Sejemos cinseros e analfabéticos: tem época no ano melhor que esta? Um período em que pessoas bafejadas pela sorte tentam ajudar os menos favorecidos, como, por exemplo, o Uram conseguindo uma milagrosa renovação de contrato pro Léo Moura. Um tempo em que as instituições mais poderosas abrem seus cofres para presentear o homem mais humilde, como, por exemplo, o Flamengo prometendo um belo presente aos seus milhões de torcedores.
Se o leal detrator pensou no Natal, enganou-se redondamente. Esta fase do ano é apenas o recesso futebolístico, ou simplesmente a pré-pré-temporada.
Pelo menos pra mim, que estou sentado no sofá nesta noite de 24 de dezembro com um copo de Cinzano numa mão, e o dedo indicador da outra “catamilhando” este teclado de apagadas letras do meu desktop 486, tentando não descarregar minhas frustrações sobre os que agora me leem. E o motivo não pode ser mas simples e primal: até hoje, ninguém me presenteou ou doou uma camisa oficial nova do Flamengo no tamanho G sequer! Como posso manter minha coleção de camisas rubro-negras respeitável se nem ao menos consigo arrumar a primeira peça? O único, repito, o ÚNICO que teve a humanidade de se lembrar de mim neste Natal deprimente, me enviando uma grana e um pote de gel modelador foi o cracaço Léo Moura, o homem, o mito, o gênio da bola, além de capitão eterno do Flamengo. Valeu?
Mesmo assim, recalque não se cria comigo. De modo que, seus ingratos, apesar de ser desprezado pela humanidade, apesar de ser pobre de grana e de espírito, imaginei os presentes que eu daria pros jogadores rubro-negros caso eu pudesse.
Cenão vejemos e erremos:
Paulo Victor: um tratamento completo contra daltonismo, para que ele finalmente consiga enxergar que joga vestindo um uniforme amarelo;
Léo Moura: um cilindro de oxigênio de 50 litros;
Marcelo: antolhos, que é pra ele parar de ficar se assustando à toa;
Wallace: uma faixa da Adidas pra usar no braço esquerdo durante os jogos;
Pico: 52 sessões de manicure pra manter as unhas bem aparadas, e não ficar beliscando o dia todo;
Cáceres: um porta-cartões de couro pra ele organizar os diversos amarelos e vermelhos que coleciona durante o ano;
Canteros: um anemômetro pra calcular a velocidade do vento antes de realizar lançamentos longos demais;
Marcio Araújo: um terno escuro e uma pistola Taurus pra exercer condignamente a função de guarda-costas do Léo Moura;
Conca, opa, escapou, Rodrigo Caetano... Digo, Negueba: 30 caixas de Homogenin, e mais 20 de Super Proteinato de Cálcio 90;
Eduardo da Silva: uma cânula nasal pra ele poder aproveitar o balão de oxigênio do Léo Moura;
Paulinho: um par de sandálias do modelo humildade;
Everton: um airbag; e
Lu%a: um camisa 10 bom de bola.
Em tempo: rezo para que Papai Noel exista, do contrário acabei de dar um tiro num petista que tentou entrar pela janela da minha sala.
Duplex Toc Zen
1 - A propósito: Se os dirigentes do Flamengo são chamados de Blues, porque não chamamos os governantes do Brasil de Reds?
2 - O Flamengo é tão bom pra galera que quando todos esperavam receber um simples presente de Natal, ele deu o bom velhinho inteiro: Léo Moura.
3 - “Léo Moura recua e renova com o Flamengo até junho de 2015”: Justo, porque quem não chega à linha de fundo não merece contrato que chegue ao fim do ano.
4 - Efeito Tostines: O Léo Moura chegou ao fim da linha porque não chega à linha de fundo, ou não chega à linha de fundo porque chegou ao fim da linha?
5 - Após tungar do Flamengo o título de 87, o Sport já tem outro golpe em vista: Exigir naming rights da SporTV.
6 - E não é que o Joel Santana tá investindo na carreira de garoto-propaganda?: Sempre com produtos voltados pros segmentos B e C, tipo Vasco da Gama e Head & Shoulders.
7 - O Flamengo anda tão politizado, mas tão politizado...: Que a esperança para 2015 se chama Nixon.
8 - Twitter Cassetadas da semana (em tempo real só em @rubionegrao)
"Alckmin anuncia ex-secretário de Kassab para assumir Segurança."
Cheguei a pensar que iria assumir outra coisa.
"Stevie Wonder será homenageado na edição do Grammy 2015, em fevereiro."
Quem viver, verá.
Chegamos a um ponto em que jogador que quer receber salários em dia tem que jogar no Flamengo.
Credibilidade chama dinheiro. Eu, por exemplo, não tenho nenhum.
"Gabriel ganha do Botafogo na justiça e liminar deixa volante livre."
Vê se aprende, ô Luiz Antônio!
"Jurídico do Fla comemora redução de 84% de ações trabalhistas em 2 anos."
Foi só o Luiz Antônio baixar o facho.
"Quebra de rotina faz pais esquecerem filho no carro."
Tudo isso pra não pagar ao flanelinha?
E nada mais comemoro.
(Ás do quinta-colunismo esportivo, Rúbio Negrão, vulgo Rubro-Negão Trolhoso, vulgo RNT, é cria dos juniores do blog da Flamengonet, e aceita doações de camisas oficiais novas do Flamengo no tamanho G.)