O encerramento da pré temporada trouxe ao Flamengo sua primeira grande
vitória em 2015. Não me refiro à vitória no clássico, natural dada a
diferença de qualidade entre os dois times, ainda que tenha sido mais
difícil do que o esperado. A referida vitória foi o fato de o clube,
talvez pela primeira vez em sua história, ter obtido lucros nesta parte
do ano. É incrível constatar quanto tempo o Flamengo e vários outros
clubes do Brasil demoraram para repetir práticas comumente utilizadas
pelos europeus já há alguns anos.
Mais incrível ainda se pensarmos no tempo que foi necessário para alguém
pensar em realizar simples torneios de verão entre os grandes clubes do
Brasil, semelhantes ao que estamos jogando em Manaus. Ano após ano,
vemos os clubes da Espanha, Alemanha e Itália excursionando para os
Estados Unidos, Oriente Médio e até a China disputando torneios curtos e
principalmente, se relacionando com a população local e atraindo novos
simpatizantes. Estes por sua vez, podem ser convertidos em torcedores a
distância e provavelmente vir a consumir produtos do clube, aumentando
sua arrecadação se tornando novos disseminadores de suas marcas e de
seus patrocinadores.
Mesmo com o nível do futebol brasileiro estando extremamente defasado
tanto esportiva quanto administrativamente, é possível replicar o
raciocínio em nosso mercado interno, gigantesco no universo do futebol.
Ao participar de torneios de verão e realizar excursões para regiões nas
quais não jogam com frequência, os clubes brasileiros podem encontrar
situações e oportunidades semelhantes. Ainda que o calor e os níveis
físico e tecnico estejam abaixo do
normal, essas partidas representam a possibilidades destes clubes
exporem suas marcar e receber o carinho de torcedores que
não tem muitas oportunidades de ver seu time de perto ao longo do ano.
No caso do Flamengo então, beira o absurdo que isso não seja uma prática
recorrente.
É necessário ressaltar que por mais polêmicas que sejam as pesquisas
sobre o tamanho das torcidas, elas trazem um dado importante ao
revelarem uma enorme parcela da população que afirma não torcer para
time nenhum. Isso significa simplesmente que existe um expressivo
mercado potencial para os clubes que melhor souberem explorar esse
espaço, sejam brasileiros ou não. Hoje, é realista dizer que os grandes
clubes daqui disputam a garotada não apenas entre si, mas com espanhóis,
ingleses, etc. Afinal, para um garoto de João Pessoa ou Manaus, que
diferença faz para ele torcer para o Flamengo ou para o Barcelona se ele
só vê os dois pela TV? Mesmo no Rio de Janeiro, já é fácil encontrar
crianças que se dizem Barcelonistas, Madridistas ou torcedores do
Chelsea ou do Bayern.
Os alemães especialmente vêm demonstrando sempre ter atenção com o
marketing de relacionamento, algo que ficou evidente na passagem da
seleção alemã pelo Brasil durante a Copa do Mundo. Desde a simpatia no
trato com a população local até a sacada genial de homenagear o clube
mais popular do país em seu uniforme, todas as ações são planejadas de
maneira profissional para aumentar exposição da marca e crescimento da
base de torcedores e consumidores em potencial.
A execução de uma pré-temporada bem planejada dentro e fora de campo nos
traz um bom sinal de que as boas práticas administrativas que vem sendo
aplicadas no Flamengo começam a chegar ao departamento de futebol. Se
virão acompanhadas de resultados ao longo da temporada, só o tempo dirá.
Mas tudo leva a crer que finalmente o futebol do Flamengo se encaminha
para o século XXI.
abraços a todos e SRN!