China disputando torneios curtos e principalmente, se relacionando com a população local e atraindo novos simpatizantes. Estes por sua vez, podem ser convertidos em torcedores a distância e provavelmente vir a consumir produtos do clube, aumentando sua arrecadação se tornando novos disseminadores de suas marcas e de seus patrocinadores.

Mesmo com o nível do futebol brasileiro estando extremamente defasado tanto esportiva quanto administrativamente, é possível replicar o raciocínio em nosso mercado interno, gigantesco no universo do futebol. Ao participar de torneios de verão e realizar excursões para regiões nas quais não jogam com frequência, os clubes brasileiros podem encontrar situações e oportunidades semelhantes. Ainda que o calor e os níveis físico e tecnico estejam abaixo do normal, essas partidas representam a possibilidades destes clubes exporem suas marcar e receber o carinho de torcedores que não tem muitas oportunidades de ver seu time de perto ao longo do ano. No caso do Flamengo então, beira o absurdo que isso não seja uma prática recorrente.

É necessário ressaltar que por mais polêmicas que sejam as pesquisas sobre o tamanho das torcidas, elas trazem um dado importante ao revelarem uma enorme parcela da população que afirma não torcer para time nenhum. Isso significa simplesmente que existe um expressivo mercado potencial para os clubes  que melhor souberem explorar esse espaço, sejam brasileiros ou não. Hoje, é realista dizer que os grandes clubes daqui disputam a garotada não apenas entre si, mas com espanhóis, ingleses, etc. Afinal, para um garoto de João Pessoa ou Manaus, que diferença faz para ele torcer para o Flamengo ou para o Barcelona se ele só vê os dois pela TV? Mesmo no Rio de Janeiro, já é fácil encontrar crianças que se dizem Barcelonistas, Madridistas ou torcedores do Chelsea ou do Bayern.

Os alemães especialmente vêm demonstrando sempre ter atenção com o marketing de relacionamento, algo que ficou evidente na passagem da seleção alemã pelo Brasil durante a Copa do Mundo. Desde  a simpatia no trato com a população local até a sacada genial de homenagear o clube mais popular do país em seu uniforme, todas as ações são planejadas de maneira profissional para aumentar exposição da marca e crescimento da base de torcedores e consumidores em potencial.

A execução de uma pré-temporada bem planejada dentro e fora de campo nos traz um bom sinal de que as boas práticas administrativas que vem sendo aplicadas no Flamengo começam a chegar ao departamento de futebol. Se virão acompanhadas de resultados ao longo da temporada, só o tempo dirá. Mas tudo leva a crer que finalmente o futebol do Flamengo se encaminha para o século XXI.

abraços a todos e SRN!