sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Pequeno balanço de fim de ano – parte 3: o que não andou bem

Hoje é o dia de falar do que não deu muito certo no Flamengo em 2014 além do futebol. É um exercício muito difícil, porque é preciso não apenas apontar falhas, mas ir além na análise, tentando coloca-las em contexto e, se possível, propor soluções.

De todas as áreas do clube, penso que as que se destacaram negativamente no noticiário rubro-negro ao longo do ano foram duas em especial: comunicação e política interna. As duas áreas estão necessariamente interligadas e uma exerce influência direta na outra.

Já havia escrito um texto sobre o assunto aqui no Buteco abordando a importância da comunicação entre o clube e seus torcedores e sócios. Ao longo do ano, especialmente no que diz respeito as comunicações emitidas pelo Flamengo, pudemos notar um avanço importante. Os responsáveis por falar pelo clube começaram a dar mostras de discursos coordenados, ainda que tenham ocorrido algumas falhas no tempo de resposta. O episódio do afastamento do antigo lateral esquerdo foi uma dessas situações. Quem acompanhou a entrevista dada pelo diretor executivo, pôde perceber que ele se limitou a dar respostas dentro de um discurso oficial adotado pelo clube. Mesmo que tenha parecido confuso, já é um passo além do tempo em que um diretor dizia algo e era desmentido por outra área algumas horas, ou mesmo minutos, depois.

Ainda assim, é preciso lembrar que o departamento de comunicação rubro-negro continua cometendo erros graves, alguns inacreditáveis como a troca da nacionalidade adotada pelo Eduardo da Silva ou do nome do adversário contra quem o time jogará na próxima pré-temporada. Esse último caso, ainda pior misturou times de países diferentes que estão em situação de conflito, mostrando absoluta falta de cuidado nas relações institucionais.

Recentemente, foi divulgada uma troca no comando executivo do departamento, o que indica que a diretoria do clube está atenta às falhas que vem ocorrendo já há dois anos (quem não se lembra do fatídico episódio do placar eletrônico do Orlando Scarpelli?). Sabemos que a situação do clube ainda não permite um investimento pesado em algumas áreas, mas especialmente num ano eleitoral, definitivamente a comunicação deverá ter um papel mais importante.

A outra área do clube que andou dando dor de cabeça ao longo do ano foi a parte política. Apesar de 2014 não ser ano de eleições presidenciais no clube, a sucessão do presidente Bandeira de Melo já deu a tônica das relações dentro do Flamengo. Os veículos de comunicação aproveitaram todas as oportunidades possíveis para levar os assuntos internos do clube para suas páginas e o mau desempenho do time de futebol abriu brechas para a manifestação de caciques de diversas tribos e épocas do clube. A fogueira das vaidades que aquece o caldeirão político rubro-negro definitivamente foi acesa neste ano e não vai se apagar até o próximo dezembro.

O grande destaque negativo foi a perigosa aproximação entre o presidente do conselho deliberativo dos membros da oposição por conta da disputa envolvendo as discussões sobre um novo estatuto para o Flamengo. Notícias pipocando sobre afastamento de membros das comissões ou as relações entre os grupos políticos do clube nunca são algo positivo para o Mais Querido e era algo que imaginávamos ter ficado no passado.

Sobre as relações políticas dentro do clube é difícil tentar dar sugestões uma vez que o discurso levantado pelos velhos caciques se mostra sempre incompatível com as mudanças que vem sendo adotadas nesta gestão. Ainda assim, escolhas difíceis foram tomadas como a sempre controversa contratação do Luxemburgo que salvou um time que parecia caminhar para o desastre, mas traz consigo um risco perigoso. Todos sabemos que o velho Luxa é adepto de grandes investimentos para formar grandes times, algo que vem sendo evitado sempre que possível por esta diretoria.

Para encerrar, deixo aos amigos que ainda estão pelo Buteco neste fim de ano para comentar outros aspectos do clube que não deram certo neste ano. Alguns foram esquecidos, outros ignorados mas todos merecem uma pequena lembrança para que possamos aprender alguma coisa com cada um deles. A coluna entrará em recesso de fim de ano, retornando em 12 de janeiro para um grande 2015.


abraços a todos, SRN e um excelente 2015!